sexta-feira, 2 de outubro de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “A civilização do amor!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
O homem não se mede tanto pelo que consegue realizar, mas pelas metas que tem em sua vida. Nisto realiza sua perfeição: buscar sempre. Este foi o processo que Jesus viveu em sua vida: abrir uma estrada que levasse as pessoas à plena realização de todo o seu ser e existir. Jesus acreditou no seu caminho e por ele deu a vida. Deu a vida porque o caminho era sua vida: “Eu sou o caminho a verdade e a vida”. O que eu creio é minha estrada. O que vivo é minha verdade. Meu caminho é minha vida. Minha vida é Jesus. Ele não quis um muito perfeito com tudo bem organizado. Não pediu que tudo fosse certinho, mas que fosse se acertando. Não exigiu perfeição, propôs como meta. Não exigiu que fossemos diferentes, mas que nossa diferença seja o grau de amor que colocamos em tudo o que somos. 
O tempo pascal tem a finalidade de fazer-nos degustar à saciedade o prazer de sentir-se amado por Deus e mais ainda, prazer de levar vida a quem nos exige um pouco doação. A primeira apreciação sobre os primeiros cristãos é que eram admirados por todos. Outros diziam: vede como se amam!. Amar-se não é simplesmente gostar-se. É doar-se como vida. Não exageremos os termos, pois doar a vida é colocar vida em tudo o que fazemos. Colocar vida não é mais do dar sentido de serviço mútuo a nossos gestos e atitudes. Mais vale um copo d’água dado com desprendimento e atenção que tomar atitudes bombásticas que logo depois se diluem. Havia uma frase que dizia: é mais rico descascar batatas por amor de Deus que construir catedrais. 
Espera-se muito dos cristãos, exige-se muito. Deve-se, contudo, cobrar de cada um de nós que em tudo que fazemos seja marcado pela fundamental atitude de doação e de serviço. Não é preciso encontrar novas formas, novos gestos. São os atos do dia a dia que serão esta novidade total. Para ser cristão não é preciso inventar novidades. Basta ser o que se é com a profundidade do amor. Assim se construirá a “civilização do amor”. Lentamente esta civilização mudará o mundo. Vivemos um tempo de muita espiritualidade, mas, entrando em contato com estas pessoas chamadas santas, podemos notar que não existe a dimensão do amor que procura os necessitados, os pobres e os sofredores. Fazemos bonito fora de casa, mas em casa falta o essencial a doação amorosa e a mútua entrega no pequeno serviço e no gesto humilde e oculto. 
A civilização do amor não é uma utopia, quase impossível, mas é a construção que podemos fazer no dia a dia. Somente assim teremos condições de responder ao mundo explicando a esperança de que somos animados. O cristão na fala. Faz. Se fala muito acaba por não fazer. A todos nós que somos muito espirituais, tenhamos a certeza de que vale a pena ser fiel ao gesto amoroso e aberto ao mais necessitado. 
ARTIGO EM 16 DE ABRIL DE 2002

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