Em 1925, o Papa Pio XI instituiu a festa de Cristo Rei para fazer frente às crises em que vivia o mundo. Esta festa era celebrada no último domingo de outubro. A reforma litúrgica a transferiu para o último domingo do ano litúrgico. Antes tinha um caráter político para contrapor o Reinado de Cristo aos “reinos” desse mundo. A sociedade cristã se desfazia. Houve muito entusiasmo. O grito viva Cristo Rei era o grito dos mártires da revolução mexicana. A mudança tirou o aspecto mais político para colocar Cristo como meta de todas as coisas: “É preciso que Ele reine até que todos os seus inimigos estejam colocados debaixo de seus pés... Quando todas as coisas estiverem submetidas a Ele, então o próprio Filho se submeterá Àquele que submeteu todas as coisas, para que Deus seja tudo em todos” (1Cor 15,25-28). A realeza de Cristo diverge das realezas do homem. Nem deveríamos chamá-Lo de Rei, pois Ele é o Pastor que conduz e dá a vida pelas ovelhas. É no serviço aos outros que será feito o julgamento dos povos. Seremos julgados pelo que fizemos aos irmãos, ou não fizemos. O que o Juiz perguntará? Sintetizando: socorreram os necessitados em suas dificuldades? Que dificuldades? Fome, sede, saúde, migrante, prisioneiros, nús (símbolo da total miséria). São os problemas fundamentais do ser humano. Um bilhão sem a comida necessária. Meio bilhão não tem acesso à água potável. São sessemta milhões de refugiados. São dez milhões e quinhentos mil prisioneiros no mundo. O mundo está doente E quatrocentos milhões não têm acesso a tratamentos. O que fazemos a um necessitado é a Cristo que o fazemos. A garantia do Céu está em nosso modo de cuidar de Deus no outro.
Ele nos conduz
Como cuidamos de Jesus, cuidando de seus pequeninos, Ele cuida de nós que somos suas “ovelhas”. Nada deixa faltar. Ele é o bom Pastor. Como nos conhece bem, sabe do que precisamos, exige de nós o mesmo cuidado com os outros. Por isso é duro na cobrança de nossas atitudes e nossas opções vitais. O salmo do bom Pastor é o reverso do julgamento: cuida de cada um, dá condições de vida digna, água, alimento, segurança, carinho e cuidado. O profeta Ezequiel diz o mesmo o que canta o salmo: reúne, resgata nos dias de escuridão. Cuida, busca a ovelha perdida e a extraviada, enfaixa a de perna quebrada trata bem das ovelhas fortes. E aplica a justiça na sua defesa. A imagem que Deus sugere de Si a nós, é da águia que leva os filhotes sobre as asas (Dt 32,11). O cuidado de Deus para com seus pequeninos é a escola para a vida da Igreja e para a preparação do grande julgamento. Aí poderemos ouvir as palavras: “Vinde benditos de meu Pai! Recebei como herança o Reino que o Pai vos preparou desde a criação do mundo” (Mt 25,34).
Tudo converge a Cristo
No cristianismo primitivo ainda havia dificuldade em aceitar muitas doutrinas porque estavam ainda marcados pelas filosofias dominantes. Por isso Paulo insiste sobre a ressurreição de Jesus e a ressurreição de todos. É só nela que toma sentido toda a obra de misericórdia que nos é ensinada pelo evangelho. A ressurreição de Cristo tem efeitos na ressurreição das misérias do homem. Sempre pensamos que a ressurreição só se dirige a corpos. Ela está em todos os momentos da vida. “Em Cristo todos reviverão”. Mais ainda: “O último inimigo a ser vencido é a morte” (1Cor 15,22.26). Quanto mais salvamos o homem que sofre, mais o conduzimos Cristo em sua ressurreição. Estamos brincando de religião e fé, quando não fazemos como Jesus ensinou sobre como devemos agir no amor.
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