quinta-feira, 3 de agosto de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Esperamos confiantes”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
E
PADRE JOSÉ OSCAR BRANDÂO(+)
REDENTORISTAS NA PAZ DO SENHOR
O Senhor está para voltar.
 
A comunidade primitiva estava na expectativa da volta de Cristo para breve. Por isso a insistência sobre a vigilância. No domingo passado aprendemos como colocar nosso tesouro no Céu. Em nossa linguagem, podemos dizer, investir nossos bens em Deus. Nele não existe inflação nem roubo. O evangelho usa uma linguagem simbólica para expressar esta verdade que é a opção em vista de um bem maior. Jesus se dirige ao pequeno grupo dos discípulos. Lucas tem comunidades que sofriam por serem pequenas e pobres. O importante é o tesouro que deve ser comprado à custa da venda de tudo (Lc 18,22), como escreve Mateus: Tesouro escondido no campo, pelo qual vale investir tudo para ter o campo e pegar o tesouro (Mt 13,44). A vida do cristão deve se voltar para onde está seu tesouro. “Onde estiver vosso tesouro, aí estará vosso coração” (Lc 12,34). O texto continua e apresenta três parábolas: o senhor que volta da festa, o ladrão que chega de repente e o senhor que foi a um país distante. Há um acento sobre a noite. Falar em noite lembra a tradição das 4 noites da história: noite da criação, noite de Abraão, noite de Páscoa e noite da chegada do final do mundo. Ele vem como o ladrão, de repente. Vencemos a insegurança da escuridão pela vigilância. A chegada inesperada exige uma vida condizente com Aquele que vem. Como no Egito, a unidade dos que tem fé, nos mesmos bens e nos mesmos perigos (Sb 18,6-9) é a garantia de segurança da comunidade. É preciso unidade na expectativa. Unidade torna presença d’Aquele que se espera. Felizes os que forem encontrados vigilantes. Participarão da comunhão do Senhor. A caridade é a maior vigilância, como o texto proclama: “Vendei vossos bens e dai esmola” (Lc 12,33).
Espiritualidade da administração 
Pedro pergunta a Jesus se a parábola era para eles também. Jesus dá o sentido da administração de uma comunidade: Manter a comunidade reunida e unida na mesma certeza e, mesmo sendo pequeno rebanho, permanecer firme. Vivemos numa sociedade na qual a administração é um problema tanto para a Igreja como para a sociedade. Sentimos que administradores da Igreja não admitem erros nos outros, mas não são sensíveis aos possíveis erros que cometem. Precisam de conversão. A administração exige grande testemunho de vigilância: “A quem muito foi confiado mais será exigido”(Lc 12,48). A má administração dos bens de Deus acarreta males à comunidade. Por isso é preciso conversão. 
Não tenhais medo, pequeno rebanho
Ao referirmos ao “pequeno rebanho”, lembramos os pais na fé que foram um pequeno grupo. Sua fé os sustentou. A Carta aos Hebreus coloca a fé como fundamento: “Ela é um modo de possuir o que se espera e a convicção sobre realidades que não se vêem” (Hb 11,1). Foi nela que se firmaram os patriarcas para viverem a longa espera da vinda do Prometido. Eles foram vigilantes no bem supremo que era Deus e na fidelidade à promessa. O pequeno rebanho é o tesouro de Deus.: “O Senhor pousa o olhar sobre os que o temem e confiam esperando em seu amor”... “No Senhor nós esperamos confiantes”. A vigilância da comunidade se dá na unidade e na fé que a sustenta. Este será sempre o testemunho que passaremos aos que confiam no Senhor e são confiados a nossa administração. O Senhor não veio ainda, mas a vigilância permanece um imperativo.
Leituras:Sabedoria 18,6-9; Salmo 32,1.12.18-
20.22);Hebreus 11,1-2.8-19; Lucas 12,32-48. 
1. A comunidade primitiva esperava, para breve, a vinda de Cristo. Por isso insiste sobre a vigilância e colocar em Deus nosso tesouro. A comunidade deve voltar-se para onde está seu tesouro. Com o risco do ladrão, é preciso estar vigilante na noite. A unidade da comunidade torna presente aquele que se espera. Esperamos na caridade. 
2. A vigilância é obrigação, sobretudo, dos administradores, para defender o rebanho que é pequeno e mantê-lo na unidade. Administradores vêem erros nos outros e não são sensíveis a seus próprios erros. Precisam de conversão, pois a eles muito foi confiado. 
3. Os pais na fé eram um pequeno rebanho que se fortalecia na fé por verem os bens que ainda não possuíam. Foram vigilantes no bem supremo que era Deus e na fidelidade à promessa. No Senhor nós confiamos. 
Dormindo com um olho só 
A palavra vigilância aparece muito na pregação de Jesus. Essa era a preocupação dos primeiros cristãos porque o Senhor poderia chegar a qualquer momento. Eles acreditavam que Jesus voltaria ainda na vida deles. Vigilância não é só ficar acordado, mas ficar esperto com as atitudes quanto aos bens terrenos. Não colocar os bens em bolsas furadas. Vigiar é guardar o tesouro nos céus, onde o ladrão não rouba nem a traça corrói. A noite de Páscoa, na história do povo hebreu foi um momento de vigilância e unidade que trouxe a libertação. Todos temos responsabilidades pelo Reino de Deus, como administradores de seus bens. E seremos cobrados para que tudo ande bem. Vigiar é saber organizar a vida e provocar todos a assumirem suas funções. A vigilância é levar a fé á prática da vida, como lemos na Carta aos Hebreus, como fizeram os antepassados. A convicção da fé sustenta a vida e a faz produzir frutos. Às vezes ficamos apreensivos a respeito da Igreja que passa por dificuldades. Mas Jesus garante: “Não tenhais medo, pequeno rebanho, pois foi do agrado do Pai dar-vos o Reino” (Lc 12,32). Na fé vigilante, o pequeno rebanho é feroz. 
Homilia do 19º Domingo Comum (08.08.2010)

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