terça-feira, 5 de abril de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Quaresma, tempo do Batismo”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
54 ANOS CONSAGRADO
46 ANOS SACERDOTE
Vivência litúrgica do Batismo
 
Entre os dinamismos da espiritualidade batismal, está presente e urgente a vivência litúrgica do Batismo. Este se realiza em uma celebração ritual que, de acordo com o ano litúrgico, acontece na noite de Páscoa. A Quaresma é a preparação. O tempo pascal, até Pentecostes, é tempo para o conhecimento e a celebração da vida nova nascida nas águas do Batismo. As águas foram o sinal sensível e realizador de nossa participação no mistério Pascal de Cristo, isto é, sua vida, morte e ressurreição. A vivencia litúrgica, tanto na celebração, como no dia a dia, renovará a adesão a Cristo e à Igreja. Todo o tempo da Quaresma como da Páscoa ensina pela Palavra de Deus, pelas orações e ritos que são organizados de tal modo que nos auxiliam a fazer deste tempo, tempo do batismo. Como ensinamento, a primeira proposta é ter como meta a Noite Pascal. Ali, na memória da Páscoa do Senhor, vivemos a permanente passagem da morte para a vida. Para chegarmos a esse momento abrimos a Quaresma com a Quarta-Feira de Cinzas na qual damos o primeiro passo dispondo-nos à conversão. A segunda proposta é vivencial: Para viver o batismo é necessário a conversão permanente. A Palavra forma e o Espírito de Cristo modifica os corações. Por isso o rito pascal não é somente festa, mas um encontro salvador com Cristo. 
Buscai as coisas do alto 
No dia de Páscoa vamos ouvir estas palavras: “Vós que nascestes de novo, buscai as coisas do alto onde está Cristo à direita do Pai” (Cl 3,1). Cristo é a meta de chegada e a energia que conduz. Esta caminhada chama-se conversão. Não é somente sair de uma situação de pecado ou erro. É mais uma busca constante de crescimento. Está mal também quem não cresce e não procura sempre novos caminhos para melhor servir a Deus e a Seu povo. O caminho batismal da Quaresma e da Páscoa leva-nos a conhecer a Deus, buscá-lO com mais ardor e renovar as forças. O encadeamento das leituras dá uma catequese global que acompanha a comunidade nos diversos momentos dessa celebração. Na Quaresma não insiste só na penitencia, mas, sobretudo a renovação espiritual a partir do batismo. 
Dimensões espirituais da Quaresma 
Na Quarta-Feira de Cinzas fazemos o ritual de abertura do tempo da Quaresma, caminhada para a Páscoa. Abrimos também nossa disposição de conversão para renovar o Batismo na Vigília Pascal. No primeiro domingo são colocadas diante dos olhos da comunidade as 3 tentações de Jesus. São as nossas tentações. Nós somos tentados, e como Ele e nEle, vencemos. A tradição cristã oferece os meios de conversão: jejum, esmola e oração. São as referências básicas da pessoa humana: Deus o outro e o mundo. Pelo jejum me equilibro no mundo, dando o justo valor às realidades terrestre. Não se trata de passar fome, mas saber comer. Pela esmola, nós nos abrimos aos outros na fraternidade e na caridade que salva e cura. Pela oração nós nos voltamos a Deus, fonte de vida. Retornamos ao equilíbrio original da graça e superamos as consequências do pecado original que nos desequilibram no relacionamento de obediência a Deus; no relacionamento com o mundo (coisas materiais), nos ajustamos e respeitamos a ordem da natureza; no relacionamento com os irmãos restauramos a fraternidade. Assim podemos dizer no dia da Páscoa: Ressuscitamos com Cristo para uma vida nova. Cada pessoa recebe a força da Ressurreição e vive em Cristo a vida nova.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO 
EM FEVEREIRO DE 2006

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