quarta-feira, 10 de maio de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Ele veio para servir”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Uma redenção que é serviço
 
Jesus está a caminho de Jerusalém para completar sua missão. Já anunciara três vezes, sua Paixão e Ressurreição. Sua morte é a realização de toda Palavra e o caminho para o Pai. Ele veio para “dar a vida em resgate para todos” (Mc 10,46). Sua missão realiza-se como o serviço do escravo de todos (44). Assim ensina os discípulos que querem o poder no “futuro Reino”. Foi o que lemos: João e Tiago pedem a Jesus que lhes dê os dois melhores “ministérios” em seu futuro Reino. A comunidade de Marcos tinha este problema da luta pelo poder. Jesus, com a explicação que dá, afirma o sentido do poder em o novo Reino: “Entre vós não será assim. Quem quiser ser grande seja vosso servo e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos” (43-44). O novo Reino exclui a tirania e a opressão como fazem os poderosos da terra (41). Jesus tem o poder de servir. Há uma reviravolta no pensamento do mundo sobre a autoridade. Se não nos desfizermos deste modo de pensar prestamos um desserviço ao Reino. Jesus afirma a redenção como serviço do amor. Ele associa a si os dois discípulos em sua entrega ao Pai (38-39), isto é, dar a vida na morte dolorosa. Sua morte de cruz é compreendida como serviço que faz justos todos os homens. Ele carregou sobre si nossas dores (Is 53,11). Jesus associa os dois discípulos ao seu poder de serviço sofredor. O discípulo deve seguir o mesmo caminho, ser batizado em sua morte, não tanto no martírio, mas na entrega ao serviço. A Igreja não está no mundo para ser um poder como os outros. Seu poder está no serviço que presta a todos, mesmo que não sejam católicos. É, um convite às religiões ou seitas a se colocarem a serviço de todos. 
Um dom perdido 
A carta aos Hebreus, explicando o mistério da salvação, apresenta Jesus como o Sumo-Sacerdote: “Com efeito, temos um sumo sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado” (Hb 5,15). Em sua experiência de excluído, compreende os sofredores e excluídos do mundo. Jesus dá-nos uma lição muito grande sobre a finalidade do sofrimento. Na mente do povo, em geral, o sofrimento é visto como castigo. O sofrimento não é uma punição. De um pecado que tenhamos feito. É comum ouvirmos: “O que fiz para merecer tudo isso”? quando não culpamos Deus de não cuidar de nós. Pensamos que não podemos ter sofrimentos nem problemas. Jesus não pecou e sofreu. Mas não acusou Deus. Nosso sofrimento deve estar unido ao sofrimento de Jesus. Assim ele se torna redentor. Assim poderemos compreender o que sofremos e superar a angústia da dor. 
O serviço da misericórdia 
“No Senhor nós esperamos confiantes, porque Ele é nosso auxílio e proteção” (Sl 32,20). Em nossos sofrimentos podemos contar com a misericórdia de Deus. É nele que podemos nos refugiar. Nossos pecados não fecham a porta aberta do coração de Filhos que sempre chama: “Vinde a mim vós todos que estais oprimidos e eu vos aliviarei (Mt 11,28). “Aproximemo-nos então com toda confiança, do trono da graça, para conseguirmos misericórdia e alcançar a graça de um auxílio no momento oportuno” (Hb 4,16). Se Deus é misericordioso, tenhamos misericórdia com os outros, pois somos uma extensão da misericórdia de Jesus. A Igreja administra a misericórdia de Deus e não só a justiça. 
Leituras:Isaias 53,10-11; Salmo 32; 
Hebreus 4,14-16; Marcos 10,35-45 
1. Jesus está a caminho de Jerusalém. Já anunciara, três vezes, sua Paixão e Ressurreição. Ele veio para “dar a vida em resgate para todos”. Sua missão é entendida como o serviço do escravo de todos. O Reino exclui a opressão e a tirania. Para Jesus poder é serviço do amor. Ele associa a si seus discípulos. O poder da Igreja é servir e não ser um poder como os outros. 2. A carta aos Hebreus ensina que Jesus, como Sumo-Sacerdote, pelo seu sofrimento é capaz de entender nossos sofrimentos, pois passou por eles. Não podemos perder o sentido do sofrimento. Ele não é uma punição de nossos pecados. Devemos unir nossos sofrimentos ao de Cristo, para que ele seja redentor. 3. A liturgia chama-nos a buscar a misericórdia em Jesus que nos convida a ir a Ele com nossos pesados fardos, pois nos aliviará. Se recebemos misericórdia, devemos ser misericordiosos. A Igreja administra a misericórdia de Deus, não só a justiça. Sentado na cadeira errada Os dois discípulos, Tiago e João, usaram sua mãe para dar um golpe nos colegas e garantir um cargo importante no Reino de Jesus. Jesus dá-lhes um lugar melhor ao lado dele na cruz. O profeta Isaias diz que o sofrimento dará muito mais: “Por esta vida de sofrimento, alcançará luz e uma ciência perfeita”. Jesus não quer ensinar que seguí-lo só vai dar confusão e dor.. mas a vida deverá ser serviço. Este é o cargo que vale a pena pleitear. O sofrimento educa no seguimento de Jesus e os faz capazes de compreender os sofrimentos dos outros, como nos explica a carta aos Hebreus: “Ele é capaz de compreender nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado”. No Reino de Jesus, tudo é diferente de nossos reinos. Quem sabe pudéssemos aprender um pouco dele, e assim viver melhor. 
Homilia do 29º Domingo do Tempo Comum (18.10.2009)

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