segunda-feira, 2 de março de 2020

ÂNGELA DA CRUZ Religiosa, Fundadora, Santa (1846-1932)

Nasceu nos arredores de Sevilha em 30 de Janeiro de 1846, tendo sido baptizada no dia 2 de Fevereiro seguinte na paróquia de Santa Luzia. Pouco tempo teve de escola, aprendendo a escrever, algumas noções de aritmética e catecismo. Apesar da sua pobreza, desde pequena se habituou a partilhar os bens da sua casa com os mais pobres. Na família aprendeu a rezar o Terço e a celebrar o mês de Maio, dedicado à Virgem Maria. Manhã cedo, acompanhava seu pai para a oração do Terço; em 1854 fez a Primeira Comunhão e recebeu a Confirmação no ano seguinte. Começou a trabalhar aos doze anos numa sapataria, onde também se rezava o Terço, diariamente; ali começaram as suas experiências místicas. Começou a ensinar a sua profissão a outras meninas numa instituição chamada "As arrependidas", em Sevilha. O seu confessor ajudou-a a encontrar a sua vocação: ser monja. Por falta de saúde, não foi admitida no Carmelo fundado em Sevilha por Santa Teresa de Jesus, mas em 1868 entrou como Postulante nas Filhas da Caridade do Hospital central de Sevilha, de onde foi trasladada para Cuenca, com melhor clima para a sua saúde. Em 1870 teve de abandonar definitivamente a Instituição. Teve de viver como "monja sem convento", voltou ao seu trabalho, aceitou a orientação do seu director espiritual, escrevendo os seus pensamentos e desejos da alma, até descobrir a sua vocação perante uma Cruz: a fundação de um Instituto que, "por amor de Deus, abraçasse a maior pobreza, para poder ajudar os pobres".
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Com essa intuição, redigiu um projecto, com uma dimensão caritativa que a levasse a identificar-se com os menos afortunados: "fazer-se pobre com os pobres". Depois de participar na Santa Missa, instalou-se com outras três mulheres, num quarto alugado, onde tinham lugar principal um Crucifixo e um quadro da Virgem das Dores. Nasciam as Irmãs da Cruz. As casas da "Companhia" deviam ter um ambiente de limpeza, saudável alegria e contida beleza, com estilo simples para mulheres simples, afastadas da grandiosidade, mas com ar de doçura, de modo a que todas sentissem uma nova maneira de querer Deus e os pobres. Começaram a recolher meninas órfãs, as casas começaram a crescer, atendiam as pessoas na sua própria casa, pediam esmola com uma das mãos e distribuíam-na com a outra. Em 1879 foram aprovadas as primeiras Constituições pelo Bispo diocesano, tendo como carisma a oração, a austeridade, contemplação e alegria no serviço dos pobres. Depressa se estenderam por toda a Espanha, chegaram à Itália e à América. Madre Ângela encontrou-se com o Papa Leão XIII na beatificação de João de Ávila e de Frei Diogo de Cádiz, mas o assinatura do decreto de aprovação da Companhia só foi assinado por Pio X, em 1904. A Irmã Ângela foi nomeada Superiora-Geral, reeleita por quatro vezes, destacando-se pelas suas virtudes de naturalidade e simplicidade. Em 7 de Julho de 1931, foi atacada por uma trombose cerebral que a levaria à morte nove meses depois. Apesar de paralizada, mais procurava agradar do que incomodar. Faleceu em 2 de Março de 1932 e Sevilha passou durante três dias diante do seu cadáver. A Câmara Municipal celebrou uma Sessão extraordinária para elogiar a Irmã Ângela e deu o seu nome a uma rua da Cidade. O seu corpo encontra-se incorrupto na Capela da Casa Mãe. Foi beatificada por João Paulo II em 5 de Novembro de 1982, e canonizada pelo mesmo Papa, em Madrid, em 4 de Maio de 2003.

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