quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “O Reino das Crianças”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA-REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
O Reino de Deus começa em casa
Jesus era constantemente provocado pelos inimigos que desejavam pegá-lo em alguma interpretação falsa da lei de Deus. Desta vez foi o divórcio. Perguntam a Jesus se era permitido ao homem divorciar-se de sua mulher. Jesus perguntou: “O que Moisés ordenou?”. Respondem: “Moisés permitiu escrr uma certidão de divórcio e despedi-la” (Mc 10,1-4). Jesus disse que fora por causa da dureza de seus corações que Moisés escrevera esse mandamento. E acrescentou voltando à pureza original da lei: “No entanto, desde o começo da criação Deus os fez homem e mulher. Por isso o homem deixará seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne... Portanto, o que Deus uniu o homem não separe” (Mc 10,5-9). Jesus lhes faz ver o matrimônio na sua origem que é no próprio Deus. O matrimônio está ligado à criação da humanidade: “Serão os dois uma só carne”. A criação do casal está unida ao próprio ser de Deus: “E Deus fez o homem à sua imagem, e os fez homem e mulher (macho e fêmea)”. Ambos são uma só semelhança. Não se pode separar. Por isso o povo dizia muito: “casamento é um só”. Ele está unido ao desígnio Divino da criação para ser imagem de Deus. Lembramos que o Homem foi criado por Deus a sua imagem e semelhança. O mal, na busca de destruir o que é de Deus, plantou o desequilíbrio na estrutura do ser humano criado por Deus e atingiu de imediato o casal. Vemos que Adão já propõe o divórcio, pois em lugar de assumir seu erro, joga a culpa na companheira: “A mulher que me deste como companheira me deu a fruta e eu a comi". Fugiu da responsabilidade. Não pode haver divisão naquilo que é único. Quando diz uma só carne, está dizendo uma única realidade. Casamento não é um acaso da vida, mas a constituição base da pessoa. Um só será completo se estiver no outro como parte de seu ser
Dureza do coração
A bela narrativa bíblica da mulher ficou descaracterizada pela imagem de um Deus que trabalha como açougueiro com um osso. A palavra costela, contudo, não pode ser entendida somente como um osso. Nas línguas semitas indica também vida e também sentimento. O homem e a mulher só se tornarão adultos na medida em que souberem acolher seu eu que se encontra no outro. Aqui podemos entender porque logo a seguir temos a cena das crianças apresentadas a Jesus. As crianças são a esperança do Reino, fruto da família. O Reino é das crianças e dos que se fazem iguais a elas. O Reino de Deus no matrimônio se constitui quando um acolhe o outro como dom e se entrega como presente. É o mesmo relacionamento que Jesus tem com seu Pai. Jesus é o Filhinho do Pai amoroso.
O Senhor te abençoe
O salmo 127 nos mostra o resultado de um matrimônio completo mesmo na fragilidade do ser humano: “Feliz és tu que temes o Senhor, e trilhas seus caminhos... Tua esposa é uma videira fecunda, no coração de tua casa; teus filhos são rebentos de oliveira, ao redor de tua mesa”. O matrimônio é um bem para todos, não só para o casal. Por isso o salmo continua: “Ó Senhor, que venha paz a Israel, que venha a paz ao vosso povo”. Como o mal quis divorciar Adão e Eva quando diz: “a companheira que me destes me deu a fruta e eu comi”, assim a sociedade é contra a estabilidade do matrimônio. Vemos o péssimo resultado na sociedade. É preciso aprender com as crianças e também com Jesus que passou pelo sofrimento para conduzir todos à salvação. A vida do casamento só encontra sentido em Jesus. Nele, mesmo nos sofrimentos, encontramos a realização.
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