quinta-feira, 4 de março de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “Caminho da Igreja”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Igreja divino-humana.
 
A Igreja é divina e humana. Como Corpo de Cristo tem seu Senhor como cabeça e vida do corpo e como membros àqueles que creram. Ela é santa e pecadora. Santa pela parte de Cristo que a constituiu, e pecadora por parte dos membros que a constituem. É marcada pela fraqueza, sujeita a errar e pecar. S. Paulo diz que quer “apresentá-la santa e sem mancha” (Ef 5,27). Digamos que há mais virtudes que pecados. Há mais de um bilhão de cristãos batizados e tantos que procuram a verdade e a justiça. Mas é preciso reconhecer as próprias faltas. A virtude é comprovada pelas inúmeras beatificações e canonizações realizadas todos os anos.
Equilíbrio na Igreja.
Pedro e Paulo são um grande exemplo. Ambos tiveram suas falhas. Pedro negou, Paulo perseguiu. Ambos deram sua vida por Cristo numa suprema prova de amor. Ambos pregaram o evangelho e deram-se as mãos em sinal de fraternidade. Paulo foi humilde de confrontar seu ensinamento com Pedro. Mas foi amigo chamar a atenção de Pedro quando agiu com duplicidade (Gl 2,14). Todos na Igreja são responsáveis por que o corpo de Cristo corresponda sempre mais à cabeça e seja um testemunho mais puro do Evangelho. Todos devem estar atentos e assumir corajosamente seu lugar como membros vivos da Igreja. 
As chaves de Pedro. 
A Igreja tem o serviço da autoridade no lugar de Jesus. O Papa, os bispos, sacerdotes representam mais claramente este ministério. O Papa é o servidor maior do povo de Deus, tanto que sempre assinava: servo dos servos de Deus. O Papa pode definir sem erro as verdades da fé e da moral. O bispo não é delegado do Papa para as dioceses. Ele é legítimo sucessor dos apóstolos e cabeça da Igreja em que é pastor. Tem autoridade. De onde tiram esta autoridade? Do serviço humilde de Jesus na última ceia. Alguns acham que são Jesus com o chicote na mão. Confundem autoridade com domínio. Nisto também os padres e os “donos das igrejas” são bons seguidores. Não é este o caminho de Jesus. Quem sabe devêssemos repensar o modo de agir para que a Igreja manifeste uma face de Jesus. 
O dedo de Paulo. 
Caridosa, mas coerentemente, Paulo chama a atenção de Pedro (Gl 2,14). Justamente aí podemos sair em defesa da Igreja porque tanto Papas, como bispos e padres, também eles, precisam de conversão e podem errar em certas coisas. Esta instância do profetismo não tem existido ultimamente na Igreja. Ela é purificadora. Na Igreja há muito poder das chaves e pouco dedo de Paulo. Ouvimos reclamações contra bispos e padres com respeito ao autoritarismo. Paulo ficou meio fora da direção da Igreja porque ele é este estímulo à conversão de determinados pecados aos quais ousamos dar o nome de virtudes. Fazemos a política eclesiástica e dizemos que foi o Espírito Santo. Coitado! É preciso corar diante de certas afirmações que fazemos. Os primeiros cristãos tinham coragem de ser irmãos e levar seus padres e bispos a serem mais iguais a Jesus o bom pastor.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM JUNHO DE 2003

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