terça-feira, 16 de maio de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Ofereceu o que possuía”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Religião de fachada
Marcos, em seu Evangelho, faz uma orientação para sua comunidade que era marcada pela pobreza. Os cristãos são, quase sempre, pobres. Qual é o valor de um pobre e de sua miserável oferta? Jesus estava diante do tesouro, no lugar onde entregam as ofertas ao templo. Chamou os discípulos e mostrou os ricos que faziam grandes ofertas e uma viúva que ofereceu duas moedinhas. Os ricos são acusados por Jesus, não por serem ricos, mas exploradores. E era coisa pública: “Tomai cuidado com os doutores da Lei de Deus (entendidos de bíblia). Eles gostam de andar com roupas vistosas, de ser cumprimentados nas praças públicas, das primeiras cadeiras nas sinagogas... Eles devoram as casas das viúvas, fingindo fazer longas orações” (Mc 12,38-40). Era um tipo de corrupção e abuso de poder velado por largas esmolas. A viúva deu tudo o que possuía para viver (Mc 12,44) . A vítima da sociedade é a verdadeira generosa. Doa com totalidade; dá o interior, não o resto. Ele explicou aos discípulos que o que vale é a entrega de si mesmo, não a gordura da esmola. Curiosamente o pobre é mais generoso. Na verdade deu mais. A liturgia faz um paralelo com a viúva do tempo de Elias que teve grande generosidade e deu ao profeta o pouco que tinha. A retribuição é justa: se dermos o que nos dá vida, Deus nos dá vida em troca. Deus quer nosso coração. O culto verdadeiro se faz com o coração. A moeda que sustenta o culto é o coração. Deus quer que os pobres façam caridade. Aliás eles são generosos. A caridade do pobre redunda em vida, como para a viúva que acolhe Elias. Ela deu todo o óleo e toda a farinha. A vasilha não esvaziou. Tenho medo de ser falso na fé, pois a gente não cuida dos queridos de Deus, que é uma obrigação confiada à Igreja, isto é, a mim. Corremos esse risco nas igrejas: ter fachada de fé que não corresponde com a vida.
O Senhor é fiel 
Rezamos no salmo 145: “O Senhor é fiel para sempre; faz justiça aos que são oprimidos; Ele dá alimento os famintos, e é o Senhor quem liberta os cativos”. Deus sustenta o homem em suas necessidades, sobretudo quando se abre à partilha. Partilhar da bondade de Deus é fazer a partilha. Elias vai à Sarepta, terra onde há uma seca que mata de fome os humildes (1Rs 17,12). A generosidade da viúva é correspondida por Deus que lhe dá o alimento. Há no mundo muitas secas que levam o povo ao sofrimento da fome e da falta de condições. Deus vai ser fiel através de nossa atenção, como Elias que garante a comida da pobre e seu filho: “A vasilha de farinha não acabará e a jarra de azeite não diminuirá, até o dia em que o Senhor enviar a chuva sobre a face da terra” (1Rs 17,12-14). 
Uma vez por todas 
Jesus nos faz presentes diante do Pai. Ele está sempre a lembrar o Pai em nosso favor. No rosto do Filho, o Pai vê o rosto de cada um de nós. Jesus era o pobrezinho que se doou totalmente, uma vez por todas. Não deu resto a Deus. Nós estaremos unidos ao Cristo Sacerdote quando nos damos a Deus, como Ele o fez. Como se faz isso? Em nossa fragilidade seremos enriquecidos. A participação e a partilha nos enriquecem. Nosso culto só estará unido ao Cristo Sacerdote quando nossa atitude for como a sua: uma vez por todas. O que se espera dos cristãos é que façam o culto a partir do coração. A Eucaristia é a escola na qual aprendemos a partilhar e acolher os necessitados. 
Leituras: 1 Reis 17,10-16;Salmo 145; 
Hebreus 8,24-28;Marcos 12,38-44 
1. A comunidade de Marcos era pobre. Qual é o valor de um pobre e de sua miserável oferta? Jesus faz uma dura advertência sobre a falsa religião fazendo uma comparação entre a grossa oferta dos ricos que não correspondia à vida e a frágil oferta da viúva que doou a si mesma, pois deu tudo o que tinha para viver. Deus quer o coração. Culto verdadeiro é o do coração. 
2. Deus é fiel para sempre; faz justiça aos oprimidos. Partilhar a bondade de Deus é fazer a partilha. A generosidade da viúva é correspondida por Deus que lhe dá o alimento. As secas do mundo levam o povo ao sofrimento da fome. Deus vai fiel através de nós. 
3. Jesus nos faz presentes diante de Deus. Ele está sempre a lembrar o Pai em nosso favor. No rosto do Filho, o Pai vê a cada um de nós. Ele era o pobrezinho que se doou totalmente, uma vez por todas. Em nossa fragilidade, doando nossa vida, seremos enriquecidos. O que se espera dos cristãos é que tenham um culto a partir do coração. 
Contando os centavos 
Deus vê o coração, como diz Jesus. Quando teremos essa sabedoria? Jesus observava o povo que fazia ofertas a Deus. Notou que os ricos faziam grandes ofertas. Oferta grande é boa para quem a recebe. Mas Deus não quer resto. A viúva ofereceu duas moedinhas que não valiam nada. Mas era tudo o que possuía para viver. Explicou aos discípulos que o que vale é a entrega de si mesmo, não a gordura da esmola. Curiosamente o pobre é mais generoso. A viúva do tempo de Elias teve grande generosidade e deu ao profeta o pouco que tinha. A retribuição é justa: se dermos o que nos dá vida, Deus nos dá em troca a vida. Deus quer nosso coração. Na carta aos Hebreus lemos como Jesus se ofereceu totalmente ao Pai. Ganhou a vida para si e para nós, a ressurreição 
Homilia do 32º Domingo Comum (08.11.2009)

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