domingo, 4 de fevereiro de 2024

REFLETINDO A PALAVRA - “Batizados no Espírito!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
O Espírito do Senhor encheu a terra
 
A festa de Pentecostes nos faz lembrar o gesto de soltar uma ave engaiolada e dar-lhe o vôo da liberdade. A Igreja Romana, sempre creu na ação do Espírito, mas O deixou enfraquecido. Com o Vaticano II despertou-se mais esta dimensão de nossa fé: “Creio no Espírito Santo, Senhor que dá Vida”. A vinda do Espírito não é para uma devoção pessoal. Ele não é um santo a mais no calendário. Para com o Espírito não temos devoção, mas o mesmo amor dedicado ao Pai e ao Filho. Sua missão é dar a Vida plena a todos. Ele vem para a renovação da face da terra, como rezamos. As orações e leituras da vigília e da solenidade ressaltam o vigor da ação do Espírito Santo no mundo, promovendo a unidade que será também com Pai e o Filho a quem estamos unidos pelo mesmo Espírito. Rezamos: “Fazei que pela ação do vosso Espírito, os povos dispersos se reúnam de novo e todas as línguas proclamem numa só fé a glória de vosso nome” (Oração da Vigília). As páginas da história estão cheias de guerras e separações. Mas vemos também os resultados da evangelização e a ação deste Espírito, quando as atividades políticas e sociais promovem a união dos povos para a paz e colocam todas as nações na mesma direção de respeito aos direitos e promoção da pessoa humana e da natureza. As instituições das nações como ONU e outras, são resultados da ação do Espírito, mesmo que não saibam. A torre de Babel foi a fundação dos egoísmos grupais e nacionais, nascidos do orgulho. O Espírito renovará a face da terra pela vitória do amor que congrega para formar um só corpo. 
Formamos um corpo 
Recebemos um Espírito não de medo, mas de missão de reconciliação para que formemos um só corpo, mesmo sendo muitos. Mesmo frágeis, como ossos secos dispersos, como nos escreve Ezequiel, podemos formar um grande povo (Ez 37,1-14). O Espírito é para todos e dá seus dons infinitos em abundância (não só sete), como infinito Ele o é. Cada pessoa, cada nação tem dons particulares para o bem de todos. O Espírito vem para renovar. Nós somos seus discípulos para implantar em nossas realidades sua missão de falar em todas as línguas a mensagem do amor. Por este Espírito rezamos ao Pai que nos ouve, pois “penetra o íntimo dos corações e sabe qual é a intenção do Espírito que reza em nós” (Rm 8,26-27). Cada um tem uma fonte que jorra de seu coração (Jo 7,38) e esta fonte é o Espírito que de todos faz um único corpo. Cada um tem dons particulares, pois “a cada um é dada uma manifestação do Espírito em vista do bem comum” (7). “Como acontece em Cristo, somos diversos, mas formamos um só corpo, pois fomos batizados num único Espírito para formarmos um só corpo” (1Cor 12-13). 
Espírito nos põe em missão 
Celebramos Pentecostes, vinda do Espírito Santo, que é o coroamento de toda obra da Redenção: “Quando vier o Espírito da Verdade Ele vos conduzirá à verdade plena” (Jo 16,13). Redimidos, somos enviados a anunciar a redenção: “Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio” (Jo 20,21). O envio não é para impor uma religião, mas para implantar a reconciliação que o Filho nos mereceu, dando-nos o Espírito. Pedimos ao Espírito que realize no coração dos fiéis as maravilhas operadas no início da pregação do Evangelho (Oração). Rezamos: “Enviai vosso Espírito e renovai a face da terra. Vinde Espírito Santo! 
Leituras: Atos 2,1-11; Salmo 103; 
1Coríntios 12,3b-7.12-13; João 20,19-23 
1. A Igreja Romana sempre creu no Espírito Santo, mas deixou esta verdade enferaquecida. Para com o Espírito não temos devoção, mas o mesmo amor dedicado ao Pai e ao Filho. Ele veio para a renovação total. Ele provoca a unidade, como podemos ver em tantas atividades humanas, mesmo em línguas diferentes. Babel causou a dispersão por causa do orgulho. 
2. Recebemos a missão de reconciliação para formar um só corpo, mesmo sendo muitos e diversos. Recebemos dons para o bem de todo o corpo.
3. Redimidos, somos enviados a anunciar a Redenção. O Envio não é para impor uma religião. Somos enviados para implantar a reconciliação que o Filho nos mereceu dando-nos o Espírito. 
Ordem na confusão 
Sem Pentecostes, tudo o que Jesus fez, não sairia do lugar. Lemos que havia em Jerusalém, naquele dia de Pentecostes, gente do mundo inteiro. Os apóstolos anunciaram com vigor que a Paixão, Ressurreição de Jesus e sua Ascensão ao Céu levara à plenitude este mistério para benefício de todos. Todos podem ser salvos. Aquilo que parecia confusão era a recuperação da desunião que aconteceu na torre de Babel. Ninguém se entendia. Agora todos tem uma língua: a fé em Jesus que une a todos num só amor. A salvação dá o perdão dos pecados e esse perdão se estende para a reconciliação do mundo. Essa missão vai ser executada por todos. Cada um usará o dom que recebeu de Deus. Estes dons, sendo diferentes, se unem, pelo Espírito Santo, como membros diferentes que fazem um único corpo. 
Homilia do Domingo de Pentecostes (27.04.2012)

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