quinta-feira, 18 de outubro de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Hosana ao Filho de Davi”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
Salve, Rei dos judeus
            A entrada de Jesus em Jerusalém não é simplesmente um fato de sua vida, mas é a realização da profecia de Zacarias 9,9 sobre o rei futuro: “Eis que teu rei vem a ti”, como outrora fizera Davi. O rei monta um jumentinho, não um garboso cavalo de guerra. Ele vem em paz para implantar a paz. Ele mesmo o diz: “Se neste dia também tu conhecesses a mensagem de paz”. Por não aceitar esta paz, muitos males advirão (Lc 19,42-44). Nesses próximos dias teremos os grandes acontecimentos de nossa Salvação. O Domingo de Ramos é como que uma síntese: O Ressuscitado, que aparece glorificado pelo povo, vai ser crucificado, morto e sepultado. Mas Deus O ressuscitará. A Paixão não é o fim. A cerimônia tem origem primitiva na Igreja de Jerusalém que celebrava os mistérios de Jesus, no lugar em que haviam acontecido. Essa cerimônia passou para toda a Igreja. O povo saúda Jesus: “Bendito seja o reino que vem, o reino de nosso Pai Davi! Hosana no mais alto dos céus”(Mc 11,10). É um momento de reconhecer que em Jesus o Reino, iniciado por Davi, agora chega à maturidade: abrir ao descendente prometido que manterá o reino para sempre. Deus prometera a Davi que sua família duraria para sempre. Essa profecia foi realizada em Jesus. O reino de Jesus não é mais um reino terrestre: Em seu processo de condenação à morte, Pilatos pergunta: “És o rei dos judeus?” Jesus responde: “Meu reino não é deste mundo. Se meu reino fosse deste mundo, meus súditos teriam combatido para que eu não fosse entregue aos judeus”. “Mas meu reino não é daqui” (Jo 18,32-36). O mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus é a abertura desse novo e eterno tempo de Deus. Eterno é o reino da justiça, do amor e da paz.
Abriu-me os ouvidos
            No segundo momento da liturgia de hoje está centrado na reflexão sobre a pessoa de Cristo que é o Servo profetizado por Isaias que carrega sobre si o sofrimento, a dor e a humilhação. A oração da celebração dá-nos um porquê de todo esse momento de sofrimento e dor: “... Para dar aos homens um exemplo de humildade, quiseste que o nosso Salvador se fizesse homem e morresse na cruz. Dai-nos aprender o ensinamento de sua paixão e ressuscitar com Ele em sua glória”. Quando se diz exemplo, não é só um modelo a ser seguido, mas há uma união de vida. Ele é o exemplar que devemos realizar em nós. Por isso a leitura de Isaías diz: “Ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido para prestar atenção como discípulo”. O aprendizado não é só um conceito que aprendemos, mas uma vida que assumimos. “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8,34). O aprendizado une o discípulo ao Mestre para manifestá-Lo.
Esvaziou-se a si mesmo
            Ouvimos a narrativa da Paixão do Senhor. Imensa é a dor, pois imenso é o amor. O amor de entrega que Cristo demonstra, “não voltando atrás” (Is 50,5), vem desde sua encarnação, como lemos na carta as Filipenses (2,6-11). Despojou-se da demonstração de sua divindade, esvaziou-Se a si mesmo, assumindo a condição de escravo tornando-Se igual aos homens. Humilhou-Se a Si mesmo, fazendo-Se obediente até à morte e morte de Cruz. Por isso Deus o exaltou. A garantia de nossa ressurreição está na certeza de nosso esvaziamento, abnegação e entrega. Assim podemos afirmar como o centurião romano: “Na verdade, este homem era o Filho de Deus”. Mesmo, sentindo-nos abandonados, temos a confiança que Jesus teve ao dizer: em vossas mãos entrego meu Espírito.
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