quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “O Deus da fartura”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
46 ANOS SACERDOTE
O Senhor é bom para com todos
 
No paganismo havia deus para cada coisa. Havia também a deusa Fortuna. É já uma compreensão primitiva que está no coração das pessoas que em Deus estão todos os bens. Deus vai além: “é bom para com todos, sua ternura abraça todas as criaturas” (Sl 144). É o Deus da compaixão. A oração desse 18º domingo leva-nos a rezar: “Manifestai, ó Deus, vossa inesgotável bondade para com vossos filhos”. Essa inesgotável bondade de Deus se manifesta em Jesus. Paulo escreve a Tito: “Apareceu a bondade de nosso Deus (Tt 3,4). Cristo é a expressão encarnada dessa bondade que, como fartura, nos enriquece de todos os bens. Jesus é a expressão amorosa do Pai quando multiplica o pão para a multidão. Seu gesto provém de seu coração preocupado com que todos “tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10.10). “Jesus encheu-se de compaixão por eles e curou os que estavam doentes” (Mt 14,14). O salmo canta sua bondade: “misericórdia e piedade é o Senhor. O Senhor é bom para com todos, sua ternura abraça toda a criatura”. A presença de Deus já é um convite a nos aproximarmos da abundância como escreve Isaías (55,1-3): “Ó vós todos que estais com sede, vinde às águas. E vós que não tendes dinheiro, apressai-vos, vinde e comei... Ouvi e tereis vida”. É o Deus da fartura. Dele vêm todos os bens e em abundância. 
Nada nos separará do amor de Cristo 
Paulo, na carta aos Romanos dá o testemunho do quanto o amor de Deus é fundamental: “Quem nos separará do amor de Cristo... Tenho certeza de que nem a morte nem a vida... ou nenhuma outra criatura será capaz de nos separar do amor de Deus por nós manifestado em Jesus Cristo” (Rm 8,35.38-39). Esse amor manifestado em Cristo é uma vida, não só um sentimento. Ele é a fonte da vida e a vida é amor. Quando descobrimos o amor, nossa vida passa a ser amor. Não só nos tornamos realizadores do amor de Deus. Jesus resume toda a lei no amor e diz que o seu mandamento é que “nos amemos uns aos outros como Ele nos amou”. Para Jesus, amar é servir. Sua vida, milagres e morte, Ele a compreendeu como serviço. O que fazemos aos outros é expressão da compaixão de Jesus. Assim foram os santos. Assim seremos nós. 
Dai-lhes vós mesmos de comer 
A multiplicação dos pães não é somente um milagre, mas o programa de Jesus. Sua compaixão amorosa coloca em nossas mãos a responsabilidade: “dai-lhes vós mesmos de comer”. Cantamos em nossas celebrações eucarísticas: “Bastariam dois pães e dois peixes e o milagre do amor para saciar tanta fome e para curar tanta dor”. O grande milagre é tirar, do pouco que temos, a abundância. Nossa pequenez, tocada pela fartura de Deus tem a força da multiplicação. O cristianismo não é uma teoria, mas ação que é evangelho. Falamos muito, mas pouco fazemos. Temos receio de ter poucos recursos. Podemos tirar de nosso pouco a saciedade de uma multidão de pobres que só aumenta no mundo. Se tiramos nossos olhos dos pobres, seremos realmente os mais miseráveis do mundo. Tocados pela compaixão do Deus fartura, do Filho abundante redenção e do Espírito de toda graça, poderemos continuar a multiplicação de servir amor para a vida do mundo. Se nada nos separa do amor de Cristo, nada nos separará dos necessidades. 
Leituras:Isaias55,1-3;Salmo 144; 
Romanos8,35.37-39;Mateus14,13-21. 
Ficha 1. No paganismo havia a deusa Fortuna. É já uma compreensão, que está no coração humano, de que em Deus estão todos os bens e em abundância. “Deus é bom para com todos” Sl 144. Paulo ensina que a vinda de Cristo foi a manifestação da bondade de Deus (Tt 3,4). Jesus, na multiplicação dos pães é a expressão amorosa do Pai. A presença de Deus é já um convite a nos aproximarmos de sua fartura e abundância. 
2. Paulo, tendo experimentado esse amor abundante, escreve que nada nos separará do amor de Deus manifestado em Cristo. Ao conhecermos esse amor, nós também nos tornamos sua expressão através do serviço aos necessitados. Assim fizeram os santos 
3. A multiplicação dos pães não só um milagre, mas o programa de Jesus. Ele passa a nós essa responsabilidade: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Não se trata de tirar da abundância de bens que tenhamos, mas é justamente do pouco, multiplicado pela abundância do amor. 
Homilia do 18º Domingo do Tempo Comum
EM JULHO DE 2005

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