domingo, 9 de janeiro de 2022

SANTOS JULIÃO E BASILISSA

São Julião de Antioquia foi um mártir do séc. IV, falecido provavelmente a 9 de janeiro de 302. Teria nascido cerca de 250, em Antioquia, cidade da Síria. Filho de uma família cristã, Julião casou com a jovem Basilissa aos 18 anos, a pedido da família. Ambos manifestaram o desejo de servir unicamente a Deus e fizeram o pacto de manter a castidade e ajudar os necessitados. Com a morte dos pais, o casal fez da casa um hospício com capacidade para mil pobres. Julião encarregou-se da ala masculina e Basilissa da feminina. Julião foi denunciado às autoridades por albergar cristãos e como se recusou a abandonar a fé em Cristo e a adorar os ídolos pagãos foi torturado por um longo período até morrer. Basilissa terá conseguido ainda ajudar os pobres e leprosos até falecer, a 18 de novembro de 304. 
Julião e Basilissa são lembrados pela Igreja Católica a 9 de janeiro, segundo o último ajuste oficial no Martirológio Romano. Existem mais 36 freguesias em Portugal cujo orago é S. Julião, mas não se trata sempre da mesma entidade, visto existirem diferentes santos com o nome de Julião. Há 36 freguesias no país cujo orago é S. Julião, embora possa não se tratar da mesma entidade. A esmagadora maioria (28) situa-se a Norte do Mondego, sendo os distritos de Braga (😎, Coimbra (5), Bragança (4), Viana do Castelo (4) e Viseu (3) os que apresentam maior número de casos. De acordo com Valentim da Silva a Igreja de Mangualde teve sempre por seu padroeiro S. Julião (S. Julião de Antiochia.) o que prova que a sua escolha obedeceu ao uso que desde a segunda metade do século XI, se adoptou pela invocação de santos e mártires, como oragos das mesmas Igrejas. Em conclusão: tudo nos leva a aceitar como o mais provável da verdade histórica a construção da Igreja de Mangualde dentro do período que decorre entre meados do século XI até ao final do século XII. Julião foi indevidamente confundido com um seu homónimo, designado por Julião Hospitalário. Só que este outro Julião, também conhecido por Julião, o Pobre, que tem uma igreja com o seu nome em Paris, é celebrado em 12 de Fevereiro. Tendo morto os pais, por engano, procurou redimir-se dedicando-se a obras de caridade, nomeadamente criando um hospital para pobres. É considerado santo padroeiro dos barqueiros, palhaços e trabalhadores de circo, peregrinos, pastores, viajantes e das profissões itinerantes, de uma forma geral. Assim se explica que também seja protector dos hospedeiros, estalajadeiros e donos de hotéis. Esta confusão em Mangualde surge tardiamente em virtude de se apelidar Mangualde como terra hospitaleira e daí o utilizar-se indevidamente o nome de S. Julião Hospitaleiro. E digo isto uma vez que a imagem de S. Julião, que se venera na Igreja Matriz tem a palma do martírio, o que nos diz que nada tem a ver com a lenda de S. Julião Hospitaleiro. Note-se que há mais santos com o nome Julião, celebrados respectivamente em 7 de Janeiro (Julião de Cagliari), 7 de Fevereiro (Julião de Bolonha, do séc. V), 17 de Fevereiro (Julião de Cesareia, queimado vivo em 309), 16 de Março (Julião de Anazarbo, na Ásia Menor, mártir em 302), 9 de Junho (que viveu no séc. IV), 18 de Julho, 25 de Agosto, 28 de Agosto (Julião de Auvergne ou de Brioude, decapitado em 304), 30 de Outubro (mártir em Alexandria) e 9 de Dezembro (Julião de Apameia, na Síria). O mais tardio de todos foi S. Julião de Toledo (falecido em 690), arcebispo daquela cidade (que se tornou Sé Primaz de Espanha e Portugal) e provavelmente o único com existência histórica comprovada. Foi um poderoso chefe da Igreja nos finais do domínio visigótico, sendo o responsável pela reunião de vários concílios e pela revisão da liturgia. Não são concordantes as informações acerca de Basilissa, que uns dizem ter sido martirizada com Julião e outros cristãos, enquanto fontes alternativas dizem ter sobrevivido a sete perseguições e ter morrido em paz, predizendo que o marido viria a passar pelo martírio, o que teria acontecido alguns anos mais tarde. Também não são coincidentes os dados acerca do local onde viveram e morreram. Há quem diga que a sua existência decorreu no Egipto. Quanto ao local do martírio, a maioria das informações indica Antioquia, o que não é muito coerente com o dado anterior. A data também varia consoante as fontes. Terá sido no reinado de Diocleciano, período fértil em perseguições aos Cristãos, em 302, cerca de 304 ou em 313. Segundo a versão mais difundida, S. Julião sofreu o martírio juntamente com 31 companheiros, incluindo Anastásio (recém-convertido ao Cristianismo), António (sacerdote), Basilissa (esposa de Julião), Marcionila e Celso (criança de sete anos, filho da anterior e do juiz que condenou Julião). Poupado pelas feras e tendo resistido às chamas, Julião acabou por ser decapitado. Note-se que há, pelo menos, uma freguesia no espaço nacional que tem como oragos em simultâneo S. Julião e Santa Basilissa: a de Frielas, no concelho de Loures.

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