PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Se há um acontecimento que possa ter ares de importância, nós dizemos: vamos comemorar! Juntos assamos uma carninha, tomamos algum refrigerante, passamos umas horas juntos para dizer que estamos felizes e que estamos unidos. Selamos nossa aliança. Assim Deus fez também ao longo da história: Aliás, a refeição sagrada é uma constante em todas as religiões. Deus quando se encontrou com Moisés, convidou para um banquete com os 70 anciãos (Ex 24,11). Banquetear-se, mesmo que seja num lanche discreto, é celebrar a vida, é ter a dimensão de eternidade: Deus é nossa eterna festa. O próprio Jesus, ao deixar a memória de sua morte e ressurreição, institui o banquete da Eucaristia. Sem festa, jamais entenderemos o projeto de Deus. Festa é fraternidade na alegria. O profeta Isaias (25,6-10), no grande projeto para todo mundo, simboliza num grande banquete a abundância para todos. Este banquete é oferecido na Cidade Santa, o monte de Sião. O projeto de Deus eliminará toda dor e enxugará toda lágrima. O projeto de salvação não é só espiritual, mas atinge todas as dimensões do homem.
Jesus conta a parábola do grande banquete para explicar que toda profecia de Isaias se realiza no Reino que anuncia e instaura. A história de Israel torna-se o modelo da parábola. Deus sempre convidou o povo de Israel para viver este Reino, participar do grande banquete, mas houve uma recusa e até a morte dos profetas. O Reino vos será tirado e dado a outros, vimos no domingo passado. Agora o banquete do reino é oferecido a todos os que não fazem parte dos convidados ricos de sempre. A missão da Igreja é abrir a todos os povos o Reino de Deus. O fechamento judaico não entendeu esta sua missão universal.
O banquete que Jesus quer oferecer a todos tem como alimento seu corpo e seu sangue. Corpo que Ele entrega, sangue que derrama. Comer a carne de Cristo e beber o seu sangue não é ritual somente a ser executado, com fazemos com a missa, mas é um símbolo a ser assumido como nossa vida. Nosso modo de ser e viver, depois de comungar seu Corpo e Sangue, é repetir no mundo sua história: ser fraterno, colocar nosso corpo e nosso sangue, isto é, toda nossa vida para que todos tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10,10). Sem estar disposto a repetir em nós Jesus, não conseguiremos entender o que somos como cristãos. Isso começa com o pequeno gesto de amor e os pequenos serviços de doação.
Mas é preciso usar a veste própria no banquete da parábola, quer dizer, vestir a camisa do Reino. “Recebe esta veste branca”, diz o ritual do batismo. Esta vida boa do Reino não cai do céu, mas depende da ajuda de uns aos outros, como fazem com Paulo. Isto é a fonte de toda a riqueza. E na dificuldade, há uma riqueza: a força de Deus. Tudo posso naquele que me dá força (Fl 4,13). Ele é Pastor que nos conduz como diz o salmo 22. Ele nos guia. O grande banquete é seguir Jesus. Sem festa, morre o dinamismo do Reino.
(Leituras: Isaías 25,6-10;
Filipenses 4,12-14.19-20; Mateus 22,1-14).
Homilia ao 28º Domingo do Tempo Comum
EM OUTUBRO DE 2002
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