Evangelho segundo São João 14,1-6.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não se perturbe o vosso coração. Se acreditais em Deus, acreditai também em Mim.
Em casa de meu Pai há muitas moradas; se assim não fosse, Eu vos teria dito que vou preparar-vos um lugar?
Quando Eu for preparar-vos um lugar, virei novamente para vos levar comigo, para que, onde Eu estou, estejais vós também.
Para onde Eu vou, conheceis o caminho».
Disse-Lhe Tomé: «Senhor, não sabemos para onde vais: como podemos conhecer o caminho?».
Respondeu-lhe Jesus: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim».
Tradução litúrgica da Bíblia
Santa Catarina de Sena
(1347-1380)
Terceira dominicana, doutora da Igreja,
copadroeira da Europa
O dom do Verbo encarnado, cap. V, n.º 21
«Ninguém vai ao Pai senão por Mim»
Santa Catarina ouviu Deus dizer-lhe: Visto que Eu te disse que fiz do Verbo, meu Filho único, uma ponte, e esta é a verdade, quero que saibais, meus filhos, que o caminho foi cortado pelo pecado e pela desobediência de Adão, de tal sorte que já ninguém podia esperar ter uma vida duradoira. Assim, os homens já não Me davam por esse meio a glória que Me era devida, porque já não participavam do bem para o qual Eu os tinha criado.
Nessas condições, a minha verdade não era cumprida. A minha verdade é que Eu criei o homem à minha imagem e semelhança, para que ele possua a vida imperecível, a partilhe comigo e saboreie a eterna e soberana doçura da minha bondade. Mas, quando o pecado fechou o Céu e as portas da misericórdia, foi-lhe vedado qualquer acesso por esse lado . A falta produzia espinhos e tribulações de contrariedades múltiplas. Desde que pecou, ele foi avassalado por uma torrente impetuosa que embate contra ele com as suas águas; foi necessário suportar penas e tormentos: tormentos vindos de si mesmo, tormentos vindos do demónio, tormentos vindos do mundo. Todos se afundavam nesta torrente e nenhum conseguia, mesmo com todas as suas justiças pessoais, chegar à vida eterna.
Por isso, querendo dar remédio a tão grandes males como eram os vossos, dei-vos o meu Filho como uma ponte pela qual poderíeis atravessar o rio sem vos afogardes. Este rio é o mar cheio de tempestades desta vida tenebrosa. Vê, pois, que obrigações tem a criatura para comigo e como permanece ignorante ao querer ainda afogar-se e não aceitar o socorro que Eu lhe prestei.
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