PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 51 ANOS CONSAGRADO 44 ANOS SACERDOTE |
Deus visita seu povo
O Advento nos traz a figura magnífica de João Batista, o Precursor. Ele vem adiante de Jesus para preparar seu caminho e apresentá-Lo. Veio para preparar ao Senhor um povo perfeito (Lc 1,17). Ele tem consciência de sua missão. O evangelista Marcos colhe a dimensão dessa missão: é um profeta enviado por Deus. Jesus o chama de o maior entre os nascidos de mulher, mais que um profeta (Mt 11,11). Vem anunciar a presença do Messias prometido. Prepara os caminhos para Deus vir ao mundo na pessoa de seu Filho Jesus. Nesse sentido se entende que João é a realização da profecia de Isaias. Esse grande profeta anuncia a vinda de Deus para a libertação do povo. Deus vem glorioso para levar os exilados de volta à pátria. Deus é o pastor que conduz esse povo, não por um deserto inóspito e cheio de serpentes, como foi a peregrinação do povo no Egito, mas num caminho verdejante e sombreado. Como pastor o conduz com carinho. João não prega um caminho através do deserto que floresce, mas um caminho aberto nos corações para a chegada do Messias. João pregava a conversão dos pecados. Essa conversão era acompanhada de um rito exterior de um banho ritual. Não se trata de nosso batismo, pois é para conversão e penitência. Seu batismo era símbolo daquele que devia vir depois, feito no Espírito Santo. Jesus também foi receber esse Batismo. Depois o Pai “batiza-O no Espírito” apresentando-O como Filho amado. João é importante para entendermos a vinda de Cristo. Ele não é o Messias. É a última profecia sobre o Enviado de Deus.
Novos céus e nova terra
Pedro, em sua carta, escreve sobre a segunda vinda de Cristo com palavras e imagens fortes que chamamos de visão apocalíptica. Não se trata de ameaça, mas apelo à conversão. Hoje há muita ameaça de fim de mundo, mas pouco desejo de conversão para que o fim venha para nós como encontro com Deus. Alerta: “Caríssimos, vivendo nessa esperança, esforçai-vos para que Ele vos encontre numa vida pura e sem mancha e em paz” (2Pd 3,14). A espera não é uma desocupação angustiante. Quando estamos esperando algo importante, não temos serenidade para fazer outras coisas. Só ficamos esperando. Esperar é preparar os caminhos para Deus chegar. Pedimos na oração da missa que “nenhuma atividade terrena nos impeça de correr ao encontro do vosso Filho”. Isso é conversão conforme João Batista: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas estradas”. Não adianta sentar-se e cochilar, como fizeram as dez virgens”. É espera frutuosa na caridade. O mundo que vai ser bom não só no futuro distante, num paraíso impossível, mas agora para nós. É aqui que se faz a nova terra. O novo céu vai ser depois.
O Senhor vai falar
O tempo do Advento é orientado para ouvir o Senhor que vai falar. É paz que vai anunciar... a verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão” (Sl 84). Esse tempo é para ouvir. Esta é a atitude fundamental do católico. Não falar muito, mas dar tempo para o Senhor falar. A segunda vinda nos convida a contemplar o horizonte do mundo. A primeira vinda ensina a atitude de Maria e José: contemplar o mistério presente e fazê-lo vivo em nosso coração. Lucas revela essa atitude de Maria diante da visita dos pastores: “Maria conservava todos esses acontecimentos, e os meditava em seu coração” (Lc 2,19). Mesmo vivendo num mundo avesso a Jesus que nasce, nós queremos estar ali como José, Maria, algum curioso e os animais. Acolhamos sua vinda entre nós.
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