quarta-feira, 7 de setembro de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Que devo fazer para ganhar a Vida?”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
Um único amor
 
Um homem versado nas Escrituras, para testar Jesus, pergunta-lhe qual é o ponto central de todo o ensinamento. Jesus responde perguntando: “O que está escrito na Lei?” Ele diz: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração e a teu próximo como a ti mesmo” (Dt 4-5; Lv 19,18). Então, completa Jesus, “faze isso e viverás”. – “Quem é meu próximo?” Pergunta o doutor. Jesus explica com a parábola do bom Samaritano: Um homem caiu nas mãos dos assaltantes que o deixaram meio morto. Passa um sacerdote, aquele que tem por missão honrar a Deus, vê e passa adiante. Passa um homem de Igreja, vê e... Passa o samaritano, um herege, um pecador. Vê, pára, cuida do homem. Fez o serviço completo. Quem amou? O que teve compaixão e usou de misericórdia. Partimos da Palavra: Conhecemos o amor a partir da Palavra de Deus. Ela nos coloca diante da realidade do amor que é um só e completo quando amamos a Deus e as pessoas com o mesmo amor. Os dois primeiros homens eram ligados ao culto. Tinham o máximo da “religião”. Mas culto sem amor é vazio. O amor a Deus passa pelo próximo. João diz; “Quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1Jo 4,20). Há um só amor, aquele que se dirige a Deus, passando pelo irmão. E o amor ao irmão deve ser “como todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência”, como a Deus. A atitude misericordiosa do samaritano faz do herege, que teve compaixão, o modelo do amor cristão. Esse mandamento não é do passado, pois Deus diz “Este mandamento que HOJE te dou não é difícil demais. Está em teu coração” (Dt 30,11.14). Coração, sede do amor. 
Quem é meu próximo 
Não existe meu próximo. Existe o próximo de cada um. Jesus muda o sentido da religião para a realização da fé pelo amor, não só por ritos litúrgicos e conhecimentos intelectuais. Eu sou próximo de cada pessoa. Não existem dificuldades para saber quem necessita. Basta ter um olhar sobre o mundo. Existem muitos homens caídos, como existem muitos passando ao largo. A religião verdadeira é aquela que tem o amor como sua primeira prática. Aí sim, o culto de adoração a Deus, a liturgia, vai preencher o mandamento e trazer-nos a experiência profunda de Deus em Cristo, pois é a Ele que acolhemos em cada um. Será que nossa fé não perde seu vigor quando não temos o amor e não somos o próximo de cada homem, de cada necessidade e situação, colocando-os acima de nossos interesses, mesmo religiosos? É fácil fazer uma religião sem compromisso. Mas ouviremos a palavra: “Tive fome e não me destes de comer... pois toda vez que não o fizestes ao menor de meus irmãos, foi a mim que não o fizeste ...” (Mt 25,31-43). 
Jesus é o bom samaritano 
Cristo é imagem do Deus invisível, primogênito de toda criatura, criador com o Pai, cabeça do corpo e reconciliador do universo. Mas é ícone perfeito do Pai em sua compaixão. Ao descer de sua cavalgadura, o samaritano é imagem de Jesus que vem ao mundo e desce para curar a criatura ferida. Quando temos os mesmos sentimentos de Jesus, será ele a agir em nós (Fl 2,5). Veio ser próximo da cada pessoa: “Não se envergonha de chamá-los irmãos” (Hb 2,11). Jesus se identifica conosco quando nos inclinamos sobre as dores do mundo presentes em cada pessoa. Jesus, em mim, te ama. Os grandes homens e mulheres foram os que se perderam pelos outros, fazendo-se tudo para todos. Não deixemos de lembrar as pastorais que lutam pelas crianças, anciãos, doentes, encarcerados, lavradores etc... 
Leituras: Deuteronômio 30,10-14; Salmo 18,b; 
Colossenses 1,15-20; Lucas 10,25-37. 
1. Jesus conta a parábola do samaritano para explicar ao doutor da lei quem é seu próximo. Os dois homens que passam ao largo representam os que dedicam sua vida à ciência da fé e ao culto. Jesus mostra que o amor a Deus, que está no mandamento, passa pelo amor ao próximo. Jesus faz ver que a verdadeira religião não está no conhecimento, nem no status religioso, mas na tomada de posição pelo próximo, sobretudo o sofredor. 2. Somos os próximos de cada pessoa. Jesus, ao colocar duas pessoas da classe religiosa, cultual, mostra que a religião está na fé que acontece através do amor. Somente assim o culto toma sentido e consistência. É fácil fazer uma religião sem compromissos com o irmão. Não custa, mas não rende. 3. Cristo é imagem do Deus invisível, sobretudo imagem de sua compaixão. O Filho vem ao mundo como o bom samaritano que se inclina sobre a criatura ferida. Quando temos os sentimentos de Jesus, será Ele a agir em nós. Jesus se identifica conosco.
O endereço do amor 
Conhecemos muito bem a parábola do bom samaritano. O fariseu perguntara: “Quem é meu próximo?” Jesus quer dizer que quem faz caridade realiza o Reino do amor. O amor é a síntese de todos os mandamentos. Os samaritanos eram hereges para os judeus. Jesus explica que temos a herança eterna quando amamos e não só pela classe que temos na sociedade ou Igreja. O homem estava caído, ferido. Passou um sacerdote, quer dizer pessoa de uma classe bem respeitada. Não parou. Foi embora. Passou um levita, isto é, um leigo de Igreja, bem intencionado. Não parou. Veio o pecador (assim pensavam) e fez tudo que o outro precisava, e até mais. Preocupou-se em continuar cuidando do homem. Quem é o próximo? Aquele que usou de misericórdia, seja lá quem for. O endereço do amor está em minha opção pelo amor. No fim vamos ser interrogados sobre o amor. 
Homilia do 15º Domingo Comum
EM JULHO DE 2007

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