São José não tem nenhuma fala nos Evangelhos. Não é necessário falar muito. José não é um silencioso ausente. Mas muito presente. Não fala por palavras, mas por atos que falam tudo o que é preciso. Os olhos falam, as mãos falam, as atitudes manifestam o que se quer dizer. É como nosso povo simples. Fala pouco, porque em pouco dizem tudo. Como era a vida em Nazaré? O que conversavam? Como se entendiam? Não é mistério porque os silêncios do homem se revelam nas ações. Nesta reflexão que faremos, procuraremos ler o texto do Papa Francisco e dizer alguma palavra. Assim escreve o Papa Francisco querendo fazer uma síntese: “Com coração de pai: assim José amou a Jesus, designado nos quatro Evangelhos como «o filho de José»” (Lc 4,22). São dois pontos que resumem tudo: Era o pai porque amava com o coração de pai. Podemos até levar adiante uma afirmação que ele ama com o Coração do Pai do Céu. Quis ser para o Menino como que uma presença permanente e visível do Pai do Céu. Para Jesus, na condição humana, a dimensão do amor do Pai se dava através da presença amorosa de José. Jesus amava o Pai espelhado na pessoa de José. Os evangelistas, tantos anos depois, não temem dizer aos cristãos que José era o pai. Do mesmo modo José se apresentava como o pai desse Menino. O Homem Jesus, em sua condição, aprendeu a se dirigir ao Pai, através de José que era para Ele a imagem do Pai. A Encarnação se dá através de Maria. Mas ela é continuada também através de José, pois ele a tomou como esposa.
Que pai sou eu?
“Ele fez como o Anjo havia dito e recebeu Maria como sua esposa” (Mt 1,24). Como a Divindade de Jesus ficou no silêncio, Assim o modo da paternidade ficou em silêncio. Homem de seu povo, soube completar a encarnação de Jesus no seu povo. Cumpriu sua missão de pai e esposo dentro do projeto de Deus. Ele era um homem “justo” (Mt 1,19), isto é, sabia viver sua condição diante de Deus. Qual seria o sentido do casamento de José na Encarnação de Jesus? Soube compreender como João evangelista diz: “Os que crêem, não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1,21). O evangelista Mateus (1,19), chamando-o de justo, diz que não quis denunciar Maria, mas repudiá-la sem comprometê-la. Sendo que o Filho era de Deus, resolveu-se a questão da paternidade e satisfez seu respeito por Maria. A dizer “tu lhe darás o nome de Jesus” comunica que o filho é de Deus e José, o pai, lhe dá a paternidade, pois era o pai quem dava o nome ao filho. E assim será dito pelo povo: “Não é Ele o filho de José?”(Lc 4,22).
Evangelho vivido
Não sabemos como foi a compreensão dos primeiros cristãos em relação a José. A doutrina foi esclarecida muito tempo depois. Podemos compreender que houve uma memória muito boa desse homem. A maioria não conheceu, pois deve ter partido bem antes de Jesus Se manifestar. Era o carpinteiro de Nazaré. A preocupação depois da Ressurreição era o anúncio. E logo vem a perseguição e até a dispersão dos cristãos de Jerusalém. Não havia muitos que O tenham conhecido. A reflexão que a comunidade conservou foi sua personalidade junto a Jesus. Podemos comparar o interesse por José como temos hoje. Não nos preocupamos com a pessoa, mas com a devoção. No início a questão era a pessoa de Jesus, não tanto a descrição dos fatos. Agora podemos aprofundar.
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