quarta-feira, 20 de maio de 2020

Santa Aurea de Óstia, mártir – 20 de maio

Santa Áurea é comemorada no Martirológio Jeronimiano em 20 de maio; no Martirológio Romano ela é recordada em 24 de agosto com um breve relato da passio.     Esta Santa é patrona e protetora de Óstia, cidade da Itália. Na Antiguidade Óstia era o principal porto de Roma e uma cidade romana de relevância, cujos restos arqueológicos continuam a ser de grande valor patrimonial da Antiguidade.
     As fontes dos mártires de Óstia Tiberina são a tradução latina de um antigo manuscrito grego conservado no Vaticano e publicado por Simão de Magistris em 1795, e outra versão original latina, anterior à primeira, que contém ligeiras variações em confronto com a tradução do grego, e que pode ser encontrada na Acta Sanctorum, Augustus IV, p. 757 ff.
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     Acta martyrum ad Ostia Tiberina narra o martírio de alguns cristãos naquela cidade portuária. O redator, anônimo, reuniu em um só texto os nomes de alguns mártires, entre eles importantes expoentes do clero de Óstia, que na realidade sofreram o martírio em épocas diferentes, por exemplo, Censorino, um dos protagonistas, sofreu o martírio dezenas de anos antes de Áurea; enquanto Taurino, Herculano e Hipólito foram martirizados anos depois dela.
     Os eventos têm lugar na cidade de Óstia em uma comunidade cristã que girava em torno de uma jovem nobre romana que se chama Chryse (Crisa) em grego, e Áurea em latim (“dourada” em ambos os casos). Era imperador Cláudio, o Gótico (268-270).
     O relato inicia falando de Censorino um “comandante militar com autoridade de juiz (prefeito)”, que era cristão em segredo. Ele visitava os cristãos encarcerados e lhes levava comida. Descoberto, foi levado diante de Cláudio que o obrigou a sacrificar aos deuses. Como ele se negasse, foi mandado para a prisão militar de Óstia.
     Nesta cidade vivia Áurea, que já havia sofrido algo da perseguição: quando se descobriu que ela era cristã, seus bens haviam sido confiscados, fora exilada de Roma e vivia em Óstia em uma pequena propriedade que lhe deixaram, em comunidade com outras virgens e outros cristãos.
     Áurea visitava Censorino na prisão, levava-lhe comida, cuidava de suas feridas. Alguns companheiros cristãos a acompanhavam e fizeram grandes milagres diante dos guardas da prisão. As notícias chegaram ao imperador Cláudio que pensou que estavam fazendo magia negra e tomou medidas contra aquela comunidade cristã, especialmente contra “a sacrílega Áurea, que ofuscou sua linhagem dedicando-se a práticas mágicas”.
     Em resumo, podemos sintetizar a tradição hagiográfica concernente a Áurea, como segue: No tempo de Cláudio, ela foi aprisionada e interrogada pelo próprio imperador, e depois de ser torturada, foi exilada em Óstia e confinada em sua propriedade. Mas, foi novamente aprisionada e torturada, sendo por fim lançada no mar com uma pedra no pescoço. O seu corpo, levado para a praia pelas ondas, foi sepultado por Nonno em 29 de agosto de um ano não preciso.
     As relíquias da Santa têm um percurso claro o que autentica a existência histórica da mesma. Depois de permanecer enterrada fora da cidade de Óstia, seus restos foram transladados posteriormente para Roma, para as catacumbas de São Saturnino na Via Salaria; finalmente, em 1735, foram levados definitivamente para Albano, para a igreja das Irmãs Oblatas de Jesus e Maria, onde são expostos à veneração pública em uma urna com a inscrição: “Ossos de Santa Áurea, virgem e mártir, padroeira de Óstia”.
Basílica de Sta. Áurea, Óstia
     Em 1981, um fragmento de mármore encontrado próximo à igreja de Santa Áurea contém uma importante inscrição funerária. Uma cópia deste fragmento permanece na capela da igreja, enquanto o original é custodiado no castelo de Óstia. A inscrição diz: Chryse hic dormit – Aqui jaz Crisa (como vimos, Crisa é a versão grega do nome da Santa). Outra inscrição, datada do século V, diz: “S.Aur” – Santa Áurea.
     Em 1693, o cardeal Alderano Cybo fez uma comemoração à mártir, com o seguinte texto: “No ano de Jesus Cristo, 229, sob Urbano I e o imperador Alexandre Severo, Áurea, virgem romana de nobre família, pela fé de Cristo foi torturada barbaramente: encarcerada por 7 dias sem comida nem bebida, impávida se apresentou diante do juiz desprezando as ameaças. Flagelada, torturada, golpeada, com as costelas fraturadas, foi lançada ao mar com uma pedra ao pescoço, merecendo a coroa do martírio glorioso que o Senhor lhe preparou eternamente.
     O Cardeal Alderano Cybo, bispo de Óstia, em 24 de agosto de 1693, renovou a lembrança perdida que narra onde padeceu morte para que não morra a fama de sua santidade.
     Existia em Óstia uma igreja dedicada à Áurea na qual os papas Sérgio I (m. 701), Leão II (m. 8l6) e Leão IV (m. 855) fizeram sucessivas restaurações; nela foi sepultada Santa Mônica (m. 387), mãe de Santo Agostinho.
     A antiga igreja de Santa Áurea, ampliada no final de 1400, quando Baccio Pontelli construiu um castelo e a incluiu no cinturão de defesa, é hoje a catedral da diocese suburbicária de Óstia.
Interior da Basílica

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