Devoção mariana toda voltada à alegria da Virgem maria na ressurreição de Jesus
A cada ano, celebramos, a festa de «Nossa Senhora dos Prazeres ou das Alegrias», culto mariano antiquíssimo na história da Igreja, em particular em Portugal e no Brasil.
Uma devoção iniciada em Portugal no séc. XV teve sua popularidade com a liturgização no séc. XVI em três cidades lusitana: Lisboa (1566), Braga (1598) e Évora (1607). Tais cidades, a começar por Braga e Lisboa no séc. XVI, criaram liturgias próprias seguidas por Évora no séc. XVII. A tradição portuguesa estabeleceu que a festa de NSP seria celebrada na 2ª – feira da Pasquela, isto é, depois do Domingo in Albis, o atual 2º Domingo da Páscoa. O tema central desta devoção é a «Alegria de Maria na ressurreição de seu Filho» segundo a tradição portuguesa. Toda a fundamentação litúrgica portuguesa se fundamenta nas Escrituras e na Patrística sobre esta pia devoção.
A história desta devoção mariana foi motivo de Tese doutoral [1] ao qual encontramos surpresas históricas, teológicas e litúrgicas e totalmente desconhecidas em Portugal e no Brasil.
Mas a pia devoção às alegrias pascais de Maria também eram celebradas na Espanha em 1536, França em 1652 e na Itália com títulos diferentes. Na Espanha e França na cidade de Valencia a festa se chamava «Festa da Primeira Aparição de Cristo ressuscitado á Virgem»; na Itália, que possui a tradição espanhola muitas localidades no sul do país dedicam procissões com variados títulos. Nesta procissão a imagem do Cristo ressuscitados se encontra coma Virgem dolorosa, dai as vestes de dor de Maria se mudam em vestes de alegria.
Por incrível que pareça, esta tradição está também enraizada na Terra Santa, em particular ao lado do Santo Sepulcro, onde existe uma Capela franciscana, dedicada à «Aparição de Cristo ressuscitado á sua Mãe», datada de 1380. Existia uma liturgia própria até o final do séc. XIX. Mas perdura do séc. XIV a devoção popular com hinos específicos e atualmente uma procissão vespertina sob este tema.
No Brasil, encontramos o culto a Sancta Maria Gaudiorum (título latino tradicional a Santa Maria dos Prazeres em Portugal) na cidade de Vitória, no Estado do Espírito Santo. Por falta de investigação histórico-teológico, litúrgico-mariológico, hoje este culto se chama Nossa Senhora da Penha que também celebra a festa da «Alegria de Maria na ressurreição de seu Filho» na 2ª feira da segunda semana da Páscoa (Pasquela). A história conta que o franciscano, Fr. Pedro Palácios, trouxe da Espanha em 1558, um quadro de Nossa Senhora com o Menino Jesus, sob o título de Nossa Senhora dos Prazeres. Infelizmente as coisas no Brasil são, mudam as coisas sem nenhum critério mariológico.
No Brasil existem cerca de 15 paróquias dedicadas a Nossa Senhora dos Prazeres, além de algumas capelas e altares. Só duas delas celebram sua festa na antiga tradição no período da Páscoa: em Vitória, Estado do Espírito Santo (1558) e nos Montes Guararapes (1656). As outras localidades brasileiras oscilam em festejar Nossa Senhora dos Prazeres nas festas litúrgicas da Assunção (15 de Agosto) e Natividade de Maria (8 de Setembro).
[1] DA SILVA, DOM RAFAEL MARIA FRANCISCO. A fundamentação teológica do culto a Sancta Maria Gaudiorum (Nossa Senhora dos Prazeres). História, Tradição, Liturgia e Arte. Nonsolocopia: Roma 2008, pp. 250. Dom Rafael Maria,osb é Doutor em “Mariologia” pela Pontifícia Faculdade Teológica
Marianum-Roma e Postulação para Causa dos Santos, pela Congregação da Causa dos Santos – Cidade do Vaticano. Leciona um «Curso de Mariologia» via internet,
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