Evangelho segundo São João 17,20-26.
Naquele tempo, Jesus ergueu os olhos ao Céu e disse: «Pai santo, não peço somente por eles, mas também por aqueles que vão acreditar em Mim por meio da sua palavra,
para que eles sejam todos um, como Tu, Pai, o és em Mim e Eu em Ti, para que também eles sejam um em Nós e o mundo acredite que Tu Me enviaste.
Eu dei-lhes a glória que Tu Me deste, para que sejam um, como Nós somos um:
Eu neles e Tu em Mim, para que sejam consumados na unidade, e o mundo reconheça que Tu Me enviaste e que os amaste como a Mim.
Pai, quero que onde Eu estou, também estejam comigo os que Me deste, para que vejam a minha glória, a glória que Me deste, por Me teres amado antes da criação do mundo.
Pai justo, o mundo não Te conheceu, mas Eu conheci-Te, e estes reconheceram que Tu Me enviaste.
Dei-lhes a conhecer o teu nome e dá-lo-ei a conhecer, para que o amor com que Me amaste esteja neles, e Eu esteja neles».
Tradução litúrgica da Bíblia
São João Cassiano(c.360-435)
fundador de mosteiro em Marselha
Conferências, n.°10, 6-7; PL 49, 827
«Para que o amor com que Me amaste esteja neles,
e Eu esteja neles»
O Salvador dirigiu a seu Pai esta prece pelos seus discípulos: «para que o amor com que Me amaste esteja neles, e Eu esteja neles»; e ainda: «que eles sejam todos um, como Tu, Pai, o és em Mim e Eu em Ti, para que também eles sejam um em Nós». Esta prece há de realizar-se plenamente em nós quando o perfeitíssimo amor com que Ele nos amou (1Jo 4,10) for o próprio movimento do nosso coração, em cumprimento desta prece do Senhor [...].
Isto acontecerá quando todo o nosso amor, todo o nosso desejo, esforço, procura e pensamento, tudo aquilo que vivemos e de que falamos, tudo o que respiramos, outra coisa não for senão Deus; quando assimilarmos, na alma e no coração, a unidade presente do Pai com o Filho e do Filho com o Pai – isto é, quando, imitando finalmente a caridade verdadeira, pura e indestrutível com que Ele nos ama, a Ele nos unirmos também por uma caridade contínua e inalterável, e a Ele estivermos tão ligados que a nossa respiração, o nosso pensamento e a nossa linguagem mais não sejam que Ele e só Ele. Alcançaremos assim, por fim, [...] o que o Senhor na sua prece desejava ver cumprir-se em nós: «que eles sejam todos um, como Tu, Pai, o és em Mim e Eu em Ti, para que também eles sejam um em Nós» e «Pai, quero que onde Eu estou, também estejam comigo os que Me deste».
A isto está destinado aquele que na solidão ora, a isto deve levar todo o seu esforço: à graça de possuir, já desde esta vida, a imagem da futura bem-aventurança, como uma antecipação, no seu corpo mortal, da vida e da glória do Céu.
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