A entrada de Jesus em Jerusalém não
é simplesmente um fato de sua vida, mas é a realização da profecia de Zacarias
9,9 sobre o rei futuro: “Eis que teu rei vem a ti”, como outrora fizera Davi. O
rei monta um jumentinho, não um garboso cavalo de guerra. Ele vem em paz para
implantar a paz. Ele mesmo o diz: “Se neste dia também tu conhecesses a
mensagem de paz”. Por não aceitar esta paz, muitos males advirão (Lc
19,42-44).
Nesses próximos dias teremos os grandes acontecimentos de nossa Salvação. O
Domingo de Ramos é como que uma síntese: O Ressuscitado, que aparece
glorificado pelo povo, vai ser crucificado, morto e sepultado. Mas Deus O
ressuscitará. A Paixão não é o fim. A cerimônia tem origem primitiva na Igreja
de Jerusalém que celebrava os mistérios de Jesus, no lugar em que haviam
acontecido. Essa cerimônia passou para toda a Igreja. O povo saúda Jesus:
“Bendito seja o reino que vem, o reino de nosso Pai Davi! Hosana no mais alto
dos céus”(Mc 11,10). É um momento de reconhecer que
em Jesus o Reino, iniciado por Davi, agora chega à maturidade: abrir ao
descendente prometido que manterá o reino para sempre. Deus prometera a Davi
que sua família duraria para sempre. Essa profecia foi realizada em Jesus. O
reino de Jesus não é mais um reino terrestre: Em seu processo de condenação à
morte, Pilatos pergunta: “És o rei dos judeus?” Jesus responde: “Meu reino não
é deste mundo. Se meu reino fosse deste mundo, meus súditos teriam combatido
para que eu não fosse entregue aos judeus”. “Mas meu reino não é daqui” (Jo
18,32-36).
O mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus é a abertura desse novo e
eterno tempo de Deus. Eterno é o reino da justiça, do amor e da paz.
Abriu-me os
ouvidos
No segundo
momento da liturgia de hoje está centrado na reflexão sobre a pessoa de Cristo
que é o Servo profetizado por Isaias que carrega sobre si o sofrimento, a dor e
a humilhação. A oração da celebração dá-nos um porquê de todo esse momento de
sofrimento e dor: “... Para dar aos homens um exemplo de humildade, quiseste
que o nosso Salvador se fizesse homem e morresse na cruz. Dai-nos aprender o
ensinamento de sua paixão e ressuscitar com Ele em sua glória”. Quando se diz
exemplo, não é só um modelo a ser seguido, mas há uma união de vida. Ele é o
exemplar que devemos realizar em nós. Por isso a leitura de Isaías diz: “Ele me
desperta cada manhã e me excita o ouvido para prestar atenção como discípulo”.
O aprendizado não é só um conceito que aprendemos, mas uma vida que assumimos.
“Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mc
8,34).
O aprendizado une o discípulo ao Mestre para manifestá-Lo.
Esvaziou-se a si
mesmo
Ouvimos a
narrativa da Paixão do Senhor. Imensa é a dor, pois imenso é o amor. O amor de
entrega que Cristo demonstra, “não voltando atrás” (Is
50,5),
vem desde sua encarnação, como lemos na carta as Filipenses (2,6-11). Despojou-se da
demonstração de sua divindade, esvaziou-Se a si mesmo, assumindo a condição de
escravo tornando-Se igual aos homens. Humilhou-Se a Si mesmo, fazendo-Se
obediente até à morte e morte de Cruz. Por isso Deus o exaltou. A garantia de
nossa ressurreição está na certeza de nosso esvaziamento, abnegação e entrega.
Assim podemos afirmar como o centurião romano: “Na verdade, este homem era o
Filho de Deus”. Mesmo, sentindo-nos abandonados, temos a confiança que Jesus teve
ao dizer: em vossas mãos entrego meu Espírito.
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