quarta-feira, 8 de maio de 2024

VÍTOR O MOURO Militar, Mártir, Santo séculos III e IV

Soldado da legião romana, 
nativo da Mauritânia.
Vítor, o Mouro, era africano natural da Mauritânia. Cristão desde criança, quando adulto ingressou no exército do imperador Maximiano. Quando este desejou sufocar uma rebelião na Gália, actual França, recrutou, então, um grande contingente de homens do Oriente e do norte da África. O destacamento em que veio Vítor se estabeleceu em Milão, na Itália. Entretanto o imperador exigia que todos os soldados, antes de irem para a batalha, oferecessem sacrifícios aos deuses pagãos do Império. Os que se recusavam eram condenados à morte. Pois Vítor se recusou, mantendo e reafirmando sua fé cristã a cada ordem recebida nesse sentido. Ele foi levado ao tribunal e interrogado. Confessou novamente sua doutrina, entretanto, renovando sua lealdade ao imperador, quanto às ordens militares. O soldado Vítor, mesmo assim, foi encarcerado, permanecendo por seis dias sem comida ou água. Essa cadeia onde ficou, ao lado da Porta Romana, até hoje é tristemente conhecida como o cárcere de São Vítor. Findo esse prazo, Vítor foi arrastado pelas ruas da cidade até o hipódromo do Circo, situado junto à atual Porta Ticinense, onde, interrogado novamente pelo próprio imperador, se negou a abandonar sua religião. Foi severamente flagelado, mas manteve-se firme. Levado de volta ao cárcere, teve as feridas cobertas por chumbo derretido, mas o soldado africano saiu ileso do pavoroso castigo. Rapidamente Vítor se recuperou e, na primeira oportunidade, fugiu da cadeia, refugiando-se numa estrebaria junto a um teatro, onde hoje se encontra a Porta Vercelina. Acabou descoberto, levado a uma floresta próxima e decapitado. Era o dia 8 de maio de 303. Conta a tradição milanesa que seu corpo permaneceu sem sepultura por uma semana, quando o bispo são Materno o encontrou intacto e vigiado por duas feras. Ali mesmo foi construída uma imensa igreja, a ele dedicada. Aliás, não é a única. Há, em Milão, várias outras igrejas e monumentos erguidos em sua homenagem, mas o mais significativo, sem dúvida, é o seu cárcere. Vítor é um dos santos mais amados e venerados pelos habitantes de Milão. Tendo sido martirizado naquela cidade, sua prisão e seu martírio permanecem vivos na memória do povo, que sabe contar até hoje, detalhadamente, seu sofrimento, apontando com precisão os locais onde as tristes e sangrentas cenas aconteceram no início do século IV. O culto ao mártir são Vítor, o Mouro, se espalhou pelo mundo católico do Ocidente e do Oriente, sendo invocado como o padroeiro dos prisioneiros e exilados.
Vítor era proveniente da Mauritânia e, como ele, também seus dois companheiros: Narbor e Félix. O exército imperial de Maximiano, que os chamava Moros, os destina à tropa de Milão. Era o período da virada entre o III e o IV séculos, durante o qual houve uma grande limpeza dentro do exército: os cristãos não eram bem vindos e os três tinham-se convertido recentemente. Embora fossem leais ao imperador e o obedeciam em sua carreira civil e militar, mas não queriam ter que escolher entre ele e Deus. 
Deus acima do comando do imperador 
Vítor foi preso por sua objeção de consciência. Ele ficou trancado na sua cela, diversos dias, sem comer e beber, até ser levado ao hipódromo do circo - atual Porta Ticinesa – diante do próprio imperador e do seu conselheiro Anulino. Mas, também diante deles, permaneceu firme na sua decisão de não oferecer sacrifícios aos ídolos. Levado novamente à prisão, na Porta Romana, passou por terríveis torturas, que o Senhor o ajudou a suportar e aliviar a sua dor. Narbor e Félix, também presos por se recusarem a renunciar, foram levados para Lodi, onde sofreram o martírio. 
A palma do martírio 
Certo dia, aproveitando da distração do seu carcereiro, Vítor conseguiu fugir e se refugiar em uma estrebaria, perto da atual Porta Vercelina. Porém, sua fuga não durou muito: ao ser descoberto, foi levado pelos soldados a um bosque e decapitado. Segundo a tradição, seu corpo, não enterrado e incorrupto, vigiado por duas feras selvagens, foi encontrado pelo bispo São Materno, que lhe deu uma sepultura digna.
Veneração de São Vítor em Milão 
Sabemos muitas coisas sobre a vida deste Santo, graças aos escritos de Santo Ambrósio. Por isso, se pode entender a grande veneração, na diocese ambrosiana, por esta figura proveniente da África. O Santo Bispo de Milão dedicou-lhe uma sepultura sumptuosa, adornada por mosaicos de ouro, que, depois, foi incorporada à Basílica de Santo Ambrósio. Em 1576, São Carlos Borromeu fez um solene reconhecimento das relíquias do Santo, até então espalhadas em várias partes da cidade, e as reuniu. Sabemos, enfim, que São Vítor já era venerado como Padroeiro dos exilados e prisioneiros.

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