Evangelho segundo São Mateus 12,1-8.
Naquele tempo, Jesus passou através das searas em dia de sábado e os discípulos, sentindo fome, começaram a apanhar e a comer espigas.
Os fariseus viram e disseram a Jesus: «Vê como os teus discípulos estão a fazer o que não é permitido ao sábado».
Jesus respondeu-lhes: «Não lestes o que fez David, quando ele e os seus companheiros sentiram fome?
Entrou na casa de Deus e comeu dos pães da proposição, que não era permitido comer, nem a ele nem aos seus companheiros, mas somente aos sacerdotes.
Também não lestes na Lei que, ao sábado, no Templo, os sacerdotes violam o repouso sabático e ficam isentos de culpa?
Eu vos digo que está aqui alguém que é maior que o Templo.
Se soubésseis o que significa: "Eu quero misericórdia e não sacrifício", não condenaríeis os que não têm culpa.
Porque o Filho do homem é Senhor do sábado».
Tradução litúrgica da Bíblia
(1110-1167)
Monge cisterciense
«Espelho da Caridade», III, 3,4
Observar o sábado
Primeiro, temos de transpirar fazendo boas obras, para depois repousarmos na paz da consciência. Desse modo, celebramos jubilosamente o primeiro sábado, repousando dos trabalhos servis deste mundo, deixando de carregar o fardo das paixões.
Mas podemos sair do quartinho onde celebrámos esse primeiro sábado e descer à sala da estalagem do nosso coração, onde é costume «rejubilar com os que estão na alegria e chorar com os que choram» (Rom 12,15), ser fracos com os que são fracos e arder com os que estão escandalizados (cf 2Cor 11,29). Aí, sentiremos a alma unida à de todos os irmãos pelo cimento da caridade; não seremos perturbados pelo aguilhão do ciúme, inflamados pelo fogo da cólera ou feridos pelas flechas da desconfiança; estaremos livres das devoradoras dentadas da tristeza. Se atrairmos todos os homens ao regaço pacificado do nosso espírito, onde todos se sentirão envolvidos e acalentados por doce afeto, «num só coração e numa só alma» (At 4,32), saboreando esta maravilhosa doçura, o tumulto das cobiças calar-se-á, o barulho das paixões abrandará e operar-se-á dentro de nós um total desprendimento de todas as coisas prejudiciais, um repouso feliz e pacificador, na doçura do amor fraterno. Na quietude deste segundo sábado, a caridade fraterna não deixa subsistir nenhum vício. Impregnado pela doçura pacificadora deste sábado, David exultou com júbilo: «Vede como é bom e agradável vivermos juntos, como irmãos!» (Sl 132,1).
Nenhum comentário:
Postar um comentário