segunda-feira, 17 de outubro de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “A salvação está mais perto de nós”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
Ficai atentos!
 
 A fé cristã tem uma forte dimensão de vigilância. Não se trata do medo de um desastroso, mas vigilância para ir ao encontro do Senhor quando Ele vier. O tempo do Advento é o momento litúrgico propício para esta reflexão: quando celebramos a vinda de Cristo, como humano, nós nos lembramos também que Ele virá como Senhor, para levar com Ele ao Reino os que esperam por sua vinda. Estar atento é a inteligência de superar as incompreensões do momento presente. Jesus usa a comparação do dilúvio: Noé percebeu isso, e os outros continuaram o dia-a-dia, sem se darem conta que havia uma necessária mudança no mundo. Estar pronto para o Senhor é compreender as horas de Deus. A hora de Deus é toda hora. Viver a hora de Deus é caminhar para a plenitude. Esta é a capacidade que temos de unir o começo ao fim, vivendo já o que viveremos depois, isto é, a fecundidade de dar frutos. Jesus faz uma comparação interessante quando diz da construção da arca: “Pois nos dias, antes do dilúvio, todos comiam e bebia, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na Arca. Eles nada perceberam, até que veio o dilúvio e arrastou a todos” (Mt 24,38). O erro não foi casar-se, comer e beber. O erro é viver os bens materiais e afetivos sem uma dimensão de plenitude. O dia do Filho do Homem vai ser de plenitude, quando todas as coisas tomam sentido a partir da graça de sua presença. O que vem nas nuvens não é o Senhor que condena, mas o Senhor da Aliança. O conselho de vigiar com lâmpadas acesas, com jejum, esmola e oração, com obras da caridade é o sentido da plenitude. É estar obediente à Palavra. Noé ouviu a Palavra do Senhor e solucionou a questão. E nós, como solucionamos o dilúvio no mundo atual, os tsunamis da vida? 
As espadas se tornarão arados
Isaías conclama a uma percepção maior da realidade do templo do Senhor. Para ele acorrerão os povos (Is 2,2,1-5). Os povos procurarão o templo para ali aprender os caminhos do Senhor e seus preceitos. Todo peregrino canta: “Que alegria quando me disseram: vamos a casa do Senhor!” (Sl 121). Na casa do Senhor, isto é, na sua presença, temos muito a aprender. O profeta tem uma ousadia monumental de crer numa mudança: O mundo vai se transformar. Temos direito de esperar mudanças radicais. Há uma profecia de quem crê e espera: “Estes (povos) transformarão suas espadas em arados e sua lanças em foices. Não mais pegarão em arma uns contra os outros”... “Vinde, todos à casa do Jacó, e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor” (4-5). É uma esperança séria e confiante: vai acontecer uma mudança. Por isso não podemos nos desesperar e abandonar a fé que temos em um Deus que é luz e força no caminho. Sonhemos acordados. 
Já é hora de despertar do sono 
Oração da missa dá a perspectiva vivencial: “Concedei aos fiéis o ardente desejo de possuir o reino celeste, para que, acorrendo com nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem, sejamos reunidos à sua direita na comunidade dos justos”. Paulo ensina que a espera se faz pela honestidade de vida: “Procedemos honestamente; nada de comedeiras, bebedeiras, nem orgias sexuais e imoralidades nem brigas e rivalidades” (Rm 13,13). É como disse Jesus sobre o dilúvio: o equilíbrio do afeto e dos bens é a melhor maneira de esperar o Senhor, isto é, deixar que a presença do Senhor nos invada no seu dia, isto é, na sua plenitude. É preciso revestir-se de Cristo por dentro (14) 
Leituras:Isaias 2,1-5; Salmo 121;
Romanos 13,11-14ª; Mateus 24,37-44. 
1. A fé cristã tem a dimensão de vigilância. Não é medo, mas ir ao encontro. O tempo Litúrgico é propício, pois celebrando a vinda na Carne, lembra a vinda nas nuvens. É preciso estar atendo, isto é, ter a inteligência de superar a incompreensões do momento presente. No tempo de Noé não perceberam os valores fundamentais do uso dos bens e da afetividade, por isso não entenderam a mensagem da arca. Vigiar é estar obediente à Palavra. Como solucionamos os tsunamis dos tempos atuais?
2. Isaías coloca o templo como o centro do mundo e como a meta para todos os que querem conhecer os caminhos de Deus. O Profeta tem ousadia de crer na mudança: mudar as espadas em arados e lanças em foices. Instrumentos de vida. Isso nos anima não abandonar a fé. Deus é luz e força no caminho. 
3. Essa liturgia tem um aspecto vivencial forte: correr com as boas obras ao encontro do Senhor que vem, e superar o desequilíbrio do afeto e dos bens. É preciso revestir-se de Cristo. 
Reciclando as armas 
No início do Advento temos na leitura de Isaias um sonho antigo da humanidade: a transformação das armas em instrumentos que darão vida. E também que não haverá mais guerra. O mundo gosta de armas. O que se consume com um dia de guerra poderia salvar povos inteiros da miséria total. O coração humano quer voltar ao original. Jesus convida a estarmos preparados, pois o fim chega a qualquer momento. Ele não vem como ameaça, mas como abertura para um mundo novo. O sonho vai se tornar realidade. Por isso é preciso começar já, revestindo-nos de Cristo. 
Homilia do 1º Domingo do Advento
EM DEZEMBRO DE 2007

Nenhum comentário:

Postar um comentário