terça-feira, 4 de maio de 2021

São Gregório, o Iluminador, bispo (240-325)

Vida de São Gregório, 
O Iluminador da Armênia
São Gregório, o Iluminador, e o Rei Tirídates III são figuras transcendentes na história armênia. Graças a eles o povo armênio se fez cristão, total e definitivamente. Assim o cristianismo imprime um novo rumo à vida política, social e cultural dos armênios. Gregório, educado na Capadócia grega, Tirídates, formado em Roma e protegido do Imperador Diocleciano, darão à Armênia uma orientação clara do mundo greco- romano. No campo social, a nova religião é força fundamental que guia a vida familiar, a educação, os costumes e a vida moral do povo; a Igreja é inseparável da vida quotidiana de seus fiéis, é sua protetora, sua dirigente, sua educadora. As virtudes cristãs dapiedade e da caridade são o principal adorno da mulher e do homem armênios. É em seu paísque aparecem os primeiros hospitais. A literatura e as artes são de inspiração genuinamente cristãs. Membros da família Mamikonyan, Vartan, Vahan e o sacerdote Ghevont (Leôncio) são os antecessores e símbolos de todos aqueles que, através dos séculos, lutam para assegurar à sua pátria a liberdade de viver a sua fé cristã. Há cristãos na Armênia antes de São Gregório, o Iluminador. Missionários do Leste e do Sul vem para evangelizar a Armênia. Segundo uma tradição venerável, os Apóstolos Tadeu e Bartolomeu pregam na Armênia e ali são martirizados. O historiador Eusébio de Cesareia nos fala desses núcleos cristãos armênios. Cita um bispo Armênio chamado Meruzanes. Porém, essas comunidades, vivendo e atuando na clandestinidade, não tem maior importância na vida da Armênia. Com a conversão de Tirídates e a ação apostólica de Gregório, o cristianismo se transforma em religião de Estado e atua em plena luz. O próprio Rei, secundado por sua irmã Khosrovidukht e a Rainha Ashkhen, desenvolve um apostolado intenso e valioso para converter seu povo ao cristianismo. Seguindo o exemplo dado pelo Rei, diz-nos o historiador Agatângelo, são levados ao batismo os nakharark’ (senhores provinciais) com todos os seus súditos. Torna-se difícil crer que as massas aceitaram o cristianismo sem apresentar resistência e que toda a nobreza fosse sincera em sua conversão. Nem os nobres, nem o povo estavam preparados para uma mudança tão radical, nem dispostos à renunciar a vida pagã, a seus caros deuses, como Aramazd, Anahit, Asdjik e tantas outras divindades complacentes a fim de adorar um novo Deus, ciumento, o qual não admite nenhuma outra divindade, que exige de seus fiéis uma vida santa, uma vida sacrificada, que manda amar os inimigos e perdoar as ofensas. A classe sacerdotal pagã é poderosa, dona de imensas propriedades, com milhares de servos a seu serviços, apoiada pelo Império persa protetor da religião masdeísta. Nem o exemplo dado pelo Rei, nem sua autoridade real são motivos suficientes para impor a nova religião, se não mediasse a personalidade avassaladora de Gregório, com sua grande santidade. O homem de Deus, movido por sua sabedoria e seu amor ao povo, usa de sua prudência. Enquanto os homens a mando do Rei destroem os templos pagãos e erguem igrejas cristãs, Gregório distribui aos operários e pobres as riquezas dos templos e cede aos camponeses parte das terras pertencentes ao culto pagão. Sem essas medidas, não chegariam a frear o furor dos mais exaltados, abrem os olhos dos demais para descobrir virtudes desconhecidas na nova religião: caridade, justiça social e novas relações humanas que enobrecem as pessoas. Os primeiros historiadores armênios exaltam a obra e as virtudes de Gregório. Agatângelo recolhe seus ensinamentos e relata a história da conversão da Armênia e as obras maravilhosas de seu herói. O povo armênio capta tão genuinamente a mensagem de seu Apóstolo que lhe dá o epíteto de Lussavoritch, “o Iluminador”. E quando o Império russo exigiu da Igreja Armênia um nome específico, chamou-a de Lussavortchakan Yekeghetsi, isto é, “Igreja Iluminadora”, que, no Ocidente, soou “Igreja gregoriana”. Em um estilo ameno, o autor quer penetrar no significado profundo da vida e obra do Apóstolo da Armênia. Ele segue seus passos através das antigas fontes, da reflexão dos historiadores e dos filólogos, mostrando assim que São Gregório, o Iluminador, é mais do que alguém que buscou isoladamente a Deus. Ao ler essas páginas, não somente para conhecer a história cativante do Iluminador, em sua versão tradicional, mas com piedade, admirando as maravilhas que Deus realiza em favor do povo armênio por meio de seu Confessor Gregório. O grande Pascal invocava o “Deus de Abraão, Isaac e Jacó e não o Deus dos filósofos”, querendo com isso dizer: o Deus de amor, amigo do ser humano, o Deus Salvador e não o Deus Primeiro Motor ou Causa das Causas. O mesmo digo eu de São Gregório, o Iluminador: Não o Gregório submetido em sua vida e em sua obra ao bisturi da crítica dos eruditos, mas o Gregório que converte ao Cristianismo o povo armênio, o Gregório venerado e amado com devoção por seu povo ao longo de toda sua história. É isso que quer fazer o autor deste texto. 
Mons. Dr. Pascual Tekeyan

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