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| PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 53 ANOS CONSAGRADO 46 ANOS SACERDOTE |
Milagre que cura o coração.O povo corria atrás de Jesus porque curava a todos. Não vimos no evangelho que nenhum doente tivesse voltado para casa se lamentando: ‘curou a todos menos a mim’. Mas a finalidade de sua vinda ao mundo não foi fazer milagres, mas curar profundamente o coração humano. Este milagre da cura dos 10 leprosos mostra-nos bem a diferença de milagre e cura do coração. Os 10 pediram a cura a Jesus. Todos ficaram curados, mas somente um voltou para agradecer. Jesus se magoou na a falta de gratidão dos outros que não souberam passar da cura para a salvação. Jesus lhe disse: “levanta-te e vai! Tua fé te salvou”! É o mesmo fato que encontramos na primeira leitura onde se conta a cura do leproso sírio, general do exército. Ele foi curado e no seu agradecimento professa sua fé: "não há outro Deus além do Deus de Israel. “Só a ele oferecerá sacrifícios”. Percebemos que o milagre conduz à fé. Sem esta ele se torna bom, mas insuficiente. A fé do povo cristão, tanto católico como evangélico vive à cata de milagres. Muitos pedem bênçãos como se fôssemos obrigados a fazer milagres. O santo bom é aquele que faz milagres. Nossa Senhora de tantos nomes é para fazer milagres, senão não presta. Vemos os programas e propagandas de certas igrejas evangélicas ou de certos grupos de oração que vivem buscando fazer milagres. É fácil fazer milagre. O problema é assumir a fé em Jesus, tomar sua cruz e levar uma vida coerente. Bons milagres, mas melhor a fé que cura. Conheço o caso de uma moça italiana que foi a Lourdes e não pediu milagre, voltou na cadeira de rodas. Contudo, o grande milagre ocorreu: ela se tornou uma líder na defesa dos direitos dos deficientes. Provocou mudanças nas leis estatais. Este é milagre. Usar a deficiência para o bem dos outros.
Informando
A Palavra não está algemada: Paulo, prisioneiro, escreve na carta a Timóteo que Ele sofre nas prisões, mas a Palavra de Deus não está algemada. Nada bloqueia a Palavra de Deus. Assisti um filme (A.D. Anno Domini) que fala dos Atos dos apóstolos. Paulo ficou preso e algemado a um soldado o tempo todo. No final, quando é solto, o guarda diz: você está solto e eu preso a você pela Palavra de Deus. O Cardeal Van Thuan, de Hanoi – Viet Nam, logo depois de feito bispo, foi preso pelos comunistas e ficou 13 isolado com um guarda dia e noite vigiando. Ele converteu a todos que o vigiavam. O milagre maior não é libertar-se dos males, mas ser livre pela Palavra de Deus. Ouvi um cego de Araraquara dizer que começou a ver no dia que ficou cego. Nesta perspectiva necessitamos muito da cura de Jesus para que todas as estruturas da Igreja e todos os cristãos, nos seus mais diversos ambientes sejam verdadeiros anunciadores da Palavra.
Se formos fiéis Ele é fiel.
Vivenciando: Na carta a Timóteo Paulo cita um hino da comunidade: “Se com Ele morremos, com Ele viveremos. Se com Ele ficarmos firmes, com Ele reinaremos, Se nós o negarmos, também Ele nos negará. Se Lhe formos infiéis, Ele permanece fiel, pois não pode negar-se a Si mesmo” (2 Tim 2, 11,13). A liberdade de Cristo a nosso respeito e deixa-nos num belo jogo de reciprocidade. Ele sempre vencerá nosso amor, pois, mesmo quando somos infiéis, Ele permanece fiel. Como o Deus do Antigo Testamento: Diante da permanente infidelidade do povo, permanece fiel. Jesus assumindo nossas fragilidades, não perdeu sua fidelidade.
Ficha
1. Jesus cura os 10 leprosos e Eliseu cura Naamã. O milagre é grande. Mas Jesus se entristece porque os outros 9 não reconheceram nele o enviado de Deus. Somente o estrangeiro e fora do povo de Deus que agradece, quer dizer, reconhece em Jesus aquele que salva. O milagre é bom, mas crer em Jesus é o maior milagre. O povo busca o milagre e não busca Jesus, como fonte de vida. O milagre é para provocar a fé e a mudança do coração. Ai sim, houve um milagre.
2. Paulo escreve a Timóteo que ele está preso, mas a Palavra de Deus não está presa. Aquele que tem o coração curado, convertido, tem um coração livre e anuncia em todas as circunstâncias. Cito o caso do Cardeal Van Thuan, de Hanoi.
3. Cristo permanece fiel em nossas infidelidades. Assumiu nossas fragilidades, mas permaneceu fiel. Ele é nosso sim a Deus. Somos curados por sua fidelidade, quando formos fiéis. Com ele reinaremos, pois não pode negar a si mesmo.
Homilia do 28° Domingo do Tempo Comum
EM OUTUBRO DE 2004
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