quarta-feira, 2 de junho de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “Nas águas profundas de Deus”.

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
MISSIONÁRIO REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Experiência de Deus.
 
Ouvimos, a partir do convite do Papa para o 3º Milênio, que é preciso conduzir para águas mais profundas. Tornou-se então um belo slogan, chavão, que cai logo no vazio. Elas podem, contudo, dar-nos um estímulo muito grande de ir às profundezas de Deus. A liturgia, no evangelho de hoje, convida a “lançar as redes nas águas profundas (Lc 5,1-11). É um convite à missão e ao apostolado. Na primeira leitura (Is 6,1-2.3-8), no versículo 8, ouvimos a voz de Deus: “ A quem enviarei? Quem irá por nós?” O profeta responde: “Eis-me aqui, enviai-me”. É um homem disposto. Mas de onde vem sua força de missão? Vem de sua experiência de Deus acontecida no templo, como narra a leitura. Experimentar a profundeza da grandiosidade de Deus diante do qual se sente pequeno. É fundamental para a vida do cristão uma experiência de Deus. Sem ela, temos uma fé vazia e sem futuro. Cada um tem uma experiência diferente. Para algum pode ser grandiosa, como Paulo e Isaias, Para outros é silenciosa e discreta, como o orvalho silencioso, como aconteceu com Maria. Foi silenciosa, mas tão fecunda que pôs em seu seio o Unigênito de Deus. É preciso provar. Os conceitos são necessários, mas “provai como o Senhor é bom. Feliz de quem nele encontra seu refúgio” (Sl). 
Experiência da brasa ardente. 
O profeta Isaias, em seu temor e pecado, recebe a segurança do próprio Deus: “O anjo tomou uma brasa e tocou sua boca...” (Is 6,6). O toque de Deus está à nossa disposição, supera a fraqueza e pecado e nos dispõe ao anúncio. É necessário ser tocado pelo fogo divino para ser um coerente anunciador da Palavra de Deus através do testemunho e da palavra. É preciso ser tocado. Jesus repete esta cena do profeta quando diz aos discípulos que não haviam pescado nada toda a noite: “lançai as redes para a pesca”. Pedro diz: “...Em atenção a tua palavra, lançarei as redes” (Lc 5.5). A pesca é abundante. O mesmo temor de Isaías invade os discípulos. Pedro diz: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um homem pecador” (Lc. 5,8). E Jesus responde: “De hoje em diante serás pescador de homens” (5.10). Reconhecer a própria fragilidade é dar segurança a Deus de ser um ministro completo da palavra. 
Três experiências necessárias. 
Necessitamos de três experiências para podermos anunciar com segurança e conteúdo a Palavra de Deus: experiência do divino, experiência da fragilidade, e a experiência do mar profundo, isto é, do mar que temos à frente suspirando pela redenção. Quanto sinto a sede de anunciar é que já fui tocado pela brasa da experiência divina. Saber-se frágil e pecador é o primeiro espaço para a experiência e a força para o anúncio. Iniciando o novo ano pastoral, devemos repensar, além dos planos, o fundamento de todo plano: a experiência de Deus no mar profundo das necessidades do mundo. 
(Leituras:Isaias 6,1-2a.3-8; 
1 Coríntios 15,3-8.11;Lucas 5,1-11)
Homilia do 5º Domingo do Tempo Comum
EM FEVEREIRO DE 2004

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