terça-feira, 13 de outubro de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “Por que estais olhando para o alto?”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Quando rezamos
olhamos para o alto, ou fechamos os olhos, ou nos retiramos a um lugar distante do “barulho”. Estas não parecem ser uma posição ideal para rezar, pois os próprios Anjos perguntam: “Por que ficais aí parados olhando para o céu? Este Jesus que vos foi levado para o céu virá do mesmo como o vistes partir para o céu”. A partida de Jesus não tira o sentido de nossas vidas. Aliás, é a indicação clara de nossa maturidade suficiente para viver o evangelho que deixou e capacidade de anunciá-lo como mandou. 
A Ascensão de Jesus mostra-nos dois perigos e dá duas indicações: A vida cristã que tem a cabeça só no Céu, vai acabar perdendo a cabeça. Mas se só coloca os pés no chão vai acabar tropeçando ou atolando. É necessário ser cristão na dimensão espiritual e ao mesmo tempo na dimensão humana e material. Jesus fala de ser fermento na massa e luz do mundo. A santidade cristã para ser justa e equilibrada, ou melhor, para ser santidade, tem que coordenar as duas realidades que existiram em Jesus: divindade e humanidade. É a parábola do Samaritano: faz a caridade concreta. Amar a Deus e amar ao próximo é um só mandamento, não dois mandamentos diferentes. Quem ama a Deus ama também seu próximo. 
A santidade do leigo, de modo particular, não é dizer coisas santas, rezar, fazer devoções. É também, mas, em primeiro lugar, é transformar o mundo através de sua vida, de seu trabalho, de sua família, de seus negócios, de suas diversões. O leigo participante não é aquele que vive na Igreja ajudando o padre. É também. Mas o é sobretudo quando lá no seu mundo, distante da Igreja, sem às vezes dar nenhum sinal de religião, vai lentamente mudando as estruturas pecaminosas que acontecem em estruturas evangelizadas. Há tantos que assim o fazem. 
Por outro lado não podemos perder o rumo do caminho que Jesus fez para chegar ao Pai e ao lugar onde Ele se encontra. A espiritualidade é necessária para sustentar o cristão no seu mundo. Esta espiritualidade vai se basear em levar ao mundo em ele que vive, a densidade de seu encontro com Deus na Igreja, na oração pessoal, na sua participação e mesmo nas experiências mais profundas de diálogo com Deus. O homem alto é aquele que dobra os joelhos. Mas é preciso ser capaz de dialogar com Deus no mundo em que se encontra. Ali é seu altar. Quando vier ao altar da Igreja, vai trazer as riquezas e misérias do altar do bezerro de ouro, em torno do qual ele trabalha sem se macular. Então o cristão que participa está fora do lugar? Está fora se não sabe levar para o campo aberto aquilo que aprende dentro da Igreja e da comunidade. Quando você fizer o exame de consciência, pergunte o que está fazendo de bom e de construtivo no mundo que o rodeia. 
TEXTO/ARTIGO EM MAIO DE 2002

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