Ao
iniciar a celebração, rezamos: “Afastai de nós todo obstáculo para que,
inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço (Oração). Para esse
serviço de caridade e de culto há um caminho a ser percorrido. É o caminho que Jesus
fez e nos convidou a segui-Lo. O evangelho nos traz uma cena conhecida, mas de
forte significação. Contemplemos a cena: Jesus está diante da sala do tesouro
onde se recolhiam as ofertas para o culto divino. Observa que os ricos davam
grossas ofertas e uma viúva que deu algumas moedas. Jesus chama os discípulos e
faz um ensinamento a partir do fato. O texto que apresentar os dois tipos de
religiosidade: aquela de fachada na qual a pessoa quer aparece com belas vestes
e belos gestos para se mostrar e aquela da pobrezinha que se faz na humildade,
na simplicidade, na sinceridade e generosidade. Sua oferta acontece na
totalidade. Deus quer a nós e não nossas coisas. Deus não mede a quantidade,
mas a qualidade. Jesus observa que os ricos dão muito, mas do que sobra, o
resto. Deus vira saco de lixo. Agradamos a Deus e Lhe prestamos culto quando
nos damos inteiros a Ele. Deus quer a sinceridade a não a incoerência. Os
doutores da lei, isto é, os entendidos e donos da religião, dão grandes
esmolas, mas incoerentes. Sua prática religiosa está mais na ostentação. Mas “eles
devoram as casas das viúvas fingindo fazer longas orações” (Mc 12,40). Esse tipo
de “fariseus” continua presente e com grandes aplausos. São religiosos e leigos
que se fazem donos da religião nas comunidades. São a regra e não aceitam
regras.
A
força na fragilidade
Mulheres idosas, viúvas, sem futuro, são as misses das Sagradas
Escrituras. Realizam o protagonismo evangélico e fazem a diferença no mundo
feminino. A beleza passa, a grandeza da mulher comprometida com Deus e com a
vida das pessoas não se perde com os anos. Sem nada, são capazes de
multiplicar. E ainda são vítimas da exploração, inclusive dos piedosos que
Jesus fustiga por suas incoerências (Mc 12,40). Deus sustenta o órfão e a viúva (Sl 146). É a confiança
absoluta da viúva de Sarepta que dá ao profeta seu último pãozinho acreditando
em sua Palavra. Não lhe faltaram a farinha e o óleo. A viúva da qual comenta
Jesus, deu o que era seu sustento. Deu-se toda a Deus. O que a viúva deu
correspondia ao salário de um dia de um trabalhador. Deu a vida, dando seu
alimento. Naquele dia ela não comeu. Mas confiava no Senhor.
Uma
vez por todas
A segunda leitura explica o sacerdócio de Cristo
dizendo que Ele entrou no Santuário celeste uma vez só e para sempre. O Sumo
Sacerdote judeu devia entrar todos os anos com o sangue de animais. Jesus com o
próprio sangue entrou uma vez por todas no Céu, com o sacrifício de Si mesmo
destruindo o pecado. Assim voltará uma segunda vez, para salvar os que Nele
esperam (Hb
9,24-28). A entrega que Jesus faz de Si, confiando no
Senhor “que faz justiça aos oprimidos” (Sl 145), é
simbolizada pela viúva pobre que faz sua entrega a Deus. Não temeu ficar sem
nada por ter entregue totalmente sua vida. Não deu restos a Deus. A oferta da viúva simboliza também a oferta
de Jesus que se doa totalmente. Por sua pobreza ficamos ricos (2Cor 8,9). Este
é o caminho da Páscoa. Celebrando a Paixão de Cristo, possamos viver seu
mistério.
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