Quando entra em
Jerusalém, o Senhor chora sobre a cidade: “Ah! Se neste dia também tu
conhecesses a mensagem de paz” (Lc 19,42). Na primeira
leitura lemos que Deus faz aliança com Noé e coloca seu arco no céu. É o
arco-íris que lembra o arco de guerra. Deus quer a paz (Gn
9,13).
No Natal os Anjos cantam aos pastores: “Glória a Deus nas alturas e paz na
terra aos homens que Ele ama” (Lc 2,14). Paulo exclama:
“Deixai-vos reconciliar” (2Cor 5,20). O Messias veio
para trazer a paz e a reconciliação. Chamamos de Quaresma (40 dias) esse tempo
de preparação para a Páscoa para viver a reconciliação pela Morte e
Ressurreição do Senhor. As leituras nos levam a perceber a aliança que Deus fez
durante a história da salvação para culminar com a aliança selada com o sangue
do Filho. A salvação chega a nós e é explicada através de muitos símbolos. Na
leitura sobre o dilúvio entendemos que as águas nos purificam e a arca
simboliza o batismo que hoje é nossa salvação como nos explica Pedro (2Pd
3,21).
Neste quadro de aliança, surge a questão da tentação. É bom ser tentado, como
nos diz S. Agostinho: “Enquanto somos peregrinos neste mundo, não podemos estar
livres de tentações, pois é através delas que se realiza nosso progresso e
ninguém pode conhecer-se a si mesmo sem ter sido tentado. Ninguém pode vencer
sem ter combatido, nem pode combater se não tiver inimigo e tentações” (CCL
39,766).
As tentações de Cristo nos animam a não temermos. Ele foi realmente tentado,
como nós. “Ele nos representou em sua pessoa quando quis ser tentado... Em
Cristo tu eras tentado, porque Ele assumiu tua condição humana, para te dar a
sua salvação... Se Nele fomos tentados, Nele também venceremos o demônio...
Reconhece-te Nele em sua tentação, reconhece-te Nele em sua vitória” (Idem). Esta vitória
nos dá a paz e reafirma nossa aliança. Na oração, no texto original em latim,
dizemos sacramento da Quaresma. Como sacramento, não só lembra, mas torna
presente o mistério recordado e faz agir.
Vitórias sobre o
mal
Deus projeta uma
permanente aliança. Pendurou seu arco no céu e não quer mais castigar a terra.
Para superar as grandes tentações contra o projeto de paz de Deus, o esforço
humano procurará mudar de mentalidade, que significa converter-se. Certamente
não temos as belas tradições do passado. Houve um aprofundamento. Não ficamos
na periferia das questões, mas vamos a sua raiz. É a vitória sobre o mal. É a
Páscoa que se atualiza na vida de cada um. O profeta Joel é claro: “Rasgai os
vossos corações e não as vossas vestes” (Jl 2,13). Não bastam
atitudes exteriores, é preciso mudar a fonte do mal que nos domina. Aí sim
podemos assumir as atitudes bonitas da penitência, do jejum e outros. É preciso
encontrar modos que correspondam ao nosso mal. Rezamos: “Mostrai-nos Senhor
vossos caminhos, fazei-me conhecer vossa estrada” (Sl
24).
Uma comunidade
de vida.
No deserto Jesus
vivia entre os animais selvagens e os anjos O serviam. A comunidade tem
dificuldades que são selvagens. Mas temos também, nessa comunidade, o serviço mútuo
dos anjos que sevem. A Quaresma não é um exercício individual, mas uma comunhão
de vida no serviço fraterno, sobretudo para com os mais necessitados. É de se
pensar em tirar um pouco do que temos para dar aos que não o tem. Dar vida é o
que nos garante ter Vida. O tempo de
deserto para Jesus não era solidão, mas comunhão com o Espírito Santo. Daí
parte para evangelizar semeando a paz.
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