terça-feira, 12 de dezembro de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Era uma vez um rei”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Se assim fizerdes
 
As histórias de fada só de rei. Atualmente sobram alguns reis enfeitando alguns países. Às vezes com vantagens para a estabilidade, outras vezes são um brinquedo caro. Quando celebramos a festa de Cristo Rei, temos inicialmente a idéia da magnificência com que é apresentado. Há um sonho secreto de muitos na Igreja de manter aquilo que foi o poder com um Pontífice coroado com três coroas, a tiara. Há uma tendência, sobretudo entre jovens, pelo esplendor e daí passar ao poder. Não sei se fica bem continuar a pensar nesse modo de poder. Dois quiseram dar um golpe esperto e passar na frente os outros e pegar dois “ministérios no reino de Jesus”. Então os outros se desentenderam com eles. Mas Jesus insiste: “Sabeis que aqueles que vemos governar as nações as dominam, e os seus grandes as tiranizam. Entre vós não deverá ser assim: ao contrário, aquele que dentre vós quiser ser grande, seja o vosso servidor, e aquele que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o servo de todos. Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos (Mc 10,41-45). Jesus foi coroado sim, mas de espinhos; Foi colocado num trono: A cruz; Recebeu o manto de púrpura no jogo dos soldados; foi aclamado pelo populacho: Crucifica-o! Teve um cortejo real: Caminho do Calvário. O modo de exercer o poder Jesus o mostra na Santa Ceia: tomou a bacia e lavou os pés dos apóstolos, serviço do escravo. Depois acrescenta: “Se, portanto, eu, o Mestre e o Senhor, vos lavei os pés, também deveis lavar-vos os pés uns dos outros...Se compreenderdes isto e o praticardes, felizes sereis” (Jo 13,14.17). A mentalidade do serviço poderia mudar muito a vida de nossas instituições. Essa mentalidade de poder faz a Igreja perder sua força de testemunho e de evangelização. Nossa missão não é dominar o mundo, mas servi-lo para que possa chegar a Deus. Ser igual aos outros poderes destrói o próprio projeto de Jesus 
Corresponsabilidade 
O poder na Igreja, que é o serviço humilde, leva todos a terem o poder de servir. O modelo do serviço é o mesmo de Jesus, não uma teoria sobre Jesus. Os evangelhos são o caminho para aprender o que Jesus foi e fez. Na história, a vida cristã, muitas vezes se apoiou em filosofias nem sempre cristãs. Isso gerou uma compreensão frágil sobre o modo de seguir Jesus. A corresponsabilidade na Igreja ficou por conta dos que detém o poder. O padre sabe tudo, dizem alguns. E assim o padre acabou achando que sabia tudo. O padre é que sabe, a gente escuta das pessoas. Eu sou Igreja e por ela sou responsável. Certo que há problemas na prática. Difícil criar problema quem veio para servir. A corresponsabilidade ensina a dizer que não sou dono mas vou fazer minha parte, como feita a Deus e não às pessoas. A corresponsabilidade é também um meio de procurar as soluções no diálogo sincero e na disposição de saber ceder, pois todos buscam a vontade de Deus. 
Deixar-se servir 
Há um outro elemento no poder serviço que Jesus explica na última ceia e que tem passado desapercebido. Quando Pedro não aceita que Jesus lave seus pés, Jesus lhe diz: “Pedro, se eu não te lavar os pés, não terás parte comigo”. Então Pedro concorda. Isso significa que serviço fraterno comporta também a aceitação de ser servido. Amar e ser amado. Temos que aceitar ser amados como Jesus mesmo dá o exemplo aceitando as demonstrações de amor das crianças, do povo que vinha a Ele, dos pecadores que encontravam renovação Nele. Na verdade o amor serviço é um modo de vida da comunidade no tratamento mútuo.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM NOVEMBRO DE 2011

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