segunda-feira, 6 de maio de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Não tenhais medo”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA-REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
O pequeno rebanho. 
No caminho para Jerusalém, para cumprir o que o Pai lhe dera como missão, Jesus instruiu os discípulos. Tem em volta de si um pequeno grupo de discípulos que O segue. A eles Jesus dirige essa palavra: “Não tenhais medo, pequeno rebanho, pois foi do agrado do Pai dar-vos o Reino” (Lc 12,32). Mesmo numa situação de fragilidade, eles são a presença do Reino no mundo. São estimulados a estarem despojados para viver o Reino. O tesouro que lhes é proposto é guardado nos céus aonde o ladrão não chega nem a traça corrói. Ali estará também o coração que é a sede de todos os afetos e esperanças (Lc 12,33-34). O pequeno rebanho também deve ser vigilante. É necessário estar sempre pronto para poder ir ao encontro do Senhor quando vier. É preciso estar pronto, pois o Senhor pode vir a qualquer momento. A vida do pequeno rebanho deve ser organizada em vista da vinda do Senhor. Os discípulos mantêm a vigilância na espera de sua vinda que está próxima. E o fazem vivendo os valores do Reino. Não esperam desocupados. Paulo chama a atenção dizendo: “Quem não quer trabalhar, também não deve comer” (2Ts3,4). É uma vigilância ativa. O Senhor virá como um ladrão. “Vós também, ficai preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos O esperardes” (Lc 12,40). O discípulo é alertado a assumir sua condição e corresponder ao muito que lhe foi dado. Essa correspondência não se trata somente de encargos, mas da responsabilidade para com o Reino. Este é o muito que nos foi dado. É preciso corresponder. 
Páscoa e vigilância. 
O livro da Sabedoria traz um belo texto sobre a Páscoa que celebra a espera e a vitória. Refletindo sobre a vigilância, lembramos que ela foi celebrada durante a noite numa situação difícil. Era o momento em que os primogênitos dos egípcios eram mortos e os filhos dos santos, isto é, o povo, preservados. “A noite da libertação fora predita… ela foi esperada como salvação para os justos e perdição para os inimigos” (Sb 18,6-7). A celebração da Páscoa na saída do Egito tem a característica de espera da libertação e vitória sobre o inimigo opressor. Ensina-nos que ela liberta e é destruição do mal que afeta os filhos de Deus que é o pecado, isto é, a recusa do Reino. A Páscoa celebrada através do ritual do batismo é purificação do mal, infusão da Vida Divina e introdução na comunidade dos justos. É sempre a vinda do Senhor. 
Fé como espera. 
Os pais de nossa fé esperaram, confiaram e viram os prodígios de Deus. Jesus disse que “Abraão viu o meu dia e se alegrou” (Jo 8,56). A carta aos Hebreus faz uma bela reflexão sobre sua fé. Ensina que os patriarcas tiveram a fé, viveram na fé, não viram a realização, mas nem por isso desanimaram. Sua fé garantia a certeza da realização das promessas de Deus. Por isso a definição de fé está unida à esperança: “A fé é um modo de possuir já o que ainda se espera e a convicção cerca de realidades que não se vêem” (Hb 11,1). Assim lemos sobre Abraão: “Foi pela fé que Abraão obedeceu à ordem de partir para uma terra que devia receber como herança, e partiu sem saber para onde ia” (id. 2). Vivendo da fé, podemos esperar que o Senhor venha. A fé nos faz viver essa presença através de nossa vida renovada. A celebração da Eucaristia é sempre um anúncio dessa vinda quando dizemos depois da consagração: “Vinde, Senhor Jesus”. Temos que recuperar a noção de esperança que se firma na vigilância.

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