terça-feira, 6 de setembro de 2022

Beata Julia Stanisława Rodzińska, Irmã Dominicana e mártir (+1945)

Comemoração: Martyrologium Romanum 
em 20 de fevereiro (dies natalis). 
Ordo Fratorum Praedicatorum em 06 de setembro. 
Julia Rodzińska, cujo nome secular era Stanisława, nasceu em 16 de março de 1899 em Nawojowa, diocese de Tarnów, no sul da Polônia. Ela era a segunda de uma família de cinco filhos. Seus pais eram muito religiosos: seu pai, Michel, era organista na igreja do vilarejo. Julia tinha oito anos quando sua mãe morreu. A família era muito próxima às religiosas da Ordem Terceira Dominicana de Wielowieś, da qual a Madre Stanisława Leniart havia fundado o convento local. Elas possuíam uma escola, uma enfermaria e eram responsáveis pela catequese das crianças da região. Ao ficar órfã, Julia foi recolhida ao convento com sua irmã menor, Janine. Durante a ocupação austro-alemã, já aos dezessete anos, ela entrou como postulante no convento de Wielowieś, fazendo posteriormente seus primeiros votos sob o nome de Irmã Maria Julia, em Cracóvia, parte da antiga Polônia austríaca que acabara de ser anexada à nova República polonesa. A jovem continuou seus estudos pedagógicos em Poznan. A Polônia renascia das cinzas, e as Irmãs fundavam ou reforçavam as comunidades dominicanas do país reunificado. Elas fundaram um orfanato em Wilno, que havia estado no centro da guerra polono-lituana, assim como em Rava Ruska, perto de Lvov. Julia professou seus votos definitivos em 1924, e foi apelidada como “a mãe dos órfãos”; organizava escolas e colônias de férias para as crianças carentes. Tinha particular devoção pelo rosário, que está na base da espiritualidade dominicana. Em 1934, era a Superiora do orfanado de Wilno, onde acolhia crianças de diferentes origens, e as autoridades da cidade lhe eram muito gratas por seu trabalho. Em setembro de 1939, quando a Polônia foi invadida, Wilno (então Vilnius) passou para as mãos dos Soviéticos. Julia teve que fechar a escola, continuando secretamente a dar aulas de religião e de polonês, língua então proibida. Quando os alemães tomaram a região, ela continuou suas atividades clandestinas. Em julho de 1943, Irmã Julia foi presa pela Gestapo e detida na prisão de Lukiszki em Wilno, aí permanecendo encarcerada durante um ano em isolamento estrito, num cubículo de cimento onde não podia se mexer. As Irmãs aprisionadas eram torturadas física e psicologicamente, e inúmeros prisioneiros eram executados. Em julho de 1944, Irmã Julia foi transferida para o campo de concentração de Stutthof, perto de Gdansk. A viagem durou vários dias, num vagão de gado, com pessoas doentes e moribundas. As Irmãs foram violentadas na chegada ao campo. Irmã Julia foi colocada no setor judeu do campo sob o número 40992 tatuado em seu braço. Estava previsto o rápido extermínio dos deportados para este setor. Porém isso acabou levando mais tempo, pois novos trens transportando judeus não paravam de chegar. A fome, a tortura, o terror, o trabalho exaustivo e o sadismo dos guardas faziam parte da rotina quotidiana. As mulheres mais frágeis eram selecionadas todos os dias para morrerem nas câmaras de gás. Ainda que a maior parte das prisioneiras de sua barraca fossem judias vindas de toda a Europa, Irmã Julia organizava com elas uma oração comum quotidiana. As sobreviventes lembravam da sua coragem, da sua oração, da sua esperança e generosidade. Ela partilhava seus poucos alimentos com as prisioneiras, que lhe pediam para intervir em caso de conflitos. Ewa Hoff, uma judia que sobreviveu ao campo, escreveu sobre Julia: “Ela era nobre, desejosa de ajudar, boníssima. No campo, onde toda piedade era totalmente esquecida, ela servia com misericórdia.” Quando orava, Irmã Julia permanecia de joelhos e não se levantava quando os guardas entravam nas barracas, o que os desconcertava. Sabendo que o marido de uma das prisioneiras, que se encontrava numa outra seção do campo, queria se suicidar, Irmã Julia conseguiu várias vezes fazer com que lhe enviassem cartas para convencê-lo a não perder a esperança. No fim das contas, ele sobreviveu ao campo e à guerra. Em novembro de 1944, um setor do campo foi fechado para os doentes acometidos pelo tifo, e Irmã Julia se voluntariou para juntar-se a eles. Em meio a corpos pútridos e famintos, ela levou esperança e caridade. Conseguiu tirar uma mulher que ainda estava viva do meio de um monte de corpos destinados à cremação. Esta mulher sobreviveu e homenageou o serviço de Irmã Julia. Quando os prisioneiros foram libertados do campo, em 30 de janeiro de 1945, havia no setor judeu 6.922 mulheres agonizantes; Irmã Julia estava entre elas. Morreu de tifo em 20 de fevereiro de 1945. Julia (Stanisława) Rodzińska foi beatificada em 13 de junho de 1999 por São João Paulo II (Karol Józef Wojtyła, Papa entre 1978-2005), em sua sétima viagem apostólica à Polônia. Na ocasião, outros 108 mártires vítimas das perseguições nazistas de 1939 a 1945 foram igualmente beatificados. 
Tradução e Adaptação: Gisèle Pimentel

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