sexta-feira, 3 de março de 2023

Santa Teresa Verzeri, Fundadora – 3 de março

      Teresa Verzeri nasceu no dia 31 de julho de 1801, em Bérgamo (Itália), era a mais velha dos sete filhos de Antônio Verzeri e da Condessa Helena Pedrocca-Grumelli. Seu irmão, Jerônimo, se tornou bispo de Brescia. Sua mãe, em dúvida se devia escolher o casamento ou abraçar a vida monástica, ouviu sua tia Antônia M. Grumelli, religiosa Clarissa, dizer em tom profético: “Deus te destina aquele estado para tornar-se mãe de uma santa prole”.

     Na mais tenra idade Teresa aprendeu com a mãe, uma mulher eminentemente católica, a conhecer e amar a Deus ardentemente. Em sua jornada espiritual foi dirigida pelo Cônego José Benaglio, Vigário Geral da Diocese de Bérgamo, que já acompanhava a família.
     Teresa completou seus estudos iniciais em casa. Inteligente, dotada de uma mente aberta, vigilante, reta, foi educada para buscar os valores eternos e a fidelidade à ação da graça. Desde a infância até a idade mais madura, Teresa se deixa iluminar pelo Espírito de Verdade que vai animá-la no combate espiritual constante: à luz da fé descobre e experimenta o peso de sua própria fragilidade, desmascarando, tanto quanto é possível ao ser humano, todas as formas de falsidade, orgulho, medo, para se render totalmente a Deus. Por meio da graça, percorreu um caminho feito de desapego, de pureza de intenção, de retidão e simplicidade que a levou a buscar “Deus só”.     Interiormente Teresa viveu a experiência mística da “ausência de Deus”, no entanto, ela nunca perdeu sua confiança e o abandono a Deus, Pai providente e misericordioso, a quem ela dedicou sua vida em obediência, e como Jesus sua solidão se tornou entrega de si mesma por amor.
     Na intenção de agradar a Deus e fazer somente a Sua vontade, amadureceu a sua vocação religiosa no Mosteiro Beneditino de Santa Grata, do qual saiu, após uma longa e laboriosa busca, para fundar em Bergamo, juntamente com a Cônego José Benaglio, em 8 de fevereiro de 1831, a Congregação das Filhas do Sagrada Coração de Jesus.
     Teresa Verzeri viveu na primeira metade do século XIX, um período de grandes mudanças na história da Itália e na sociedade de Bergamo, marcado por mudanças políticas, revoluções, perseguições que não pouparam a Igreja, também penetrada pelo jansenismo, e da crise de valores, fruto da Revolução Francesa.
     Numa época em que a devoção ao Sagrado Coração de Jesus encontrava resistências, ela confiou às primeiras Filhas do Sagrado Coração este testamento que caracteriza o patrimônio espiritual de sua família religiosa: “Jesus Cristo, a vós e ao vosso instituto tem dado o dom precioso de Seu Coração, porque não aprendestes de outros a santidade, sendo Ele a fonte inesgotável da verdadeira santidade”. (Livro dos Deveres, vol. I, p. 484)
     Teresa vê muito claramente as premências, entende as necessidades de seu tempo. Com disponibilidade absoluta em qualquer situação que a caridade o exige, mesmo as mais perigosas e sérias, com suas primeiras companheiras se dedicou a vários serviços apostólicos: "educação da juventude da classe média e da classe baixa; internatos para órfãos em perigo, abandonados e até mesmo desencaminhados; escolas, doutrina cristã, exercícios espirituais, recreações festivas, cuidado dos doentes". (Práticas, 1841)
     Em sua missão revela um talento especial de mestra de almas, apóstola e educadora. Teresa adotou expressamente o sistema preventivo: “Cultivar e guardar com muita atenção a mente e o coração de vossas meninas enquanto ainda são novas, para evitar, tanto quanto possível, que nelas entre o mal, sendo a melhor coisa evitar uma queda com vossos avisos e admoestações do que as reerguer com correção”. (Livro dos Deveres, vol. III, p. 368)
     A educação é obra de persuasão respeitando a individualidade; para isso ela recomendou deixar às jovens “uma santa liberdade para que elas possam fazer de boa vontade e de pleno acordo o que, sufocadas pelo mando, fariam como peso e com má vontade”; que a escolha dos meios se adapte “ao temperamento, às inclinações, às circunstâncias de cada uma ... e sobre o conhecimento de cada uma”, determinando a maneira pela qual tratá-la. (Livro dos Deveres, vol. I, p. 447 e 349)
     O Cônego Benaglio morre em 1836. Teresa, apoiada na obediência que lhe garantia que a Congregação foi querida por Deus, dedicou-se completamente à sua aprovação, consolidação e expansão. Enfrentou muitos obstáculos colocados pelas autoridades civis e também pela hierarquia eclesiástica, o que colocou à dura prova a sua virtude. Teresa se mostrou heroica no abandono à vontade de Deus que a sustentava.
     Depois de uma vida de intensa doação, Teresa morreu em Brescia, no dia 3 de março de 1852. Deixou a Congregação já aprovada pela Igreja e pelo governo, uma vasta documentação – especialmente nas Constituições, no Livro dos Deveres, e em mais de 3.500 cartas – na qual é possível admirar toda a riqueza de sua experiência espiritual e humana.


     A preciosa herança espiritual transmitida por ela à Congregação encontra seu centro no Coração de Jesus, de quem a Filha do Sagrado Coração herda o espírito de eximia caridade que a obriga a ser "toda para todos". Teresa a coloca desta forma:
     “As Filhas do Sagrado Coração de Jesus, como aqueles que absorvem sua caridade na própria fonte do amor, isto é, no Coração de Jesus Cristo, devem arder da caridade do mesmo Coração divino pelo próximo. Caridade puríssima que não visa senão a glória de Deus e o bem das almas; caridade universal que não exclui ninguém, mas abraça a todos; caridade generosa que não se abate no sofrimento, não se alarma com a contradição, mas que no sofrimento e na oposição cresce em força e vence pela paciência”. (Livro dos Deveres, vol. I, p. 58)
    Animadas deste espírito, as Filhas do Sagrado Coração de Jesus continuam hoje a missão de Teresa na Itália, Brasil, Argentina e Bolívia, na República Centro Africana e em Camarões, na Índia e na Albânia.
     As relíquias de Santa Teresa Verzeri são veneradas na capela das Filhas do Sagrado Coração de Jesus, em Bergamo.
     Foi canonizada em 10 de junho de 2001 por João Paulo II. 
https://www.santiebeati.it/dettaglio/75450

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