sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Vem, Senhor!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
A grande tribulação
               No final do Ano Litúrgico e início do Advento, refletimos sobre o fim dos tempos. Essa reflexão é chamada de escatologia. Quanto ao fim, a vinda de Cristo e a hora em que se dará, há sempre gente marcando datas. Jesus é claro: “Quanto àquele dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos, nem o Filho, mas somente o Pai” (Mc 13,32). Parece que Jesus quer dizer; vamos cuidar de viver bem. Então não interessa a hora. O texto é difícil por ser uma literatura diferente. Era muito usada naquele tempo, como vemos no livro de Daniel. Os primeiros cristãos, diferentemente de nós, viviam fortemente o sentido da vigília e da espera. Não podemos interpretar esses sinais a partir dos acontecimentos que vemos em nossa sociedade. Muitas vezes aconteceu a mesma coisa que ocorre agora e se dizia que era o fim e a vinda do Senhor. E não foi. Não é por aí que vamos interpretar. O Senhor que deve vir sobre as nuvens é o que vem sempre ao nosso encontro. Aquele Que Vem (ο ερχόμενος) é um nome de Jesus como, por exemplo, Cordeiro de Deus. Vir sobre as nuvens significa a glória de Deus. Estamos sempre clamando por sua vinda. Rezamos em cada Missa chamando Jesus para vir: “Anunciamos, Senhor, a vossa Morte e proclamamos a vossa Ressurreição, Vinde Senhor Jesus!” Por que ter medo se estamos chamando? Não há o que temer, pois “Ele enviará seus anjos aos quatro cantos da terra e reunirá os eleitos de Deus, de uma extremidade à outra da terra” (Mc 13,27). O fim não é para o castigo, mas para o prêmio. Há sempre um desejo profundo desse encontro com o Bom Pastor glorificado. O Senhor virá para nos levar com Ele. Não se trata de medo, mas de viver para que Deus seja glorificado por nossa vida. Ele: “O Céu e a terra passarão, mas minhas palavras não passarão” (Mc 13,31).
Aprendei da figueira
            O salmo 15 nos dá confiança e segurança: “Meu destino está seguro em vossas mãos” (Sl 15,5).  A segurança é dinâmica e nos envolve em atitudes de responsabilidade com o Reino. Por isso Jesus manda que olhemos os sinais dos tempos. Como nós sabemos discernir o que há na natureza (nisso os antigos eram mestres), saibamos também discernir a presença do Reino de Deus e sua vinda para o meio de nós no que acontece pelo mundo. Hoje não é mais a figueira, mas o conjunto dos acontecimentos. Não se trata de apressar o fim, mas de levar o Reino a penetrar todas as estruturas sociais. A imagem da figueira é de vida nova, com os novos ramos cheios de vitalidade. Por isso o profeta Daniel escreve: “Os que tiverem sido sábios e os que tiverem ensinado a muitos homens o caminho da virtude brilharão como as estrelas, por toda a eternidade” (Dn 12,3). O compromisso de fé é atual. O Reino está entre nós. É necessário criar uma espiritualidade para o tempo de espera no momento atual. Vivemos espiritualidades do passado.  Temos que responder para o mundo da descrença, do desrespeito à vida, dos problemas atuais.
Único sacrifício
            Imortalidade está unida a Cristo que venceu. Ao contrário dos sacrifícios do Antigo Testamento que eram sempre repetidos e sem o efeito desejado, o sacrifício único de Cristo perdoou o pecado. Foi assim glorificado e está à direita do Pai. “Não lhe resta mais senão esperar até que seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés” (Hb 10,13). Agora é a hora da implantação do Reino e a destruição do mal que penetra as estruturas  do mundo. O Reino precisa de nossa dedicação. Jesus não está concorrendo com outros poderes.
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