quinta-feira, 18 de julho de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - Visão da Glória

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
Purificado o olhar da fé 
No primeiro domingo da Quaresma contemplamos as tentações de Jesus. A apresentação das tentações permite sentir a fragilidade de Jesus e a insegurança sobre a vida cristã. Os discípulos, vendo o sofrimento e a morte de Jesus, necessitavam de contemplar também sua glória para superar todo sofrimento. Agora vivemos a serenidade de sua transfiguração. Estava tão bom que Pedro disse: “É bom estarmos aqui”. Nossa fé não é só passar por tentação. “É alegria e paz no Espírito Santo” (Rm 14,17). Esse evangelho mostra o futuro glorioso da Ressurreição, depois de passada a Paixão dolorosa. Jesus se mostra transfigurado e glorificado. Assim serão seus discípulos. Um ensinamento do evangelho é a centralidade de Jesus no Novo Testamento: “Aparecem Moisés e Elias falando com Ele” (Mt 17,3). Jesus de agora em diante é a Lei e a Profecia. Não há outro a ser ouvido. Certamente os primeiros cristãos ainda estavam ligados demais à lei antiga. Isso se nota no desejo de Pedro de construir três tendas, quer dizer, viver ainda o Antigo Testamento. A Transfiguração é uma alerta aos cristãos que querem fazer um cristianismo com o espírito do Antigo Testamento sem a novidade de Jesus. O Pai ensina que agora, quem fala é Jesus, o Filho Amado. Por isso, “escutai-O!”. A vida cristã é um processo de transformação. Purificado o olhar de nossa fé (oração), nós vamos à verdade de Jesus. Não podemos fazer um cristianismo sem Jesus, baseado só em fórmulas, idéias e teorias. Cristianismo é aceitação de uma pessoa muito concreta: Jesus. É Ele que deve orientar nossa vida. Toda espiritualidade deve partir do conhecimento de Cristo e da transformação de nossa vida na sua. 
Vocação Santa 
A vida cristã tem como vocação nossa transformação em Cristo. A partir do momento em que aceitamos Jesus, iniciamos essa transfiguração. O que aconteceu com Jesus é figura da Ressurreição. Sua Ressurreição em nossa vida realiza esta transfiguração. Já participamos na terra das coisas do céu (pós-comunhão). Não vivemos de novidades, mas batalhamos como Jesus o fez. Ele sempre fez o que o Pai mandou fazer (Jo 5,36). Sofremos pelo Evangelho, como Paulo convida a Timóteo: “Sofre comigo pelo evangelho, fortificado pela graça de Deus” (2Tm 1,8b). O sofrimento não é a dor, mas o empenho de crescer e se transformar em Cristo. O processo de transformação é interior e silencioso. Deus age em nós no silêncio de seu Espírito. Ele nos conforma a Cristo de modo a sermos uma apresentação viva de sua pessoa e missão. Todo agir será modelado a partir dessa experiência pessoal. Não se doa totalmente quem não foi totalmente transformado. 
Ouvir o Filho 
Rezamos: “Alimentai nosso espírito com vossa palavra... para que nos alegremos com a visão de vossa glória” (Oração). A solução que o evangelista Mateus sugere para superar a tentação de voltar atrás é ouvir a Palavra do Filho. Ouvindo a Palavra participamos do amor que o Pai tem pelo Filho, o Dileto. A transformação é realizada pelo esforço, mas também pela graça. Esta é o fruto dos sacramentos que celebramos, de modo particular a Eucaristia. “Estas oferendas nos transfiguram interiormente para celebrarmos a Páscoa” (oferendas). Celebrar a Páscoa em cada Eucaristia é ser transformado para continuar a missão de anunciar. Superada a primeira “crise” da Quaresma que foram as tentações, somos estimulados e celebrar com intensidade a Ressurreição, preparando-a através da celebração dos sacramentos pascais, Batismo, Crisma e Eucaristia.

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