quinta-feira, 11 de outubro de 2018

EVANGELHO DO DIA 11 DE OUTUBRO

Evangelho segundo São Lucas 11,5-13. 
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se algum de vós tiver um amigo, poderá ter de ir a sua casa à meia-noite, para lhe dizer: ‘Amigo, empresta-me três pães, porque chegou de viagem um dos meus amigos e não tenho nada para lhe dar’. Ele poderá responder lá de dentro: ‘Não me incomodes; a porta está fechada, eu e os meus filhos já nos deitámos; não posso levantar-me para te dar os pães’. Eu vos digo: Se ele não se levantar por ser amigo, ao menos, por causa da sua insistência, levantar-se-á para lhe dar tudo aquilo de que precisa. Também vos digo: Pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei à porta e abrir-se-vos-á. Porque quem pede recebe; quem procura encontra e a quem bate à porta, abrir-se-á. Se um de vós for pai e um filho lhe pedir peixe, em vez de peixe dar-lhe-á uma serpente? E se lhe pedir um ovo, dar-lhe-á um escorpião? Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que Lho pedem!». Tradução litúrgica da Bíblia 
São Boaventura (1221-1274) franciscano, 
doutor da Igreja 
Comentário ao Evangelho de São Lucas 
«Amigo, empresta-me três pães» 
«Se algum de vós tiver um amigo, poderá ter de ir a sua casa à meia-noite, para lhe dizer: "Amigo, empresta-me três pães, porque chegou de viagem um dos meus amigos e não tenho nada para lhe dar"»: segundo a inteligência espiritual, este amigo é Cristo: «Já não vos chamo servos, [...] mas a vós chamei-vos amigos» (Jo 15,15). Temos de nos aproximar deste Amigo de noite, isto é, no silêncio da noite, como fez Nicodemos, acerca do qual está dito: «Veio ter com Jesus de noite» (Jo 3,2). E isto porque, no silêncio da noite, temos de bater através da oração, como diz Isaías: «A minha alma suspira por ti de noite» (Is 26,9); ou porque é à noite que encontramos a tribulação, segundo Oseias: «Nas suas tribulações, levantaram-se de manhã cedo» (Os 5,15,LXX). Com efeito, o amigo que chega de viagem é o nosso espírito, que regressa a nós tantas vezes quantas se afastou em busca dos bens temporais. É o prazer que leva este amigo a afastar-se, mas a tribulação trá-lo de volta, como está dito mais adiante, em Lucas, a propósito do filho pródigo que se afastou por causa da luxúria e que regressou por causa da miséria (Lc 15, 11-32). Aquele que regressa entra em si mesmo, mas encontra-se vazio da consolação do alimento espiritual. É preciso, pois, ir pedir ao Amigo verdadeiro três pães para este amigo faminto, que o mesmo é dizer, a inteligência da Trindade, ou seja, o nome das três Pessoas, a fim de que o seu alimento se encontre no conhecimento do Deus único. Ou então, esses três pães são a fé, a esperança e a caridade, pelas quais é nomeada uma tripla virtude na alma. A esse propósito, está escrito no Livro de Samuel: «Segui¬rás o teu caminho até ao carvalho do Ta¬bor; aí encontrarás três ho¬mens que sobem para adorar a Deus em Betel, levando um três cabritos, outro três pães e o terceiro um odre de vinho» (1Sam 10,3), a fim de que assim se realize a graça e a trindade das virtudes pelas quais a imagem de Deus se forma na alma.

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