quarta-feira, 17 de abril de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “A leveza da Cruz”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
Fonte acessível a todos 
Depois de refletirmos sobre o pecado e a graça, somos evangelizados a conhecer o caminho de Jesus através do convite ao seguimento. A Paixão de Cristo, com toda a razão, foi sempre vista como momento de maior dor. A dor sofrida em sua Paixão e o caminho doloroso que percorreu torna-se um convite a todos. O profeta Zacarias nos oferece uma reflexão sobre esses acontecimentos: “Derramarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de graça e de oração” (Zc 12,10). Mesmo no meio dos sofrimentos e do pranto pelas desgraças sofridas, “haverá uma fonte acessível à casa de Davi e os habitantes de Jerusalém par ablução e purificação”. A Paixão de Cristo a que somos chamados a assumir como nossa é fonte de graça, de vida, de purificação e de culto a Deus pela oração. A fé, como explica Lucas em 9,18-24, nos coloca em atitude de seguimento de Jesus. Só segue Jesus quem crê que Ele é o Cristo (Lc 9,20). Crer significa seguir na rejeição e na Ressurreição. Seguir significa renunciar a si mesmo. A renúncia a si mesmo não é destruição ou desmerecimento da pessoa humana, mas justamente a maior conquista de si mesmo por estar completo e poder ir além de si mesmo. Desse modo se pode seguir Jesus com força. Não se perde a vida, mas se ganha. Tomar a cruz não é entrar em um processo de sofrimento, e sim encontrar a abertura para a vida plena. Os homens e mulheres que conquistaram o mundo e fizeram um caminho para outros, foram justamente os quem mais se perderam, por isso, se ganharam. Beberam das fontes abertas no lado de Jesus e se transformaram em distribuidores dessa água de vida e purificação. A vida só cresce quando damos vida. 
Sede de Deus 
A profissão de fé de Pedro em Jesus não se esgota em uma frase, mas é um processo de vida que se desenvolve. É fundamental o crescimento espiritual expresso pelo salmo 62 quando nos traz o que acontece em quem escolhe Jesus: “Minha alma tem sede de vós, como a terra sedenta, ó meu Deus”. A sede de Deus se expressa na busca apaixonada de tudo que se refere a Cristo. A busca de Jesus não é a procura de um pronto socorro para todas as necessidades. É sede da Pessoa de Jesus e da vida Ele que oferece. Como sem água perecemos, sem Ele morremos. O primeiro sinal de morte é não precisar dessa água. O despojamento de tudo vence o obstáculo para nos revestimos Dele. O despojamento se torna um enriquecimento, pois quando mais vazios de nós mesmos, mais podemos nos “encher” de Cristo a ponto de termos a força de tomar sua cruz, perder a vida para alcançar o Tudo. Por Ele vale a pena toda entrega. 
Revestir-se de Cristo 
Revestir-se não com um manto que simbolize Cristo, mas revestir-se interiormente, como Paulo explica que esse revestimento se faz a partir do Batismo. Ele nos mergulha na sua vida. Por isso a busca de Deus não é só elevar-se espiritualmente. É uma opção de vida e não uma atividade espiritual. Viver em Cristo requer a fé, mas também a atitude de vida tomando sua cruz, sabendo perder tudo por Ele para tê-Lo. A espiritualidade de fazer atos bons e ter uma fachada de santidade não preenche o que pede Jesus. Ele nos quer por inteiro. A fragilidade da fé está no fato de não termos entendido ainda a proposta de Jesus. Cuidamos bem das aparências quando nosso interior ainda não se converteu.

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