quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Os discípulos creram Nele”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA-REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
O vinho novo 
Encerramos o Tempo do Natal com o Batismo e iniciamos o Tempo Comum. O 2º Domingo Comum é especial. Todos os anos, neste domingo, celebramos a manifestação de Jesus aos discípulos. João usa palavras que mostram a fé dos discípulos: os discípulos creram Nele ou, em outras palavras, seguiram-No. Este domingo é como a passagem da Manifestação para o seguimento de Jesus a partir da fé e nos faz percorrer um evangelista fazendo um caminho espiritual. Jesus participa de um casamento em Caná, juntamente com os discípulos e Maria, sua Mãe. Provavelmente eram parentes. Maria percebe que o vinho acabara e diz a Jesus: “Eles não tem mais vinho”. A resposta de Jesus parece grosseira, pois a chama de mulher. Mulher, no hebraico é o termo nobre e respeitoso. Senhora. “Mulher, por que dizes isso? Minha hora ainda não chegou”. A primeira frase, na raiz hebraica (semita) é muito educada e diz muito do relacionamento de Jesus com Maria, que podemos traduzir: “Nós sempre nos entendemos”; ou “a senhora sabe o que eu penso”. “Minha hora não chegou”. A Hora de Jesus é sua Morte e Ressurreição. Fora outras interpretações, podemos dizer: A Hora da Glorificação ainda não chegou, por isso pode fazer o milagre para manifestar sua Glória. Maria não espera outra palavra e diz aos empregados que fizessem tudo o que Jesus dissesse. A palavra que pode parecer grosseira é esclarecida pela atitude de Maria para com os empregados quando diz: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). Passando à nossa vida temos a chamada a fazer o que Jesus diz para que tenhamos a mudança de água para o vinho. A conclusão do texto explica o sentido do milagre: “Esse foi o início dos sinais de Jesus. Ele o realizou em Caná. Manifestou sua glória e seus discípulos creram Nele” (1Cor 12,11). 
O sabor do vinho 
Jesus mandou que enchessem de água os potes destinados à purificação que os judeus costumam fazer. Jesus não realiza um milagre de fazer o vinho do nada. Transforma a água em vinho e manda servi-lo. Eram uns seiscentos litros. Temos aqui uma passagem do Antigo ao Novo Testamento. Jesus diz à samaritana que, quem bebe dessa água não mais terá sede (Jo 4,13). O Vinho Bom é servido pelo Esposo que agora é Jesus. Devemos ter consciência de que não vamos beber o vinho bom agora no dia a dia da vida, mas é reservado para o encontro na Glória do Céu. Quando buscamos as coisas do alto (Cl 3,1) antecipamos o gozo e o prazer que nos serão dados no Céu onde beberemos o Vinho do Espírito Santo (Ef 5,18). Ele transforma a festa de casamento no matrimônio de Deus com seu povo que se realiza pelo dom da fé que nos é dado. Sabemos que Deus é nossa alegria. 
A Mãe e a fé 
Esse momento em Caná tem a presença de Maria. Vemos ali o relacionamento existente entre Mãe e Filho. Dá-nos também a certeza da presença dessa Mãe em nossa vida, cuidando de nossas necessidades elementares. Mãe é mãe. Na Igreja temos sua presença como perpétuo socorro. Maria é símbolo da Igreja que deve sempre estimular as pessoas a ouvirem Jesus e beberem o vinho bom que Ele oferece que é a fé. Maria está presente no momento do primeiro ato de fé acontecido a partir dos sinais de Jesus. Estes sinais são os milagres para a fé. Ela está presente na vida de cada fiel para estimular à vida de fé. Não é possível desligar Maria da Redenção. Deus quis assim e assim vai ficar. Sem Maria temos o vinho, mas não o vinho bom tomado na união da comunidade.

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