terça-feira, 17 de novembro de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “Para você, quem sou Eu?”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Lendo o Evangelho de S. Mateus
, continuamos a conhecer como deve ser a vida do discípulo de Jesus. Ele, através de suas diversas palavras mostra onde se fundamenta o bem viver de cada pessoa que se decide por Ele. Jesus faz aos discípulos uma pergunta muito intrigante: “E vós, quem dizeis que eu sou?” É curioso que Jesus pergunte o que o povo pensa dele. A gente gosta de saber o que os outros pensam ou falam da gente. O que pede, não é opinião pessoal, mas quer provocar uma decisão. Quer saber o que Ele significa para mim pessoalmente. Sem esta reposta o cristão, o discípulo de Jesus, não passa de um belo balão. Não tem conteúdo.
Jesus pergunta aos discípulos “quem vós dizeis que eu sou”. Pedro, como que pulando à frente de Jesus, responde antes de todos: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo”. Jesus diz que não foi a carne que revelou isso a Pedro, mas o Pai. A fé não provém da natureza humana como um bom sentimento, mas vem de Deus como um dom. A fé não é um bom desejo que fica por isso mesmo. Pedro, proclamando que Jesus é o Filho de Deus, torna-se da Igreja. Não só suas palavras ou sua fé intelectual, mas sua pessoa. Aqui entramos na dinâmica da encarnação de Jesus: Tudo nEle tem a dimensão espiritual, mas revestida da nossa carne. Os sacramentos também exigem a matéria. Por isso sobre ele que professa a fé, funda-se a Igreja. A ligação com Deus passa igualmente por esta dimensão, pois ele pode dizer: “Tudo que ligares na terra será ligado no Céu”. 
Nossa fé, mesmo sendo muito purificada, tem nosso jeito de ser. É uma fé que tem minha cara, porque está revestida de minha realidade pessoal. Sou eu quem diz que Jesus é o Filho de Deus. Mas, não podemos nos esquecer de que ela não é algo secundário. Ela é também fundamento da Igreja, com Pedro. Pedro, em seu nome tem o mesmo nome de pedra (Cefas). E Pedro, em sua primeira carta afirma: “Vós, como pedras vivas, constituí-vos em um edifício espiritual” (2.5). Não somos alicerce, mas estamos na construção e também formamos a Igreja. Sem a minha e a nossa fé pessoal, não haveria Igreja que se fundamenta na pedra da profissão de Pedro, apoiados na pedra angular que é Cristo. Temos a fé nEle. 
Quem tem a fé, como Pedro, é um apoio seguro, uma estaca bem fixa, como anuncia a primeira leitura (Is 22,22) Esta fé faz-nos perceber a profundidade de nosso relacionamento com Deus. Tudo é dele, por Ele e para Ele. Por isso Paulo pode exclamar: “Ó profundidade da riqueza, da sabedoria e da ciência de Deus” (Rm 11,33). 
A importante vocação do catequista é, então, transmitir aos iniciantes esta certeza da fé em Jesus e uma vida coerente com esta fé. Os primeiros catequistas são os pais e irmãos. Os demais catequistas são auxiliares e ajudam na formação daqueles que não tem ainda a fé esclarecida. Agradecemos a todos os que ajudam na formação do povo de Deus. (Leituras: Isaias 22,19-23; Romanos 11,33-36; Mateus 16,13-20)
Homilia do 21º domingo do Tempo Comum
Em agosto de 2002

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