Evangelho segundo São Mateus 5,17-19.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não penseis que vim revogar a Lei ou os profetas; não vim revogar, mas completar.
Em verdade vos digo: antes que passem o céu e a Terra, não passará da Lei a mais pequena letra ou o mais pequeno sinal, sem que tudo se cumpra.
Portanto, se alguém transgredir um só destes mandamentos, por mais pequenos que sejam, e ensinar assim aos homens, será o menor no Reino dos Céus. Mas aquele que os praticar e ensinar será grande no Reino dos Céus».
Tradução litúrgica da Bíblia
Bispo de Hipona(norte de África),
doutor da Igreja
Tratados sobre os salmos,149
«Não vim revogar, mas completar»
Irmãos, cantemos ao Senhor um cântico novo (cf Sl 149,1). Para o homem velho, o cântico velho; para o homem novo, um cântico novo. Antiga aliança, cântico antigo; nova aliança, cântico novo. As promessas da antiga aliança são sobretudo de ordem temporal e terrena. Os que continuam ligados às coisas da Terra cantam ainda o cântico antigo; para cantar o cântico novo, é preciso amar os bens eternos. Esse amor é ao mesmo tempo novo e eterno; é sempre novo, porque nunca envelhece.
Mas, se pensarmos bem, esse amor é antigo; como poderá então ser novo? Meus irmãos, a vida eterna terá nascido ontem? A vida eterna é Cristo e, enquanto Deus, Ele não nasceu ontem. Porque «no princípio era o Verbo e o Verbo estava em Deus; Ele estava no princípio com Deus. Tudo foi feito por Ele; sem Ele nada foi feito» (Jo 1,1s). Se fez as coisas antigas, Ele tem de ser eterno, coeterno com o Pai. Nós é que, pelo pecado, caímos no envelhecimento.
O homem envelheceu em consequência do seu pecado; foi pela graça de Deus que foi renovado. E são os que foram assim renovados em Cristo que cantam um cântico novo, porque começam a estabelecer-se na vida eterna.
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