sábado, 10 de dezembro de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Vim chamar os pecadores”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
E PADRE BRANDÃO(+)(Ao lado)
AMBOS SACERDOTES REDENTORISTAS
NA PAZ DO SENHOR
Uma vida que é missão 
Jesus encarnou-se entre nós. Sua encarnação realiza sua missão de manifestar a misericórdia do Pai. O evangelho de Mateus mostra-nos essa misericórdia Jesus. Quando relata seu próprio chamado, a escolha para fazer parte do grupo dos doze apóstolos, faz-nos ver que ele foi beneficiado por esta atitude de Jesus: “Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na banca de impostos, e disse-lhe: ‘Segue-me!’”. Ser coletor de impostos era uma profissão “maldita” para os judeus, com conseqüências pesadas para a pessoa. Eram excluídos da assembléia porque eram pecadores públicos. Além de trabalhar para o invasor romano, era considerado ladrão, por ser uma prática usual entre esses servidores do império romano. Jesus não só o chama, como também vai comer com ele e com seus colegas e outros mal afamados. Sentar-se à mesa com alguém, era fazer-se igual. Isso causou escândalo entre os fariseus, que jamais fariam isso. Jesus então define sua missão: “Aqueles que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. Aprendei, pois, o que significa: ‘Quero misericórdia e não sacrifício’. De fato, eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores” (Mt 9,12-13). Jesus retoma aqui a frase do profeta Oséias: “Quero amor e não sacrifícios, conhecimento de Deus, mais do que holocaustos” (Os 6,6). O que agrada a Deus é a misericórdia nos relacionamentos. Os holocaustos sem o amor de misericórdia não conduzem à justificação. A justiça do Reino supera a justiça dos fariseus que era somente de fachada. Jesus vai parte do coração que está unido a Deus pelo mesmo desejo de misericórdia. Essa é a vida de Jesus e a vida que propõe a cada discípulo seu. 
Fé que dá vida 
Paulo, na carta aos Romanos, descreve como Abraão, por sua fé, foi recompensado com uma posteridade; Sara concebeu, apesar da idade. Essa fé foi creditada como justiça (Rm 4,23). A misericórdia produz o fruto da fé na vida, pois, ter fé em Cristo é continuar sua misericórdia que dá vida. Ela é fecunda, como podemos ver na vida de Mateus. Deus usou de misericórdia para com ele. E ele transformou sua experiência em anúncio de Evangelho. A misericórdia quebra todas as barreiras dos preconceitos e legalismos e se interessa sobretudo pelo homem necessitado de vida. Jesus é o médico que cuida dos doentes. Ele busca o doente, sobretudo o fragilizado pelo pecado. Ali é a terra fértil da misericórdia, como lemos na parábola da ovelha perdida (Lc 15,4). O fruto da misericórdia é a ressurreição. Mateus levantou-se, como que se ergueu do túmulo. Não somos a Igreja dos perfeitos e impecáveis, mas uma Igreja que segue Jesus em seu caminho de acolher a todos. É necessário o cuidado de não voltar ao mundo fariseu de leis, ritos e práticas que sufocam a misericórdia para com as pobres vítimas do mal tanto social como espiritual. 
Culto inútil 
Rezamos no salmo que Deus aceita os sacrifícios de animais, mas não precisa deles. O que deseja é um sacrifício de louvor: “Imola a Deus um sacrifício de louvor e cumpre os votos que fizestes ao Altíssimo” (Sl 49,9.14). No Reino do Norte (Samaria) havia um culto bem desenvolvido, mas somente exterior. Não era agradável a Deus. Por isso o profeta chama ao culto do amor de misericórdia que nasce do coração. Jesus interioriza o relacionamento com Deus e faz que brote dele a misericórdia. A palavra misericórdia está unida à palavra coração (cor, em latim). Estamos preocupados com a exatidão da liturgia, mas pouco ligados à misericórdia que interfere também nas estruturas sociais para ressuscitar a todos. 
Leituras: Oséias 6,3-6;Salmo 49; 
Romanos 4,18-25; Mateus 9,9-19. 
1. A Encarnação tem como finalidade a manifestação da misericórdia do Pai para com todos. Mateus, publicano e pecador, foi beneficiado por ela. Jesus ao se misturar com os pecadores é o médico que cura todos os males do corpo e do coração. Jesus diz que Deus quer misericórdia e não sacrifícios. Esses, sem a misericórdia não conduzem à justificação. 2. Paulo descreve como Abraão e Sara, por sua fé, foram recompensados. Essa fé foi creditada como justiça. A misericórdia produz o fruto da fé na vida, pois, ter fé e continuar a misericórdia de Cristo na vida. Ele é o médico que cuida dos doentes. Ela é fecunda, como vemos em Mateus que faz a experiência e anuncia. O fruto da misericórdia é a ressurreição. A Igreja, para continuar Jesus, tem que superar o legalismo e o ritualismo que sufocam a misericórdia para com as pobres vítimas do mal tanto social como espiritual. 3. O salmo que rezamos, (Sl 49) diz que Deus aceita os sacrifícios, mas não precisa. Quer o sacrifício de louvor. No Reino do Norte, onde estava Oséias, havia um grande culto, mas sem o amor de misericórdia. Jesus interioriza o relacionamento dom Céus e faz que brote dele a misericórdia. Nós corremos o mesmo risco quando privilegiamos os ritos acima do sacrifício espiritual do amor. 
Erro dos certinhos 
Quando Jesus chamou Mateus para ser seu discípulo, este deixou tudo e o seguiu. Mas não deixou de convidar Jesus para ir jantar em sua casa. Juntou seus amigos, que aliás, não eram bem falados. Jesus estava à vontade no meio deles. Os outros, que se consideravam os santos, os certinhos, criticaram Jesus por estar ali, comendo com eles. Jesus respondeu para eles dizendo que, quem precisa de médico é o doente, não os sadios. E acrescenta: “Não vim chamar os justos, mas os pecadores”. Assim aprendemos que ser santo não é se separar dos fracos ou pecadores, mas ir a seu encontro para dar-lhes vida. O dom da graça é abundante para todos e somos nós seus despenseiros.
Homilia do 10º Domingo Comum (08.06.2008)

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