Evangelho segundo São Mateus 5,1-12.
Naquele tempo, ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte e sentou-Se. Rodearam-no os discípulos,
e Ele começou a ensiná-los, dizendo:
«Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus.
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
Bem-aventurados os humildes, porque possuirão a Terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.
Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.
Bem-aventurados sereis quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós.
Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa. Assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós».
Tradução litúrgica da Bíblia
Abadessa beneditina e doutora da Igreja
Livro das Obras Divina, cap. 6
Perseverar com confiança na beatitude
As virtudes têm funções diversas, mas um mesmo objetivo: a beatitude. Com efeito, as virtudes procedem umas das outras aquando da formação da retidão. Todas as virtudes estão na ciência de Deus (conhecimento interior e íntimo), tendem para esta ciência e assistem o homem nas suas necessidades, tanto espirituais como corporais. Quando o homem se deixa inspirar pelo temor do Senhor, começa a honrar o seu Deus e progride na sabedoria, realizando obras boas e justas.
A confiança do homem em Deus toca este último pela sua constância, porque, na medida em que tem uma confiança constante em Deus, o homem eleva os seus pensamentos sem cessar para Ele: é pela sua constância que os espíritos dos fiéis adquirem força. A confiança atrai a si todas as virtudes e faz correr para o vaso (o coração) o vinho (o Espírito) que serve de bebida aos homens. É por isso que os crentes exultam de alegria, confiantes na esperança da vida eterna. Eles empunham o estandarte das boas obras que levaram a cabo.
Sedentos da justiça divina, bebem a santidade no seu seio e só ficam saciados quando se deleitam sem cessar na contemplação de Deus, uma vez que a santidade ultrapassa o entendimento dos homens. Quando o homem acolhe a retidão e procura viver segundo a verdade, esquece-se de si próprio, saboreia e bebe as virtudes que o tornam forte, tal como o vinho enche as veias de um bebedor; mas nunca se arrisca a tornar-se escravo do vício da desmesura como o homem ébrio de vinho está fora de si e deixa de dar atenção ao que faz. Porque os homens de fé amam a Deus, e este amor ignora a lassidão, este amor é perseverança na beatitude.
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