sábado, 17 de setembro de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Apareceu um grande sinal do Céu”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
Aquela que acreditou
 
Desde tempos antigos o povo cristão reconheceu esse privilégio de Maria: ser levada ao Céu em corpo e alma. As narrativas de seus últimos dias nós as encontramos nos apócrifos. No século VIII é atestada a tradição de uma igreja construída sobre a tumba de Maria em Jerusalém, com a consequente celebração de sua Assunção. Em Roma, no tempo do Papa Sérgio I (687-701), já se tem notícia da celebração desta festa. Os muçulmanos, desde longínqua data, vão em peregrinação à dita casa de Maria em Éfeso, no dia 15 de agosto. Maria foi sempre o grande sinal que Deus colocou para nós. O texto do Apocalipse dizendo da Igreja, dá também uma Palavra de Deus sobre Maria. Por que esse interesse e devoção por Maria, na sua Assunção? A Igreja vê nela a realização completa da obra da redenção, porque ela acreditou. A fé que Maria demonstrou parte de sua fiel aceitação da ação do Espírito nela. Não só traz em si o Filho, mas é portadora do Espírito que toca Isabel e João em seu seio. Por isso, cheia do Espírito Santo, ela clama: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre” e acrescenta: “Bem aventurada aquela que acreditou” (Lc 1,41-43). Maria, no ato de fé, reconhece a Deus como o autor de todas as maravilhas que acontecem nela (49), e acontecem na Igreja, que também leva em seu seio o Salvador. A saudação de Isabel a Maria é a proclamação pascal do Cristo Senhor. 
Assimilada ao Filho 
O dogma da Assunção é mariano, pois se trata de Maria. Mas, na realidade, é uma Verdade de Cristo que acontece em Maria: “Em Adão todos morrem, assim também, em Cristo todos reviverão [...] é preciso que Ele reine até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte” (1Cor 15,22.25-26). Em Maria, como protótipo para toda a humanidade, é realizado integralmente esse plano da redenção. Não precisamos esperar para ver se é verdade. Desde sua concepção imaculada, sua maternidade divina e virgindade integral, Maria, por dom e por obediente colaboração, tornou-se um evangelho do cumprimento das promessas. A festa de hoje celebra a memória da total assimilação da Mãe de Deus a Seu Filho, na glorificação daquela que primeiro foi levada ao Céu e seguiu o Filho na Glória divina. Essa é nossa esperança, já realizada nela. Ao ser proclamada por Isabel “Mãe de meu Senhor”, Maria recebe o reconhecimento de todos os que são movidos pelo Espírito. Ela é templo do Espírito, Arca da Aliança, Cidade do grande Rei. A festa tem sua fonte na Escritura, na santa Tradição e nos Santos Padres. 
Missão redentora de Maria 
A Assunção de Maria dá também a certeza de que essa caminhada de glorificação começa, no momento presente, na transformação das estruturas humanas em Reino de Deus. Maria, em seu canto de louvor a Deus (Magnificat), resume o evangelho libertador que Cristo anuncia em Nazaré: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para evangelizar os pobres, proclamar a remissão dos presos, aos cegos a recuperação da vista, para restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor” (Lc 4,18-19). Maria propõe a transformação: dispersou os soberbos, derrubou os poderosos dos tronos e elevou os humildes. Encheu de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias. Socorreu a Israel, seu servo, tudo pela misericórdia de Deus que nos visitou, como reza Zacarias (Lc 1,78). Só celebra bem Maria quem faz memória de Cristo e memória dos sofrimentos dos pobres e da atenção de Deus por eles. 
Leituras: Apocalipse 11,19ª;12,1.3-6ª.16ª b; 
Salmo 44;1Cor 15,20-27ª; Lc 1,39-56. 
1. A festa tem presença em longa tradição. Mesmo os muçulmanos a atestam visitando sua casa em Éfeso no dia 15 de agosto. A Igreja vê em Maria a realização completa da obra da redenção, porque Maria acreditou. Ao ir a Isabel, traz no seio o Filho, mas é portadora do Espírito. Em seu ato de fé, reconhece a Deus como autor de todas as maravilhas que nela acontecem. A saudação de Isabel é proclamação pascal de Cristo. 
2. O dogma da Assunção é mariano, mas também cristológico, pois diz da verdade de Cristo que acontece em Maria. Em Cristo todos reviverão. Cristo vence os inimigos, e o último a ser vencido é a morte. Em Maria Ele venceu a morte. Em Maria é realizado integralmente o plano da redenção. Ela é Templo do Espírito Santo, Arca da Aliança, Cidade de Deus. A festa tem sua fonte na Escritura, Tradição e Santos Padres. O povo sempre creu.
3. Maria dá a certeza de que essa caminhada de glorificação começa no momento presente, na transformação das estruturas humanas em Reino de Deus. Em seu Magnificat ela resume o projeto que Cristo proclama em Nazaré (Lc 4,18-19). Só celebra bem Maria quem faz memória de Cristo e memória dos sofrimentos dos pobres e da atenção de Deus a eles. 
Quem é essa mulher? 
Nossa Senhora bagunçou o coreto. Imagina que ela, além de conceber Jesus do Espírito Santo, quando visita Isabel, deu para ela o Espírito. Assim lemos: À voz da saudação de Maria, Isabel ficou tão cheia do Espírito que o Batistinha saltou em seu ventre. Mais ainda: O Espírito que a animava e acompanhava a gestação de Jesus, deu-lhe uma consciência social profunda: mudar o quadro social, porque todos são amados com misericórdia por Deus. Depois de sua vida terrena, foi levada para o Céu. Agora, vestida de sol, com uma coroa de 12 estrelas na cabeça, lembrando os 12 apóstolos, ela é a prova que Deus nos quer todos lá, felizes. Quem não sabe quem é essa mulher? 
Homilia da Solenidade da Assunção de Maria
EM AGOSTO DE 2007

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