Evangelho segundo São Mateus 3,13-17.
Naquele tempo, Jesus chegou da Galileia e veio ter com João Baptista ao Jordão, para ser batizado por ele.
Mas João opunha-se, dizendo: «Eu é que preciso de ser batizado por Ti, e Tu vens ter comigo?».
Jesus respondeu-lhe: «Deixa por agora; convém que assim cumpramos toda a justiça». João deixou então que Ele Se aproximasse.
Logo que Jesus foi batizado, saiu da água. Então, abriram-se os céus e Jesus viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e pousar sobre Ele.
E uma voz vinda do Céu dizia: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência».
Tradução litúrgica da Bíblia
São Jerónimo(347-420)presbítero,
tradutor da Bíblia,
doutor da Igreja
Comentário sobre Mateus,III,13-16;SC242
O batismo de Jesus
«Naquele tempo, Jesus chegou da Galileia e veio ter com João Batista ao Jordão, para ser batizado por ele». O Salvador recebeu o batismo de João por três razões. A primeira, porque, tendo nascido homem, queria cumprir todas as prescrições da lei, incluindo as mais humildes; a segunda, para sancionar o batismo de João por meio do seu batismo; a terceira, para manifestar, santificando a água do Jordão pela descida da pomba, a vinda do Espírito Santo aquando do batismo dos fiéis.
«Deixa por agora»: diz «agora» para mostrar que, se Cristo devia ser batizado na água, João devia sê-lo por Cristo no Espírito. Outro sentido: «Deixa por agora» porque Eu, que assumi a forma de escravo, quero viver toda a humildade dos escravos. Mas também, ficas a saber que, no dia do Juízo, tu terás de ser batizado no meu batismo. «Deixa por agora», diz o Senhor, também Eu tenho um batismo com o qual tenho de ser batizado [o batismo da Paixão]; tu batizas-Me na água para que Eu te batize no teu sangue [em referência ao batismo de João pelo martírio].
«Convém que assim cumpramos toda a justiça». Não acrescentou que se tratava da justiça da Lei nem da justiça da ordem natural, para que incluíssemos as duas. Se Deus recebeu o batismo de um homem, ninguém deve julgar-se indigno de recebê-lo de um companheiro de servidão.
«Então, abriram-se os céus e Jesus viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e pousar sobre Ele»: o mistério da Trindade manifestou-se neste batismo. O Senhor foi batizado, o Espírito Santo desceu com o aspeto de uma pomba e ouviu-se a voz do Pai dando testemunho do Filho. Os céus abriram-se, não porque os elementos se tenham afastado: os céus abriram-se aos olhos do espírito, os olhos com os quais também Ezequiel os viu abertos, como relata no começo do seu livro (Ez 1,1). A pomba veio poisar sobre a cabeça de Jesus para que não pensássemos que a palavra do Pai era acerca de João, e não de Jesus.
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