quarta-feira, 11 de maio de 2022

ANTONIO GALVÃO DE FRANÇA franciscain, saint 1739-1822

Frei Galvão foi um franciscano da Ordem de Alcântara que viveu na pobreza e na obediência. Um irmão simples. Simples em tudo: em sua pessoa, em sua obra, em seus escritos. O que ele fez foi descrito como: "Ele não impôs nada, não ostentou nada, não fez nada para impressionar, não exigiu nada". A força de suas virtudes e o testemunho de sua vida atraíam as pessoas e iluminavam o ambiente em que vivia. A ponto de tornar sua presença preciosa e insubstituível. Frei Galvão nasceu em 1739 e faleceu em São Paulo em 23 de dezembro de 1822. Naquela época, importantes acontecimentos históricos e religiosos aconteciam no Brasil e em São Paulo… A sua vida abrange um período que vai da era colonial à transformação do país em império e aos primeiros meses da independência. E é uma história marcada pela presença e ação dos missionários da Igreja Católica, incluindo os franciscanos, que, durante o governo do Marquês de Pombal, que era seguidor da filosofia do Iluminismo, sofreu fortes restrições. São Paulo era então uma capitania, depois uma província, dependendo do Rio de Janeiro. Foi o ponto de partida dos “bandeirantes-descobridores”, garimpeiros de ouro e pedras preciosas, e muitas vezes esteve em guerra para defender seu território contra os espanhóis ou em busca de indígenas ou negros importados da África para trabalhar como escravos. É nesse difícil contexto que a figura influente desse homem de Deus aparece "recomendável por suas virtudes" e no ápice por sua caridade, virtudes que o levaram a compartilhar as angústias e as esperanças de seu povo ainda submetido à escravidão e vivendo em estado de profunda degradação humana e social. Não há dúvida de que foi por sua caridade sem limites que os paulistas quiseram mantê-lo em seu meio por toda a vida. Não poderiam viver sem ele, como atesta a carta da Câmara do Senado de São Paulo em que está escrito: “Ele era o socorro dos pobres”, “a consolação dos aflitos…”. Depois de estudar com os jesuítas em Belém e ingressar nos franciscanos em 1760, passou o resto da vida em São Paulo. A sua personalidade e a qualidade da sua formação foram imediatamente notadas pelos seus superiores que lhe confiaram muitas tarefas de responsabilidade, bem como pelas pessoas cultas e pelas pessoas que “o escutavam com grande confiança e vinham de regiões distantes, quando eles precisavam dele". Procuravam-no pela fama de homem de paz, “para pôr a paz nas discórdias, nas famílias e também para resolver os assuntos temporais”, dizem-nos os actos. Assumiu, a partir de 1768, a delicada tarefa de porteiro, pregador e confessor do convento de São Francisco, tarefa que desde então continua a ser a sua actividade principal. De facto, exerceu até ao fim o ministério da confissão no convento franciscano e no “Recolhimento Nossa Senhora da Conceição da Luz”, convento de freiras que fundou como laus perennis em 1774, no coração de São Paulo e que continua a ser o seu trabalho tangível hoje. Gastou todas as suas energias para a sua construção e morreu ali, aos oitenta e quatro anos, num colchão miserável, colocado no chão, atrás do tabernáculo da igreja. Uma personalidade muito precisa, límpida, reta, corajosa, de inteligência clara, que lhe permite estar sempre atento às necessidades daqueles que lhe são confiados e que estão prontos a procurar a ajuda mais eficaz; uma pessoa que revela seu temperamento forte quando, por exemplo, se trata de denunciar o que é contrário à justiça ou quando defende os fracos e os que sofrem injustiça, como demonstra, entre outras coisas, sua atitude em 1780 , sobre o ocasião do conflito com o capitão-governador de São Paulo, que termina com a renúncia do governador. Em 1780, o capitão Martim Lopes de Saldanha, conhecido pelo seu despotismo, condenou à morte um soldado que tinha sido maltratado pelo filho e que, em resposta, o feriu ligeiramente. Uma sentença injusta que provoca a reação dos paulistanos. Entre os defensores do soldado Caetaninho está frei Galvão, que fica do lado desse soldado e condena o abuso de poder do governador. No entanto, apesar dos protestos, o soldado é executado. E, não satisfeito com essa execução, o capitão condena Frei Galvão ao exílio. A ordem é definitiva: o irmão deve sair de São Paulo em vinte e quatro horas. Mas a notícia do exílio de frei Galvão imediatamente se espalha pela cidade e a população volta a se mobilizar plenamente. Em pouco tempo a casa do governador é cercada por uma multidão de homens armados. O capitão, diante da rebelião do povo, não tem escolha a não ser encerrar a sentença de exílio. E assim que a ordem é revogada, as pessoas buscam frei Galvão e o trazem de volta ao convento. “O querido Santo Padre foi encontrado. A cidade agora pode descansar porque recuperou seu grande tesouro”. É o que consta nos escritos. Sim, e cabe ainda ressaltar que essa fama de santidade é a principal característica de frei Galvão. Durante sua vida, no momento de sua morte e post mortem. Até hoje. Os testemunhos falam de uma devoção viva, sem problemas ou interrupções. Frei Galvão sempre foi objeto de grande veneração em São Paulo e em todo o Brasil, como também demonstra a difusão popular das “pírulas de frei Galvão”. São “papelinhos”, pequenos pedaços de papel enrolados como papéis enrolados nos quais está escrito em latim uma invocação à Virgem Maria. É uma forma de devoção que nasceu de um episódio da vida de Frei Galvão. Desde então, os milhares de fiéis que vão rezar e pedir graças no seu túmulo levam e ingerem estes comprimidos feitos hoje pelas freiras do Mosteiro da Luz. Frei Galvão, é verdade, fez o contrário do que fazem os “gurus”. Ontem e hoje. Tornou-se extraordinário em sua vida ordinária de sacerdote, como poderia ser naquelas circunstâncias e como pode ser hoje, sem artifícios ou promessas vãs, sem “efeitos especiais”. Frei Galvão é uma dessas almas que se fizeram grandes diante de Deus e dos homens, na humildade e no cumprimento perfeito dos deveres cristãos, sem incomodar as pessoas com fatos aparentemente extraordinários; e conseguiu entrar no coração das pessoas a ponto de ali permanecer ao longo dos séculos. A importância desta causa, também neste momento da vida da Igreja brasileira, vem do fato de mostrar e provar o valor de uma vida sacerdotal vivida de forma evangélica e passada de forma apostólica a serviço de seus irmãos . . , especialmente dos mais pobres, dos mais necessitados, para a glória de Deus. Brasiliensis Ecclesiae decori praeclarissimo. No frei Galvão, o povo, de onde vem o irmão e ao qual pertence, encontrou um modelo, um estímulo ao bem, à caridade, à oração. Esta canonização é um ato histórico. Uma data histórica. Antonio de Sant'Anna Galvão é o primeiro santo nascido no Brasil. É um brasileiro cem por cento elevado à honra dos altares da Igreja universal. Um homem de paz e caridade. E então, não esqueçamos, o Brasil também é o país com o maior número de católicos do mundo. E eu diria que foi quase um escândalo, que neste país onde tantas crianças trabalham pela evangelização e são ao mesmo tempo fruto eminente desta evangelização, não houvesse até hoje um santo canonizado, nascido nesta terra. 
Canonizado em 11 de maio de 2007, pelo Papa Bento XVI.

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