sábado, 6 de outubro de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “E transfigurou-se”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
Ouvir o Filho para transfigurar-se
            Os dois primeiros domingos da Quaresma são para nós uma síntese do Mistério Pascal de Cristo.  No primeiro fomos colocados diante da tentação, força do mal que Cristo também enfrentou. Ele venceu pela Palavra, pela humildade e por sua fiel adoração ao Pai. O mal e a morte não são invencíveis (1Cor 24-26). Jesus o fez na Ressurreição e será completo quando entregar o Reino ao Pai (24). Jesus se transfigura, com suas vestes brancas e brilhantes, símbolos de sua Ressurreição. A gloriosa transfiguração é uma demonstração de que a vitória já está Nele. Temos dois grupos de pessoas: o grupo de Moisés e Elias, simbolizando a lei e os profetas que falaram Dele. Os discípulos puseram Jesus entre eles. Vemos que o Antigo Testamento não é uma oposição a Jesus, mas uma preparação. A atitude de Pedro querendo colocar Jesus no Antigo Testamento e achar que tudo estava bom, era a tentação dos primeiros cristãos que não conseguiam romper com o passado. A aliança de Deus com Abraão, dando-lhe a descendência por ter obedecido, é a bênção para todas as nações da terra (Gn 22,18). Esta bênção é Jesus, o Filho amado do Pai sacrificado. Por ter obedecido, recebe a vida na Ressurreição, como Isaac é poupado e substituído pelo cordeiro. Jesus é o Cordeiro que nos substitui e nos une a Si em sua Ressurreição e Glorificação. Quando Pedro ainda falava, o Pai (simbolizado pela nuvem) se faz presente e proclama o Filho como Aquele que, de agora em diante é a lei e a profecia: “Este é meu Filho amado. Escutai o que Ele diz” (Mc 9,7). Não temos o problema dos primeiros cristãos, mas temos um problema que percorre os séculos: não ouvimos o Filho amado do Pai.
Desceram à planície
            Ouvir o Filho e obedecer sua palavra é participar de sua transfiguração do Filho e da bênção a todos os povos. A transfiguração de Jesus explica-nos como será nossa transfiguração por participarmos de seus sofrimentos e de sua morte. Vencer a tentação unido ao Cristo que foi tentado é ser transfigurado por sua Ressurreição. Viver a obediência de Abraão e de seu herdeiro, Jesus, é tornar-se também uma bênção. Continuamos na visão da glória, mesmo quando contemplamos o Cristo crucificado. Rezamos na oração da Eucaristia: “Alimentai nosso espírito com a vossa palavra, para que, purificado o olhar de nossa fé, nos alegremos com a visão da vossa glória”. Lavados dos pecados nos santificamos para celebrar os sacramentos pascais. Depois da maravilhosa transfiguração os apóstolos e Jesus desceram para a planície, para alimentar a vida do povo. Continuamos carregando fragilidades, mas na certeza da manifestação da glória. Ser transfigurado é transformar-se em ação de transformação do mundo das pessoas.
Participar das coisas do Céu
A vida cristã não é só mirar um futuro distante, mas caminhar orientando a própria vida pela palavra que ouvimos do Filho. Por isso rezamos no salmo: “Andarei na presença do Senhor na terra dos vivos” (Sl 115). Temos a certeza que Deus está ao nosso lado: “Se Deus é por nós, quem será contra nós? Deus, que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos daria tudo junto com Ele?” (Rm 8,31-34). A Transfiguração está a nos estimular a “ainda na terra, participar das coisas do Céu” (Pós-Comunhão). As celebrações da Quaresma são preparação para a Páscoa, não algo que vai acontecer, mas a participação dos mistérios de Cristo nas celebrações.
https://refletindo-textos-homilias.blogspot.com/
https://padreluizcarlos.wordpress.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário