Bruno nasceu no ano 1002 na nobre família dos Dagsburgo, ou Asburgo, como ficou sendo grafado depois, e veio ao mundo com algumas manchas no corpo, como que predestinado, naquele início de segundo milênio. Sua mãe, santa Heilwiges, era uma católica fervorosa, viu que a pele do menino apresentava, ao nascer, muitas manchas vermelhas, formando cruzes por todo o corpo.
Ficou na casa paterna, freqüentada pela nobreza da corte, até os cinco anos de idade, quando sua mãe o confiou ao bispo de Toul, Bertoldo, que, com o passar dos anos, o fez doutorar em direito canônico. Ordenando-se sacerdote, foi atuar junto ao seu primo Conrado, que tinha posição de destaque no Império, ali trabalhando pela religião e pela comunidade, cuidando de complicadas tarefas administrativas. Seu trabalho o fez ser eleito bispo de Trèves em 1026, quando implantou e desenvolveu uma reforma profunda nos conventos e na própria forma de evangelização na sua diocese.
Está registrado que, paralelamente ao trabalho desenvolvido em favor da Igreja nas altas rodas do governo e da sociedade, Bruno mantinha, ao mesmo tempo, uma atitude disciplinada e fervorosa quanto aos preceitos da caridade. Para dar exemplo de humildade, diariamente recebia pobres em seu palácio, alimentava-os e repetia a cerimônia do lava-pés, tendo-os como seus discípulos. Liderava também, anualmente, uma peregrinação aos túmulos de são Pedro e são Paulo, em Roma.
Nada disso passou despercebido. Quando faleceu o papa Dâmaso II, Bruno foi eleito, por unanimidade, para o trono de Pedro. Mas recusou. É que a eleição ocorreu em um Concílio convocado pelo imperador da Alemanha, Henrique III, em Worms. Compareceu enorme número de bispos, prelados, embaixadores e príncipes, referendando o nome de Bruno, mas o bispo só aceitou o cargo depois que o mesmo ocorreu em Roma, quando seu nome foi de novo consagrado por unanimidade, em 1049, na própria basílica de São Pedro.
Ele assumiu e adotou o nome de Leão IX, passando para a história por sua atuação memorável como papa. Citando alguns exemplos: reorganizou a disciplina eclesiástica, implantando nova disciplina e a volta dos preceitos originais do cristianismo nos sínodos de Latrão, Pavia, Reims e Mogúncia; acabou com os abusos da simonia, isto é, com a cobrança para as indulgências dos pecados, e o casamento dos clérigos; criou cardeais de outras nações e não só italianos, como se fazia então; selou a paz entre a Hungria e a Alemanha, evitando uma guerra iminente.
Há duas passagens mais na vida do papa Leão IX, uma dolorosa e outra heróica. A dolorosa se refere ao cisma provocado por Miguel Cerulário, patriarca de Constantinopla, que rompeu com Roma e separou a Igreja em duas, e que este papa não conseguiu evitar.
A heróica, também triunfal, foi quando os normandos buscavam dominar a Europa e invadiram a Itália. Já haviam capturado as províncias de Apúlia e Calábria, quando o papa conseguiu reforços do imperador, pegou em armas e liderou os soldados contra os invasores. Evitou a tomada de Roma, mas caiu prisioneiro dos inimigos. Embora tratado com muito respeito pelos adversários, a batalha minara sua saúde.
De volta a Roma, morreu em 19 de abril de 1054. Celebrado neste dia, daquela época até hoje, são milhares as graças e milagres ocorridos, por sua intercessão, aos pés de seu túmulo.
Creio e proclamo que a alma não é uma parte de Deus, mas foi criada do nada e, sem o Batismo, está sujeita ao pecado original" (Carta “Congratulamur vehementer”).
Bruno pertencia a uma família de grandes vassalos, que o confiou aos cuidados e educação do Bispo de Toul. Aos 18 anos, tornou-se Cônego e, aos 22, Diácono.
Em 1025, segundo o costume da época, comandou os cavaleiros alemães na batalha, por obediência ao seu Bispo e Rei. Por isso, recebeu de presente uma sede episcopal. Assim, tornou-se Bispo de Toul, em 1027, que governou por 25 anos, antes de ir a Roma, onde foi Sucessor do Papa Dâmaso II.
Primeiro Papa a viajar
A princípio, Bruno não queria aceitar o Pontificado, porque a decisão do imperador lhe parecia uma imposição. Ele só a aceitaria com a condição de que a sua eleição fosse aprovada pelo clero e pelo povo romano.
Ao ser eleito Papa em Roma, com a idade de 47 anos, escolheu o nome de Leão IX. Durante 5 anos, foi um guia revolucionário da Igreja, que lutou contra a simonia, isto é, a compra e venda de títulos eclesiásticos, muito difundida na Idade Média, e condenada, desde o início, pelo Concílio de Calcedônia, em 451; combateu também o concubinato e defendeu o celibato. Leão IX foi o primeiro Papa que começou a viajar, tanto na Itália quanto na Europa, especialmente na Alemanha, França e Suíça.
Cisma do Oriente
Em 1053, Leo IX tentou fazer uma aliança com os Bizantinos contra os Normandos, que estavam invadindo a Itália. Embota tenha conseguido formar um exército de voluntários, foi alvo de uma grave derrota na batalha de Civitate.
No entanto, Miguel Cerulário, eleito Patriarca de Constantinopla, mal digeriu as reformas realizadas, de modo unilateral, por Roma, sobretudo concernente à mudança do dogma trinitário. De fato, no Concílio Ecumênico de Constantinopla, em 381, ficou estabelecido que o Espírito Santo procedia "do Pai por meio do Filho". Este dogma foi modificado no Concílio de Toledo, em 589, com a fórmula, ainda atual, que o Espírito Santo procede "do Pai e do Filho". Com esta mudança, começou a circular, em Constantinopla, uma espécie de negação do monoteísmo. As relações entre Cerulário e Leão IX se agravaram, a ponto de se darem uma mútua excomunhão, que, a seguir, determinou o Cisma entre a Igreja de Roma, que se definia Católica, isto é, universal, e a de Constantinopla, Ortodoxa, fiel ao dogma do Concílio de Niceia.
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