terça-feira, 12 de julho de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Hoje nasceu o Salvador”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
AO LADO:PADRE BRANDÃO(+)
AMBOS NA PAZ DO SENHOR
Resplandeceu a verdadeira luz
 
Chegados que somos de tantos caminhos, nós nos reunimos diante de um presépio, com os olhos esbugalhados diante de um presente que se abriu. Deus feriu de alegria nossos corações. Um raio de sua luz divina irrompeu nas trevas dos séculos da humanidade. Certamente houve tantos clarões de aurora desde o primeiro instante da criação, desde a criação do povo de Israel e mesmo no paganismo. Mas somente ali, na gruta humilde é que explodiu em nossa humanidade a divindade. Tantos seres e coisas, até homens foram feitos deuses, somente Deus se fez Homem. Ali. “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). É uma noite de luz. A liturgia dessa noite de Natal está toda iluminada. Rezamos: “Deus que fizestes resplandecer esta noite santa com a claridade da verdadeira luz...” (Oração da Missa). Essa luz ilumina os povos, de modo particular o sofrido povo de Israel, portador das promessas divinas para o mundo: “o povo que andava na escuridão viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu” (Is 9,1). Há um grande paralelismo entre no Natal e a Ressurreição, tanto que um calendário litúrgico dos anos 350 (O Cronógrafo) anota: “Natal do Senhor na carne. Páscoa”. A luz do Natal sai da gruta - na Ressurreição da gruta do túmulo. O Menino foi envolto em faixas - no túmulo estão as faixas. Alegria dos pastores - alegria das mulheres. Os anjos aparecem aos pastores - os anjos estão no sepulcro. O Ressuscitado é aquele que veio na carne. Na eucaristia celebramos o mistério pascal de Cristo unindo ao mesmo tempo todos os acontecimentos de sua vida. A mesma luz resplandece sobre nós “para que, vislumbrando na terra este mistério, possamos gozar nos céus de sua plenitude (Natal)” – “vivamos na luz da vida nova” (Páscoa). A celebração é um empenho de vida. 
O Verbo se fez carne 
No Natal temos 3 missas: da noite, da aurora e do dia. O mistério é tão grande que precisamos de mais espaço para celebrar mais intensamente, se bem que uma só Eucaristia já condense em si todo o mistério da redenção. Celebramos a vinda de Cristo na carne, nossa humanidade. Ele veio da parte do Pai para nos comunicar Seu segredo; Porisso a carta aos Hebreus escreve: “Muitas vezes e de muitos modos Deus outrora falou aos nossos pais pelos profetas; nestes dias, que são os últimos, falou-nos por meio do Filho” (Hb 1,1-2), na dimensão carne, como diz João, “e o Verbo se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos sua glória, glória que recebe do Pai com o Filho Unigênito, cheio de graça e de verdade” (Jo 1,14). Carne no sentido hebraico é toda a realidade humana de sua pessoa. Cristo se fez um de nós, de nossa humanidade. Ele é nosso irmão. Mas não podemos nos esquecer que Ele é o Verbo de Deus, o Filho Unigênito do Pai, que, mesmo estando oculto pelo véu da carne, não deixa de ser divino. Por isso, Ele, ali no presépio, vive em união com o Pai. Por isso nós o adoramos e abrimos nossos presentes. 
Príncipe da Paz 
As leituras de Isaias comentam sobre a paz que Ele nos traz: Houve uma liberação e Ele é o Príncipe da Paz (Is 9,6). O profeta continua dando boas notícias vendo de longe a libertação do povo. Agora Cristo traz essa liberação: “Como são belos sobre os montes, os pés de quem anuncia e prega a paz de quem anuncia o bem e prega a salvação e diz a Sião: ‘Reina teu Deus!’” (Is 52,7). O Natal é festa da fraternidade que, sendo a Paz, introduz-nos na busca da paz. “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens”, cantam os anjos. 
Leituras: 
(Missa da Noite): Is 9,1-6; Sl 95; Tt 2,1-14; Lc 2,14;
(Missa do Dia):Is 2,-10;Sl 97;Hb 1-6;Jo 1,1-18. 
1. No Natal, um raio de luz irrompe no mundo. Desde os inícios do universo já havia sinais. Agora explodiu a divindade na humanidade. O Verbo se fez carne e habitou entre nós. É uma liturgia cheia de luz. Note-se que há um grande paralelismo entre Natal e Ressurreição. Um antigo calendário litúrgico (350) escreve: “Natal do Senhor na carne – Páscoa”. A mesma luz nos convida a viver um empenho moral de vida. 
2. Deus falou de muitos modos no passado a nossos pais. Agora falou através do Filho. Contemplamos Cristo na dimensão da carne: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. Carne significa toda a realidade humana. Sendo nosso irmão, Ele continua Verbo de Deus, Filho Unigênito do Pai. Mesmo estando oculto pelo véu da humanidade, não deixa de ser divino. 
3. Ele é o Príncipe da Paz. Ele traz a libertação: “Como são belos sobre os montes os pés dos que anunciam a paz e anuncia e prega a salvação e diz a Sião: ‘Reina o teu Deus”’. Os anjos cantam: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados”. 
Chorinho novo 
“Quando um silêncio profundo envolvia todas as coisas e a noite mediava o seu rápido percurso, tua palavra onipotente precipitou-se do trono real dos céus” (Sab 18,14). Naquele silêncio um chorinho despertou os Anjos para cantar Glória. Para tanta gente que chorava, esse chorinho secou-lhes as lágrimas e o sorriso brotou em seus lábios, “pois nasceu um pequenino ... traz nos ombros a marca da realeza”. A graça de Deus se manifestou. Ela nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões. Nada como querer ninar o Menino e sentir o prazer de amar.
Homilia do Natal do Senhor
EM DEZEMBRO DE 2006

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