segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

REFLETINDO A PALAVRA - “Fogo Novo”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Naquela madrugada
 
Naquele sábado celebrava-se a Páscoa dos judeus. Quem sabe os judeus que levaram Jesus à morte, tenham até se esquecido dos fatos nos quais foram atores importantes. Na tumba, o silêncio da morte. A dor e a decepção tomaram conta dos discípulos. No cenáculo, onde estavam fechados por medo dos judeus, amargavam uma profunda derrota, uma triste desilusão: “Nós esperávamos que fosse Ele quem iria redimir Israel” (Lc 24,21). Ali na tumba se realizava a palavra de Jesus: “Se o grão de trigo que cai na terra não morrer permanece só, mas se morrer produzirá muito fruto” (Jo 12,24). A vida germinava e, naquela madrugada, como nos narra Mateus, “ao raiar do primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria, vieram ver o sepulcro. E eis que houve um grande terremoto: pois o Anjo do Senhor, descendo do céu e aproximando-se, removeu a pedra e sentou-se sobre ela... Os guardas tremeram de medo dele e ficaram como mortos” (Mt 28,1-2.4). A vida surgiu. Temos diversos relatos sobre estes primeiros momentos após a Ressurreição. Eles mostram que Jesus está vivo, pois se manifestou a eles diversas vezes e eles são testemunhas. E mandou-os anunciar a Boa Nova ao mundo inteiro. Naquela madrugada, nova luz brilhou sobre nós, nova vida nos vivificou, novo tempo se iniciou. Vencedor da morte, deu-nos Vida. Na celebração litúrgica fazemos memória de tudo o que Jesus fez para nossa salvação. Ao fazermos a memória nós entramos nos acontecimentos e recebemos seus benefícios de Vida.
Mais clara que a luz 
A celebração litúrgica da Vigília Pascal tem muitos símbolos ricos de significado. O primeiro símbolo é o fogo novo que é aceso simbolizando a luz que saiu da pedra. Por isso, na tradição, apagava-se o fogo em todas as casas. O fogo novo era tirado da faísca de duas pedras, simbolizando Cristo luz que sai da gruta de pedra para iluminar a todos. Deste fogo se acende o Círio Pascal, aquela vela grande, que é uma imagem de Cristo Ressuscitado. Nela está traçada a cruz e escritos os números do ano corrente significado que a salvação acontece hoje. Este círio entra pela Igreja que está com as luzes apagadas. E aos poucos vão se acendendo as velas dos fiéis, simbolizando a luz de Cristo que se propaga. Colocado no altar, é incensado e canta-se o Louvor da Páscoa, chamado Precônio. Este canto lembra a oração de bênção da lâmpada que se fazia em todas as casas ao acender a lâmpada ao anoitecer. Louva Cristo Luz do mundo. Felizmente se recupera lentamente o amor à Vigília Pascal. Na Igreja de Jerusalém, havia uma lâmpada dentro da gruta do túmulo. Dela se tirava luz para aquela noite bendita. 
Sois luz do mundo 
As velas de todo o povo se acendem na chama do Círio Pascal. A luz do círio se espalha e não perde seu fulgor. Assim Cristo é Luz para todos. Todos tem a mesma Luz e Vida de Cristo vivo ressuscitado. Podemos ver que celebramos através de símbolos. O símbolo, por exemplo, a luz, é uma realidade material que explica o que acontece no espiritual. A Luz de Cristo ressuscitado que temos através da fé é a Vida Eterna que já vivemos. Esta Luz se espalha ilumina as pessoas e as realidades do mundo conduzindo-o a Cristo que o entregará a seu Pai. Para aquele que crê, a vida se torna uma caminhada para a casa do Pai onde já estamos na Humanidade de Cristo, como refletimos na festa da Ascensão. A Páscoa que celebramos acende em nós a chama divina para participar da Luz para ser luz. Vós sois a do mundo.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM ABRIL DE 2012

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